O artigo em questão procura evidenciar uma possível contradição dos fundamentos teóricos que sustentam a Contabilidade de Ganhos e Responsabilidade Social nas Empresas. E fazem alusão a um debate, que leva a consideração de vários fatores provenientes da ética, moral, amoral e imoralidade.
1 INTRODUÇÃO
A década atual está cada vez mais conhecida por apresentar questões que envolvem a preocupação com o clima e o equilíbrio social. Constantemente, é possível observar esse fenômeno através do Instituto Ethos (O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização sem fins lucrativos, caracterizada como Oscip - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. Sua missão é mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável) e também do site e Revista Filantropia (dirigida aos atores do Terceiro Setor, empresários e executivos de empresas que adotam políticas e práticas de responsabilidade social e formadores de opinião, já atinge 470 cidades brasileiras, 3 mil assinantes e tem tiragem bimestral de 10 mil exemplares.
O desenvolvimento sustentável, pautado pela Gestão Ambiental e a Responsabilidade Social, são assuntos que instigam muitos debates, despertam novas ideias e suscitam diferentes opiniões. A todo instante, novas perspectivas são disseminadas quanto ao futuro do planeta e da sociedade no contexto de atuação das organizações. Desse modo, é possível observar comportamentos éticos, morais, amorais e imorais de diversas empresas, que adotam, desde planos sustentáveis até estratégias oportunistas, com o intuito de preservar recursos futuros para a sociedade ou apenas garantir lucratividade momentânea. Em ação defensiva e punitiva ao papel social dessas organizações, grupos sociais se organizam para ganhar vulto e apoio político nacional e internacional, leis são elaboradas para conter abusos contra o patrimônio natural e irregularidades sociais. Discussões temáticas são pautadas em comissões, comitês e reuniões de amplitude mundial, com o fim de traçar diretrizes para prover a garantia do meio ambiente e do equilíbrio social.
Em alusão a abordagem acima, se pode discutir uma possível incompatibilidade entre a contabilidade de ganhos - um método de apuração originária da Teoria das Restrições de Eliyahu Goldratt, utilizado na Contabilidade Gerencial com o fim de prover melhores resultados na produtividade e tomada de decisão nas empresas, utilizando indicadores de lucratividade e não de custos – e a Responsabilidade Social. A duas metodologias podem apresentar contradições que trazem a tona uma discussão interessante acerca da objetividade e harmonia entre elas. São compatíveis em seus argumentos? Proporcionam vantagens bilaterais ou apenas unilaterais? Afinal de contas, são auto - exclusivas ou auto - inclusivas?
O presente artigo tem como objetivo apresentar a fundamentação teórica da Contabilidade de ganhos e da Responsabilidade Social, procurando respostas às perguntas acima. A intenção é promover um debate dos princípios envolvidos no tema, que estão no âmago da questão da Sustentabilidade, tão difundida é requerida nos dias atuais como estratégia de negócios e inovação nos modelos produtivos. Como balizadores do assunto debatido, são propostos os fundamentos da ética, da moralidade, amoralidade e imoralidade nos negócios. Como forma de levantar informações acerca do assunto, foi utilizada a técnica de pesquisa bibliográfica e os métodos Dedutivos, que busca especificar o objeto de estudo das correntes de pensamento generalizadas e o Dialético, que enfatiza os fatores consequentes da tese, da antítese e da síntese. Por fim, este artigo se divide em três sessões as quais serão abordadas, discutidas e finalmente submetidas a diferentes considerações.
2 A CONTABILIDADE GERENCIAL
Seria impossível, situar o leitor sem que houvesse uma consideração acerca da contabilidade gerencial. Sendo uma ferramenta muito utilizada nos dias atuais, é motivo de diferentes aplicações, as quais podem ser notadas no diversos ramos de atividades empresariais. Assim, não poderia haver a reflexão do tema sugerido, sem caracterizar, por meio de referencia teórica, as implicações da contabilidade gerencial.
