Após nove altas, Banco Central já havia sinalizado interrupção do processo.
Com decisão, BC confirma aposta dos economistas do mercado financeiro
Com decisão, BC confirma aposta dos economistas do mercado financeiro
Após longa reunião, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) interrompeu nesta quarta-feira (28) o ciclo de alta dos juros da economia brasileira ao manter estável em 11% ao ano a taxa básica de juros, chamada de Selic.
Quando o ciclo de elevação começou, em abril do ano passado, os juros estavam na mínima histórica de 7,25% ao ano. Desde então, avançaram 3,75 pontos percentuais. Durante os 13 meses desse processo de alta, houve nove elevações seguidas da Selic.
A decisão do BC confirmou a expectativa da maior parte dos analistas do mercado financeiro, que se formou após sinalizações da própria instituição, contidas na ata da última reunião do Copom, e também depois de indicações do presidente do BC, Alexandre Tombini. O Banco Central tem avaliado que parte "relevante" do aumento de juros implementado desde abril do ano passado ainda não surtiu o efeito desejado na inflação.
A previsão dos analistas do mercado financeiro é de que a taxa voltará a subir ainda neste ano, mas somente em dezembro, quando deverá subir para 11,25% ao ano.
Depois do encontro, o BC divulgou a seguinte frase: "Avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, manter a taxa Selic em 11,00% a.a., sem viés".
Metas de inflação
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país. Para 2014 e 2015, a meta central para o aumento dos preços é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país. Para 2014 e 2015, a meta central para o aumento dos preços é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Com taxas de juros maiores, o Banco Central consegue reduzir o crédito disponível e, assim, o dinheiro em circulação. Dessa forma, diminui a quantidade de pessoas e empresas dispostas a consumir bens e serviços, e os preços tendem a cair ou ficar estáveis.
Apesar de já ter previsto que o processo de alta dos juros seria interrompido na reunião de hoje do Copom, a estimativa dos analistas do mercado financeiro é de que o IPCA some 6,47% neste ano, ou seja, muito próximo do teto de 6,5% do sistema de metas de inflação.
"O mercado faz um jogo cínico. De um lado, aposta que não haverá alta de juros agora e, do outro, diz que a inflação vai bater no teto e que o Banco Central vai subir os juros no final de 2014 e em 2015. É como se dissesse: o Banco Central não tem independência e vai obedecer a agenda eleitoral como se fosse um órgão do governo", diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
Para o economista, que avalia o trabalho do BC como "ótimo" e discorda da avaliação do mercado sobre a suposta falta de independência da instituição, o "mais correto", porém, seria o Copom subir a taxa de juros para 11,25% ao ano nesta quarta-feira para "antecipar o movimento que o próprio mercado entende como inevitável".
Para Rogério Amato, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a preocupação do BC é que a desaceleração observada na economia se transforme em estagnação ou recessão. "Esperamos, também, que o governo colabore para o controle da inflação com uma política fiscal mais austera, baseada na redução dos gastos de custeio, para que o incremento da arrecadação possa ser canalizado para investimentos", disse.
Inflação resistente
No fim de março, o BC avaliou, por meio do relatório de inflação do primeiro trimestre deste ano, que a inflação ainda mostrava "resistência" e que uma "fonte relevante de risco para a inflação" estava no comportamento das expectativas dos analistas dos bancos e do setor produtivo, impactadas pela dispersão de aumentos de preços e pelas incertezas que cercam a trajetória de preços com grande visibilidade, como o da gasolina e os de alguns serviços públicos, como eletricidade".
No fim de março, o BC avaliou, por meio do relatório de inflação do primeiro trimestre deste ano, que a inflação ainda mostrava "resistência" e que uma "fonte relevante de risco para a inflação" estava no comportamento das expectativas dos analistas dos bancos e do setor produtivo, impactadas pela dispersão de aumentos de preços e pelas incertezas que cercam a trajetória de preços com grande visibilidade, como o da gasolina e os de alguns serviços públicos, como eletricidade".
O Banco Central também subiu, no fim de março, de 4,5% para 5% sua projeção para os chamados "preços administrados", que contemplam, entre outros, ônibus interestaduais, energia elétrica residencial, água, planos de saúde, serviços farmacêuticos e telefonia e gasolina. Em 2013, os preços administrados subiram bem menos: 1,5%.
Juros reais mais altos do mundo
Mesmo com a manutenção dos juros em 11% ao ano, o Brasil permaneceu na primeira posição no ranking mundial de juros reais (com 4,25% ao ano) feito pelo MoneYou. Os juros reais são calculados após o abatimento da inflação prevista para os próximos doze meses. Em segundo e terceiro lugares, aparecem a China (3,41% ao ano) e a Índia (2,66% ao ano). A taxa média de juros real em 40 países pesquisados está negativa em 1,1% ao ano.
Mesmo com a manutenção dos juros em 11% ao ano, o Brasil permaneceu na primeira posição no ranking mundial de juros reais (com 4,25% ao ano) feito pelo MoneYou. Os juros reais são calculados após o abatimento da inflação prevista para os próximos doze meses. Em segundo e terceiro lugares, aparecem a China (3,41% ao ano) e a Índia (2,66% ao ano). A taxa média de juros real em 40 países pesquisados está negativa em 1,1% ao ano.
Fonte: G1
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