As pessoas estão se endividando não porque tiveram essa idéia, mas porque a dívida foi oferecida a elas de forma planejada, e elas não estavam preparadas para avaliar se podiam ou não contraí-las.
Nas últimas semanas de junho, recebi o telefonema de duas operadoras de cartão de crédito oferecendo um valor em dinheiro para eu fazer o que quisesse. E que, se eu aceitasse essa quantia, elas fariam uma simulação de quanto seria à prestação e, em seguida, fariam o depósito em minha conta corrente.
Quando observo esse comportamento de operadoras de cartão de crédito, dos bancos e do governo, vejo com clareza a raiz do problema de termos, neste momento, o aumento da inadimplência em geral e do endividamento das famílias brasileiras: a falta de conhecimento relevante sobre finanças.
As pessoas estão se endividando não porque tiveram essa idéia, mas porque a dívida foi oferecida a elas de forma planejada, e elas não estavam preparadas para avaliar se podiam ou não contraí-las.
As conseqüências das dívidas nas carreiras dos profissionais
Alguns governos ao redor do mundo, diante de uma contração econômica, aumentam o crédito aos consumidores (tradução: oferecem dívidas), na esperança de que comprem mais e, desse modo, a economia inicie novamente uma fase de expansão. No Brasil, esse pensamento, em geral, favorece setores industriais específicos, em vez de, por exemplo, promover uma reestruturação dos tributos – o que seria mais recomendado, tendo em vista que temos o pior sistema tributário do mundo.
Mas o ponto principal é que isso acarreta profundos problemas nas famílias, nas pessoas e em suas carreiras. Afinal, se o indivíduo estiver empregado, irá consumir um tempo precioso de sua vida pagando dívidas e, se perder o emprego, em pouco tempo ficará totalmente sem dinheiro. Pior é quando, em um ato de desespero, faz novas dívidas na esperança de pagar suas contas. Acaba em uma espiral descendente, perdendo até mesmo o patrimônio conquistado arduamente. Isso é assim no Brasil e em outros países.
Endividar-se não é o melhor caminho para desenvolver-se, e não ajuda o indivíduo a pensar em outras formas de aumentar sua renda. Para isso, é necessário que se interesse por uma esfera fundamental de sua vida: a econômica. Sua carreira vive e se desenrola nesse ambiente, portanto, conhecê-lo faria o profissional ter maiores chances de ser bem-sucedido.
A dívida que coloca dinheiro no seu bolso
A exceção é quando faz uma dívida para adquirir algo que colocará dinheiro no seu bolso: um curso que lhe permita uma certificação fundamental para desenvolver o trabalho e incrementar suas receitas, uma casa ou escritório que compre para colocar para alugar, enfim, algo que irá gerar mais recursos do que a dívida que contraiu. Se a pessoa se endivida para consumir ou para fazer um investimento que dará um resultado menor que a soma que ela deve, o dinheiro termina e a dívida fica para ser paga.
Não é necessário ser um gênio em matemática para fazer essas contas. Mas é preciso força de vontade e maturidade para esperar para ter as coisas almejadas. Algumas empresas e indivíduos (cuidado com os amigos!) irão tentar seduzi-lo, para que acredite que o certo é você ter agora e pagar depois. Portanto, o mundo e as pessoas estariam em melhores condições se fossem alfabetizados financeiramente.
Tenha interesse por finanças!
Acreditar que o mundo financeiro é complexo e que não há como ser compreendido faz com que muitos não se interessem em conhecê-lo com a profundidade necessária para gerir sua vida adulta. E ficam à mercê daqueles que se aproveitam desse seu desconhecimento (tradução: governo e bancos). Nestes mais de dez anos como coach de executivos, o que observo são duas conseqüências terríveis da falta de educação financeira:
Em primeiro lugar, as dívidas, mas também os juros, a inflação e a aposentadoria, consomem renda e riqueza das pessoas. E, em segundo, elas despendem um tempo enorme de vida envolvidas com questões econômicas que lhes parecem incompreensíveis e perdem o foco de seus sonhos. Sentem-se empobrecidas e limitadas em sua própria existência.
Nos casos piores, são destruídas por essas questões e sentem-se fracassadas em definitivo. A carreira profissional não deveria ser sobre isso.
Até que as dívidas os separem...
Sei que isso é uma questão de foro íntimo, mas amor e finanças não andam bem juntos sem conhecimento sobre o tema. Em geral, sem essa instrução, duas pessoas unidas acumulam dívidas elevadas com carro, moradia, filhos e lazer. Em alguns casos, são provocadas por negócios que, no passado, deram prejuízos a um dos cônjuges. Nesse contexto, por mais que o casal ganhe, nunca é o bastante. Principalmente se for um dinheiro ganho exclusivamente por meio de suas carreiras como empregados. Pela mesma dificuldade passam pessoas que pagam dívidas que foram provocadas por seus pais, irmãos, outros familiares e, em alguns casos, amigos.
Sua carreira é seu maior investimento, cuide bem dela!
O momento econômico atual é muito delicado. A menos que você faça uma dívida para adquirir ativos que coloquem dinheiro no seu bolso, não a contrate. Endividar-se para consumir não é a melhor estratégia para ter o que você deseja. Eduque-se financeiramente, aprenda a investir e a ter renda passiva, então, terá melhores condições de consumir e ajudar, de fato, o Brasil. Você precisa de muitos anos para ter conhecimento e prática com investimentos. Contudo, o tempo dedicado a lidar com esse tema, fundamental para sua sustentabilidade econômica, ainda é muito melhor que o tempo das carreiras profissionais que tenho visto sendo desperdiçado no pagamento de dívidas
Sílvio Celestino é sócio-fundador da Alliance Coaching e autor do livro "Conversa de Elevador – Uma Fórmula de Sucesso para sua Carreira".
Fonte: Carreiras.Emprego
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