Uma boa definição da contabilidade gerencial como ferramenta administrativa e contábil é a colocação de Sergio Iudícibus (2006) que se refere a mesma com as seguintes palavras abaixo:
A contabilidade gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na contabilidade financeira, na contabilidade de custos, na analise financeira e de balanços etc., colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório. A contabilidade gerencial também se vale, em suas aplicações, de outros campos de conhecimento não circunscritos à contabilidade. Atinge e aproveita conceitos da administração da produção, da estrutura organizacional, bem como da administração financeira, campo mais amplo, no qual toda a contabilidade empresarial se situa. (IUDÍCIBUS, 2006, p. 21).
Assim, é possível notar a característica integralizadora da contabilidade gerencial, a partir de outras funções possíveis de ser usadas em diferentes analises e com diferentes medidas, sendo sempre das informações da contabilidade para a administração. É importante notar esse pressuposto, uma vez que converge para a compreensão dos diversos métodos, consequente dessa ferramenta multifuncional.
3 TEORIAS DAS RESTRIÇÕES E A CONTABILIDADE DE GANHOS
A partir dos anos 70, Eliyahu Goldratt, um físico israelense, Consultor de administração e um dos proponentes da Teoria das restrições. Afirmava usar o método científico para resolver os problemas das organizações. Goldratt desenvolveu uma formulação matemática para uma fábrica produtora de gaiolas para aves, ao se envolver com problemas de logística da produção. Uma vez que a formulação foi um sucesso, Goldratt começou a disseminar melhor sua criação a pedido das muitas empresas que o procurava através da venda de um software chamado OTP (Optimized Production Technology), ou seja, Tecnologia de Produção Otimizada.
De acordo com GOLDRATT (apud FASSBINDER, 2006) a cada descoberta de um problema e sua respectiva solução estava embasada em princípios específicos lógicos e quase óbvios, que o pensamento tradicional de analisar os problemas dificultava enxergá-los. Para difusão de seu método de produção, Goldratt e Jeff Cox escreveram o livro "A Meta", que apresentava em forma de romance as dificuldades de um gerente de fabrica em administrar sua empresa. No decorrer da história, o gerente vai descobrindo um a um os princípios para o processo de aprimoramento contínuo e a empresa recupera sua competitividade.
Apesar de o livro ter sido um sucesso, os seus leitores, a maioria diretores e gerentes de organizações, não implementavam as ideias contidas em sua teoria e isso foi motivo de sua frustração e oportunidade para escrever outro livro, chamado "Corrente Critica", no qual os personagens, do mesmo estilo romântico literário, descobrem os princípios da TOC (Teoria das Restrições) para gerenciar seus projetos.
Na compreensão de GOLDRATT (apud FASSBINDER, 2006) na teoria das restrições, a meta de qualquer empresa com fins lucrativos, é definida por seus proprietários/acionistas como ganhar mais dinheiro agora e no futuro, respeitando-se as condições necessárias de atuação impostas pelos grupos de poder, que são clientes, empregados e governo. Os quais são inconfundíveis devendo ser separados como elementos do meio para se projetar e da meta de ganhar dinheiro. Esse objetivo é dificultado por restrições reconhecidas como fatos físicos ou políticos que limitam o desempenho de um sistema. Caso não houvesse, o lucro seria infinito. As tais restrições podem ser físicas, quando se originam com fornecedores, máquinas, materiais, pedidos, projetos e pessoas, são denominados restrições de recurso. Enquanto que as restrições políticas são as normas, procedimentos e praticas usuais da organização.
Conforme análise de SINISGALLI E URBINA (2011) para cada restrição busca-se, então, medidas que permitam julgar o impacto de uma ação/decisão local sobre a meta da empresa. O Lucro Líquido e o Retorno sobre o Investimento são critérios adotados tradicionalmente para avaliar o desempenho de uma empresa. O primeiro é um medidor absoluto e o segundo é um medidor relativo. Mas, o fato é que essas medidas não permitem julgar o impacto de uma ação/ decisão local.
Goldratt (apud Sinisgalli & Urbina, 2011) destaca que para chegar às medidas operacionais globais, são necessárias três perguntas simples: Quanto dinheiro é gerado pela empresa? Quanto dinheiro é capturado pela empresa? E quanto dinheiro se deve gastar para operá-la? As medidas são intuitivas, óbvias. O necessário é transformar estas perguntas em definições formais.
