Tributação e pagamento de comissões fazem com que componentes usados na área da saúde custem até o preço de um carro novo Por Marcos Graciani* Os planos de saúde, no Brasil, poderiam ser bem mais baratos, costumam repetir os clientes. Agora, porém, o alerta parte de dentro do sistema – precisamente, do médico auditor Carlos Roberto Pereira, da ItauSeg Saúde, empresa do Grupo Itaú que atende os funcionários da companhia. A razão é que entram na conta de procedimentos cirúrgicos componentes que chegam a custar até 17% de uma diária hospitalar. Em alguns casos, como na cirurgia de coluna, o conjunto de materiais utilizado chega a custar R$ 120 mil – o equivalente ao preço de um Hyundai Azera. “Já viajei grande parte do mundo pesquisando preços de materiais básicos para ortopedia. Por aqui, pagamos seguramente até seis vezes mais do que na Europa”, conta Carlos Roberto Pereira, médico auditor da Itauseg Saúde. |
A denúncia de Pereira é referendada pela própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A instituição publicou em maio uma pesquisa exclusiva feita em cinco capitais - Belém (PA), Fortaleza (CE), São Paulo (SP), Brasília (DF) e Porto Alegre (RS). Na capital paulista, um parafuso bioabsorvível não saí por menos de R$ 2.252. Em Porto Alegre, única cidade da região sul pesquisada, o valor é de R$ 2,720. O preço mais alto é cobrado em Belém. Por lá, o material custa R$ 2.878. No Reino Unido, o mesmo parafuso custa R$ 427. Tamanha diferença se deve ao conhecido Custo-Brasil e ao “jeitinho brasileiro”. De acordo com um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), que tem sede em Curitiba, uma simples agulha tem 33,8% de imposto. No caso de alguns materiais usados na cirurgia de coluna, essa alíquota pode atingir até 50%. E o “jeitinho”, onde é que entra nesta conta? A resposta de Pereira: Fornecedores costumam pagar comissões para que hospitais utilizem apenas uma marca de produto. A orientação do Conselho Federal de Medicina (CFM), no entanto, sugere que as instituições peçam pelo menos três orçamentos diferentes.
Na opinião de Pereira, seguir a determinação do CFM é apenas um dos caminhos para forçar a indústria a cobrar preços mais razoáveis. Outra solução é fazer com que os convênios paguem diretamente aos fornecedores os materiais, sem se utilizar de atravessadores. “Alguns grandes convênios já costumam fazer isso, mas todos deveriam tomar o mesmo rumo”, orienta. A redução da carga tributaria também ajudaria, e como.
Na opinião de Pereira, seguir a determinação do CFM é apenas um dos caminhos para forçar a indústria a cobrar preços mais razoáveis. Outra solução é fazer com que os convênios paguem diretamente aos fornecedores os materiais, sem se utilizar de atravessadores. “Alguns grandes convênios já costumam fazer isso, mas todos deveriam tomar o mesmo rumo”, orienta. A redução da carga tributaria também ajudaria, e como.
* Marcos Graciani é Secretário de Redação da Revista Amanhã e foi eleito um dos Comunicadores
da Qualidade da 17ª edição do Prêmio Qualidade RS (2012)
da Qualidade da 17ª edição do Prêmio Qualidade RS (2012)
Fonte: Revista Amanhã
Nenhum comentário:
Postar um comentário