Será que a garantia da carteira assinada é mesmo o melhor caminho para se chegar à tão sonhada independência financeira? Para o especialista, o equívoco está na crença de que a segurança financeira habita o emprego, quando na verdade, está no vizinho chamado trabalho.
Por Glauco Cavalcanti
O processo acelerado de mudança do mundo está deixando seqüelas nos milhares de profissionais que foram treinados pela busca da segurança no emprego. Até a última década, as pessoas vestiam a camisa da empresa e mantinham a imagem da grande família, projetavam suas aspirações nas organizações e confiavam o futuro na figura da empresa. Sofrendo um forte processo de transformação, as organizações deixaram de ser paternalistas e se tornaram competitivas e predadoras, pressionadas pelos acionistas e por suas metas agressivas. Partindo deste princípio que profetisa o fim da segurança nas organizações formais, gerando uma legião de vítimas fruto de uma sociedade globalizada, informatizada e dinâmica, algumas perguntas surgem:
1. Organizações formais ainda são uma opção inteligente para criar liberdade financeira no longo prazo?
2. Se não existe segurança nas organizações formais, por que os indivíduos se mantém fiéis a este modelo?
3. Será que estão repetindo um padrão de comportamento?
4. Será que as empresas, ao mexerem no pilar da segurança, podem gerar nos indivíduos a vontade de desenvolverem seus próprios negócios ao invés de ficarem à mercê das escolhas das organizações?
5. A partir da última pergunta construo outra ainda mais desafiadora. Será que o empreendedor é o personagem central desta nova sociedade?
De acordo com Joseph Schumpeter, “o empreendedor é aquele que destroi a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais.” Talvez uma das principais características do empreendedor seja a capacidade de projetar visões do mercado, identificando dentro deste cenário imaginário sua participação. Ver à frente do seu tempo e posicionar-se para estar no lugar certo na hora certa é algo que diferencia um empreendedor das pessoas normais. De acordo com Lois Jacques Filion, “o empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões”, para ele, a visão é uma imagem projetada no futuro do lugar que se quer ver ocupado pelos seus produtos no mercado.
Embora para alguns a sociedade sem emprego estável seja visto como uma ameaça, para os empreendedores trata-se de uma oportunidade. O equívoco está na crença de que a segurança financeira habita o emprego, quando na verdade, está no vizinho chamado trabalho. A casa ao lado é prospera, mas os indivíduos insistem em bater na porta da mansão abandonada. No passado, a mansão abrigava todo mundo, mas os tempos mudaram, o mundo mudou e a realidade é que a era do emprego seguro está chegando ao fim. Nasce a era dos “iEmpreendedores” com seus iPhones e iPads; a era da conectividade e das profissões alternativas.
A fim de nos adaptarmos a esta realidade, teremos que responder outras perguntas que nos levarão a mudar nossa forma de pensar e agir. Este movimento passa desde questões complexas como a criação dos nossos filhos, a educação que fornecemos e as atitudes a serem desenvolvidas para criarmos agentes de mudança, e não vítimas do mercado. Estas questões também nos levam a refletir sobre os caminhos a serem adotados em nossas carreiras e como nos direcionarmos para um mercado cada vez mais dinâmico.
Por fim, estas questões nos preparam para o momento que perdemos nosso emprego e nos encontramos desempregados. Será que somos obrigados a aguardar este momento para que sepultemos o empregado que existe em cada um de nós a fim de dar a luz ao espírito empreendedor? Empreender em causa própria é empreender pela busca da liberdade financeira
Glauco Cavalcanti
É professor, palestrante e empresário. Mestre em Gestão Empresarial pela FGV, MBA em Marketing e bacharel em Administração pela PUC-RJ. Possui curso de especialização em Negociação pela Harvard Law School. Leciona Marketing e Negociação nos cursos de MBA da Fundação Getúlio Vargas. Foi eleito professor Top 10 e melhor professor de Negociação da FGV. Coordena o curso Pós-MBA em Negociação na FGV. Possui passagem por grandes empresas, entre elas a Coca-Cola Company onde foi gerente de desenvolvimento de mercado. Autor do livro “Empreendedormismo – Decolando para o Futuro” (Campus Elsevier), escrito em parceria com a psicanalista Marcia Tolotti.
Fonte: ExpoMoney
http://www.expomoney.com.br/newsnova/materia.asp?rregn=527
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