De acordo com os pressupostos acima, nasce a Contabilidade de Ganhos, que opostamente a contabilidade de Custos, pré define como medidas de analise três índices como o Ganho através das Vendas, Inventário e Despesa Operacional. As quais serão abordadas na sequencia.
3.1 Os três índices da Contabilidade Ganho
3.1.1 Ganho (G)
Segundo GOLDRATT (1992, p. 17 apud ALVES; SANTOS; LEBRÃO, 2009, p.47) afirma que "ganho é índice pelo qual o sistema gera dinheiro através das vendas".
Estas três últimas palavras "através das vendas" são bem frisadas na teoria de Goldratt para evitar os equívocos vindos dos paradigmas anteriores através da contabilidade de custos. A principal e válida visão de Goldratt é a não sobreposição de valores, ou seja, a empresa nunca deve utilizar artifícios contábeis de forma a inflar o lucro. Para esse autor o custo deve ser abolido e valorizado o ganho do produto.
3.1.2 Venda (V)
Essa definição é apoiada por Goldratt (1992, p. 17 apud ALVES; SANTOS; LEBRÃO, 2009, p.47) na afirmação de que "ganho significa trazer dinheiro fresco de fora, através das vendas".
Venda será entendida como sendo a geração de dinheiro unicamente através dos negócios da empresa.
3.1.3. Inventário (I)
Corbett (1997, p. 45 apud ALVES; SANTOS; LEBRÃO, 2009, p.47) define como sendo "todo dinheiro que o sistema investe na compra de coisas que se pretende vender". Já Goldratt (1992, p. 21 apud ALVES; SANTOS; LEBRÃO, 2009, p.47) afirma que "podemos atribuir apenas o preço que pagamos aos nossos fornecedores pelo material e peças compradas que entram no produto.
Dessa forma, se pode afirmar que entre as citações o elemento diferencial é a mão-de-obra direta, que na opinião de Goldratt, não se pode agregar valor pelo próprio sistema.
3.1.4 Despesa Operacional (DO)
Goldratt (1992, p. 16 apud ALVES; SANTOS; LEBRÃO, 2009, p.47) afirma que "DO é todo dinheiro que temos de colocar constantemente dentro da máquina para mover suas engrenagens".
O principio é que tudo aquilo que não for inventario e tiver relação com o ganho, deve ser despesa operacional.
Como foi abordado anteriormente, é possível observar que os fundamentos teóricos da Contabilidade de Ganhos, enfatizam a premissa de que a meta da empresa é ganhar dinheiro uma vez que utiliza indicadores e parâmetros de melhoria da produtividade e tomada de decisão focada na lucratividade. A etapa seguinte apresenta os fundamentos teóricos da responsabilidade social.
4 A RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
Atualmente, a responsabilidade social é um assunto central nas discussões sobre o desenvolvimento sustentável em todo o mundo e principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil. É um assunto que divide opiniões. Conforme ideia passada pela missão do Instituto Ethos, existe a necessidade de se construir uma sociedade sustentável pela integração de ações políticas, econômicas e sociais. Dessa forma, os problemas enfrentados nos dias atuais, a partir dessas áreas, implicam diretamente na sustentabilidade da sociedade contemporânea. Assim, a responsabilidade social poderia ser uma solução integralizadora, que regulamenta princípios e comportamentos convergentes para o bem comum. Isso, se sua base for construída e aplicada nas relações cooperativas e não competitivas ou tendenciosas. Os argumentos a seguir, apresentam em termos teóricos a responsabilidade social, seus contra argumentos e modelos de aplicação propostos.
Segundo GOMES E MORETTI (2007) existe certas generalidades quanto ao termo Responsabilidade Sociais. Esse fato possibilita uma possível depreensão quanto ao significado do tema aplicado nas organizações. Afinal, uma aplicação governamental difere muito de uma aplicação organizacional, ou seja, o governo tem obrigações constitucionais para efetuar a responsabilidade social, enquanto que as organizações têm obrigações legais e éticas. Mesmo assim é mais seguro dizer que o termo responsabilidade social organizacional ou empresarial esta em franca construção.
