Recentemente li um livro com este título, do economista Nate Silver. Entre várias ideias interessantes, escolhi uma sobre a qual escrevo hoje, para o portal da RH.com.br. Esta reflexão pode trazer aprendizados para a vida corporativa e pessoal, por isso a escolhi.
"Se na sua empresa atualmente estiver mais barato produzir conteúdo ou realizar processos, é porque vocês estão usando bem as informações e transformando-as em conhecimento. Se estiver mais caro, provavelmente vocês estão vendo sinais onde há só ruídos e estão desperdiçando tempo com pistas falsas".
Pensemos.
A tecnologia contribuiu muito para diminuir custos de produção de conteúdo e custo na execução de processos em nossas empresas. No entanto, é fato que em algumas empresas os custos aumentam a cada dia, e as operações nem sempre se tornam mais simples.
O que Silver propõe é uma reflexão sobre o quanto estamos conseguindo identificar sinais, percorrer o caminho que eles apontam, encontrar algo ali, aprender, transformar o que se descobriu em conhecimento e compartilhar dentro da empresa. Porque só dessa forma não corremos o risco de negligenciar aquele sinal, quando ele aparecer de novo. Se considerarmos o sinal como um simples ruído e o ignorarmos, ele aparecerá mais intenso no futuro e podemos não ter força para vencê-lo.
Ou o contrário: será que estamos considerando ruídos como sinais e perdendo tempo com eles? Acho que fazemos isso quase todo dia. Podemos enxergar tendências em um fato único. Podemos criar uma regra e complicar o processo, quando a situação deveria ser considerada apenas uma exceção. Podemos ficar frustrados por concluir que a insatisfação é generalizada, quando é só uma opinião isolada. Achar que os clientes estão adorando nosso serviço, quando foi só um elogio, de um cliente. É preciso olhar atento, análise do fato por algum tempo, sensibilidade e alguns números para dissociar ruído e sinal.
Na Companhia de Idiomas, houve um momento em que achamos que o fato de haver tantas franquias de idiomas no Brasil era um sinal de que os alunos queriam cursos formatados. Hoje vemos que era apenas um fato: investidores resolveram formatar cursos para multiplicar franquias. Não era necessariamente sinal do que o cliente estava buscando. Com o tempo e números, concluímos que o aluno, o cliente, a sociedade quase sempre vão preferir o serviço personalizado quando podem pagar por ele. Parece ser um sinal de que as pessoas ainda querem atenção, ainda querem se sentir importantes, e querem opinar sobre o produto ou serviço pelo qual estão pagando.
Na vida pessoal, podemos achar que quando algo não dá certo na primeira, segunda, terceira tentativa, é sinal de que não é para ser. Pode ser só uma sequência de ruídos, ou um sinal de que você não planejou direito, mas se planejar vai dar tudo certo, no tempo certo.
Tenho medo de achar que quando algo é difícil é um sinal para eu parar. Tenho medo de, bem nesta hora, meu medo e minha confortável acomodação se juntem, e gritem para eu desistir (afinal, há sinais suficientes de que aquela luta é em vão). Meu medo me engana com pensamentos bastante elaborados e racionais. Mas quando tenho coragem e o ignoro, aí vejo que medo é ruído.
Alvin Toffler, no livro Choque do Futuro, escreveu que "nosso mecanismo de defesa irá sempre simplificar o mundo de maneira que confirme nossa tendenciosidade".
Sim, podemos nos enganar no primeiro ruído, acreditando ser um sinal, só porque é mais confortável para nossa mente que assim o seja.
Como saber? Talvez usando o tempo que ainda temos na Terra para acumular aprendizados e não nos dispersando com os ruídos. Tentando entender que tem coisa que flui tão natural e lindamente, que parece "coisa de Deus". Mas que tem coisa "de Deus" que demora mais, que vem por caminhos tortuosos e obscuros, cheios de ruídos para que a gente se engane e desista, dizendo que enxergou sinais.
E desistir também pode ser um ato de bravura. Ao interpretar todos os sinais de que é hora de parar, de que a felicidade (que só depende da gente mesmo) está em outro lugar, ao termos certeza de que tentamos por vários caminhos mas estamos mesmo aliviados por simplesmente parar de seguir aquela trilha. O coração sabe. E a razão ajuda muito, quando não é escrava do medo de falhar.
Que nossas carreiras e vidas tenham ruídos e sinais. Que tenhamos sabedoria para interpretá-los, descartando os ruídos e aprendendo com os sinais.
Rosangela de Fátima Souza - Fundadora e sócia-diretora da Companhia de Idiomas, empresa especializada em cursos de idiomas in company, consultoria em idiomas e traduções. Também é fundadora e sócia-diretora da plataforma multilateral ProfCerto (www.profcerto.com.br). É tradutora-intérprete, especialista em Gestão Empresarial com MBA pela FGV e Docência de Nível Superior da FGV. Desenvolveu projetos acadêmicos sobre expansão por franquias no segmento de idiomas, planejamento estratégico e indicadores de desempenho para pequenas empresas. Recebeu vários prêmios, como Mulher de Negócios, 100 Melhores Fornecedores para RH, Fornecedor de Confiança e o MPE Brasil do SEBRAE. Atualmente está montando um grupo de Escolas Associadas, no segmento de ensino de idiomas in company, juntamente com a Brava Training do Rio e a KLC Idiomas de Campinas.
Fonte: RH
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