Até o momento, algumas condensações quanto à expressão responsabilidade social organizacional é: "[...] compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por meios de atos e atitudes que afetem positivamente e coerentemente no que tange a seu papel especifica na sociedade e a sua prestação de contas para com ela". (GOMES & MORETTI, 2007, p.4)
De acordo com a citação acima e dentro de uma compreensão mais difundida nesses dias, se pode dizer que o termo responsabilidade social se refere ao compromisso de uma organização de responder aos Stakeholders (ou seja, todos os afetados ou interessados pelos seus negócios), por atos praticados no ambiente e na sociedade.
Responsabilidade social [...] nem sempre [significa] a mesma coisa, para todos. Para alguns, ele [o significado] representa a idéia de responsabilidade ou obrigação legal; para outros significa um comportamento responsável no sentido ético; para outros, ainda, o significado transmitido é o de responsável por, num modo casual. Muitos, simplesmente, equiparam-na a uma contribuição caridosa; outros a tomam pelo sentido de socialmente consciente. (GOMES E MORETTI, 2007, pp.4-5)
Nessa outra citação, é possível constatar a variância encontrada para as ações organizacionais pautadas pelo termo responsabilidade sociais. Realmente, essas diversas atitudes são o que a sociedade pode esperar em detrimento de sua compreensão do assunto.
Enfim, chegar teoricamente a um consenso é algo complexo para muitos teóricos, que por diferentes interpretações e métodos acabam por escapar a neutralidade. A seguir, serão apresentadas as divergências de duas famosas teorias e tentativas metodológicas dos demais teóricos de chegar a um modelo hibrido de responsabilidade social.
4.1 A teoria de Milton Friedman x Edward Freeman
Conhecidas como abertamente contrastantes, as teorias de Friedman e Freeman são opostas no sentido econômico de suas considerações. Como será possível observar, a teoria do acionista desenvolvida pelo primeiro e a teoria das partes interessadas desenvolvida pelo segundo, são duas marcas fundamentais das quais se originaram vários modelos de aplicação da responsabilidade social. Veja logo abaixo:
[...] há poucas coisas capazes de minar tão profundamente as bases de nossa sociedade livre do que a aceitação por parte dos dirigentes das empresas de uma responsabilidade social que não a de fazer tanto dinheiro quanto possível para os acionistas. Trata-se de uma doutrina fundamentalmente subversiva. (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2009, p. 10)
A citação acima é enfaticamente opositora a qualquer tipo de doutrina que vise à responsabilidade social por meio de organizações. Friedman sustenta essa teoria com rigor, porque entende que a lucratividade dentro da lei alcançada pela empresa é um bem social. Assim, nasce à noção Stockholder, ou seja, abordagem do acionista.
Em contrapartida a Friedman, a teoria das partes interessadas desenvolvida por Freeman conforme Barbieri e Cajazeira (2009), diz que:
[...] os interesses dos proprietários não são os únicos a serem considerados na condução das empresas. Desse modo, a teoria do stakeholder, das partes interessadas ou dos participantes da empresa, se contrapõem à dos stockholder ou do acionista[...] são as pessoas ou grupos que têm, ou reivindicam propriedade, direitos ou interesses em uma empresa e nas suas atividades presentes, passadas e futuras. (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2009, p.27)
Portanto, a referida sentença denota os interesses de terceiros e não apenas do proprietário ou acionista nos atos praticados pela pessoa jurídica. A teoria apresenta a possibilidade de haver uma responsabilidade originada pelo exercício da empresa.
Com o objetivo de minimizar as tensões conseqüentes dos argumentos acima, alguns modelos dimensionais da responsabilidade social foram criados. Veja citações a seguir:
I. O modelo de Carrol, onde "a responsabilidade das empresas compreende as expectativas econômicas, legais, éticas e discricionárias ou filantrópicas que a sociedade tem em relação às organizações em dado período." (BARBIERI & CAJAZEIRA, 2009, p. 53)
Figura 1 - a pirâmide da responsabilidade social de Carrol
FONTE: http://www.google.com.br/imagens
II. O modelo dos três domínios de Schwartz e Carroll, de acordo com BARBIERI e CAJAZEIRA (2009) se refere a uma reestruturação feita no modelo anterior como conseqüência das criticas envolvendo a forma de compreensão, a qual considera que a filantropia é a prioridade na responsabilidade social da empresa.
III. O modelo triple botton line (tríplice linha de resultados líquidos) criado pela Sustain – Ability (empresa de consultoria Britanica) que, conforme BARBIERI e CAJAZEIRA (2009) é um modelo representativo e consequente da convergência entre os fundamentos das teorias da responsabilidade social e desenvolvimento sustentável. A idéia é que todas as formas de capital aumentem ao longo do tempo por meio de uma gestão social e ambientalmente sustentável. Conforme figura abaixo:
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Figura 2: Modelo Triple Botton Line
Fonte: BARBIERI & CAJAZEIRA (2009, p.79)
De acordo com BARBIERI e CAJAZEIRA (2009) a confluência desses dois movimentos, o da responsabilidade social e do desenvolvimento sustentável, surge o conceito da empresa sustentável. Sabendo, que o desenvolvimento sustentável "é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades". (BARBIERI & CAJAZEIRA, 2009, p.65), conforme citação do relatório da conferencia de Brundtland, em 1987 e ONU, em 1992 no Rio de Janeiro.
A grande controvérsia a compreender e debater no último tópico deste artigo, uma vez colocado todos os referenciais teóricos quanto ao assunto em pauta é a relação entre a contabilidade de ganhos e a responsabilidade social empresarial à medida que são contextualizados com os princípios éticos, morais, amorais e imorais nos negócios de uma empresa.
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Em linhas gerais, é possível na administração de uma empresa regrada pela metodologia da contabilidade de ganhos, conforme teoria abordada, haver responsabilidade social empresarial que alcance desenvolvimento sustentável? Para uma analise neutra é importante entender os princípios éticos, morais, amorais e imorais que podem nortear uma empresa. Tais princípios fundamentam sua cultura organizacional e seu comportamento no cenário político, econômico e social vigente.
A ética conforme Barbieri e Cajazeira (2009) compreendem hábitos, costumes e modo de vida que são adotados, regrados pelas normas e valores (moral) aceitos pela sociedade ou grupos sociais. Apesar de serem sinônimos, comumente são compreendidos como tal. Assim, a vida em sociedade, suas relações e acontecimentos criam normas de conduta a serem seguidas e esperadas.
Um ponto contraditório nessa abordagem, é que se a sociedade muda e se compreende cada vez mais a ética e moral não iriam mudar também? Possivelmente sim, portanto existe a necessidade de conhecer e aceitar padrões mais elevados e universais para ética e moral, e o mesmo poderia ser outro a não ser o Cristão?
No mundo dos negócios a retórica parece ser sempre a mesma, onde o mérito é ganhar mais e mais com o menor investimento possível. Desse modo, é importante conhecer os diferentes tipos de ética, conforme (BARBIERI & CAJAZEIRA, 2009) que podem tendencionar uma opinião:
I. A ética da Virtude; esse conceito não se preocupa em fornecer meios para orientar as ações ou decisões, pois entende que a pessoa virtuosa fará a melhor opção por que desenvolveu uma disposição para tanto.
II. A ética Kantiana; é a idéia que os humanos possuem valor intrínseco e não devem ser considerados meios para outras vontades e sim sempre como fins.
III. A ética utilitarista; onde o bem é o útil endereçado aos outros mesmo que afete contrariamente o seu interesse próprio, aumentar ou diminuir a felicidade da comunidade é o critério de aprovação ou desaprovação de uma conduta.
IV. A ética da Responsabilidade; aponta para a responsabilidade previsível das conseqüências dos atos praticados.
V. A ética da Globalização; pautada pelos direitos humanos, fortalecimento da democracia e dos componentes da sociedade civil, proteção das minorias, compromisso com as soluções pacificas das controvérsias e negociações equitativas, equidade em cada geração e entre gerações e preocupação com o meio ambiente.
Para a sociedade atual a ética vigente é a ética da globalização ou universal, o que significa também que toda moralidade é originada desses parâmetros, somado a essa consideração acrescenta-se a citação seguinte quanto à amoralidade e imoralidade:
Assim, o sentido literal do adjetivo amoral é ausência de considerações de ordem moral. Trata-se de ação, decisão ou julgamento que não envolve questões morais. Torcer por um time de futebol e ouvir um pagode são exemplos de fatores amorais. Já o adjetivo imoral indica uma oposição às normas morais, como é o caso da ação de votar em candidato a deputado sabiamente corrupto. (BARBIERI & CAJAZEIRA, 2009, p.87)
Conforme a citação acima, os atos referentes à amoralidade podem se tornar irrelevantes, condicionados a uma única pessoa e passiveis de decisão inconseqüente, enquanto que os atos imorais são considerados como dolosos não relativos somente a pessoa, mas a uma massa abrangente.
Uma resposta para a questão da contabilidade de ganhos e seus possíveis efeitos na responsabilidade social pode ser visível, uma vez analisados os seus fundamentos. E assim, as seguintes perguntas são propostas para responder a questão em debate: Uma metodologia focada unicamente na "lucratividade" como fator estratégico de decisão e orientada para o ganho, "tanto quanto puder", e se referindo as demais situações que interfiram como "restrição", poderá ser compatível em sua responsabilidade social empresarial? A suposta empresa poderá lidar com a responsabilidade social levando em consideração a ética da globalização ou universal? Qual a probabilidade dessa empresa ser amoral ou imoral?
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo buscou apresentar os fundamentos da teoria da contabilidade de ganhos, que esta em prospecção no cenário organizacional em diversos ramos de atividade. O mesmo é contextualizado com os fundamentos teóricos da responsabilidade social empresarial, que trata do modo de como as empresas podem interagir com os que estão a sua volta e como devem angariar e utilizar seus recursos de produção.
O artigo também possibilitou debater a compatibilidade de ambas as teorias, com a praticidade de balisadores como a ética, moral, amoral e imoral. Na tentativa de propor a possível incompatibilidade e efeitos negativos de uma gestão orientada apenas na lucratividade como a contabilidade de ganhos.
Através dos referencias teóricos é evidente a tal contradição e o possível cenário de efeitos não equitativos e igualitários para os argumentos de uma responsabilidade social, que em detrimento de programas políticos, ambientais e sociais buscam padronizarem uma postura organizacional sustentável que atenda as prerrogativas desses três pilares originários da ética da Globalização. A contabilidade de ganhos contempla a objetividade do lucro nos procedimentos e no resultado. Dessa forma, a responsabilidade social e a sustentabilidade tendem a ficar completamente descartadas. Enfim, a inovação estratégica prometida por Goldratt acaba não sendo congruente com a atual ética mercadológica, ou seja, a ética da globalização.
REFERENCIAS
ALVES, J.M.; SANTOS, R.F.; LEBRÃO, A.C.R. A contabilidade de ganhos da toc e o ponto de equilíbrio da contabilidade de custos: uma operação útil. Disponível em: Acesso em: 05 de junho de 2011.
BARBIERI, J.C; CAJAZEIRA, J.E.R. Responsabilidade social empresarial e empresa sustentável: da teoria a pratica. São Paulo: Saraiva, 2009.
INSTITUTO ETHOS. Organização, objetivos e missão. Disponível em acesso em 03 de julho de 2011.
FASSBINDER, J.A. Teoria das restrições: um estudo da utilização da contabilidade de ganhos no processo de administração de marketing. Tese.Universidad de ciencias empresariales y sociales. 2006.
Disponível em: . Acesso em: 04 de junho de 2011.
GOMES, A.; MORETTI, S. A. responsabilidade e o social: uma discussão sobre o papel das empresas. São Paulo: Saraiva, 2007.
IUDÍCIBUS, S. Contabilidade gerencial. 6. ed. 9. reimpr. São Paulo: Atlas, 2006.
REVISTA FILANTROPIA. Gestão Social, Objetivos e Missão. Informação eletrônica. Disponível em
acesso em 03 de julho de 2011.
SINISGALLI, E.S.L.; URBINA, L.M.S. Inovando a gestão de custos na manufatura: a contabilidade de ganhos da teoria das restrições. Disponível em: . Acesso em: 02 de junho de 2011.
Autor Rafael de Souza
Fonte: Administradores
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