Este estudo contribui para a literatura que trata da influência de fatores macroeconômicos sobre a qualidade das informações contábeis, pois analisa as estratégias de gerenciamento de resultados contábeis das firmas, identificando, especificamente, comportamentos discricionários distintos entre os ciclos econômicos: 1) níveis diferentes de gerenciamento de resultados por meio de accruals entre as fases do ciclo econômico e 2) trade-off entre gerenciamento de resultados por meio de accruals e de atividades operacionais reais. Os resultados indicam que as informações contábeis reportadas devem ser analisadas com maior cautela por seus usuários, principalmente em períodos de grandes oscilações econômicas, quando os gestores podem aumentar ou reduzir o comportamento oportunístico. A população da pesquisa compreendeu as companhias não financeiras com ações negociadas na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBOVESPA) e a amostra foi composta por 247 firmas-ano referente ao período de 2000 a 2015, totalizando 2.501 observações. As fases dos ciclos econômicos foram utilizadas como proxy para o ambiente econômico e basearam-se no estudo de Schumpeter (1939), que divide um ciclo econômico em quatro fases distintas: expansão, recessão, contração e recuperação. Os accruals discricionários foram estimados conforme os modelos Pae (2005) e Paulo (2007). O gerenciamento de resultados contábeis por meio das decisões operacionais foi estimado conforme descrito por Roychowdhury (2006), sendo utilizados apenas os comportamentos anormais dos custos de produção e das decisões operacionais. Os resultados evidenciam que as estratégias de gerenciamento de resultados contábeis, seja por meio dos accruals discricionários ou pelas decisões operacionais, bem como a escolha dentre essas estratégias, são impactadas pelo ambiente econômico. As evidências sugerem que os gestores têm comportamento oportunístico diferente em cada fase do ciclo econômico. Especificamente, aumentam o nível de accruals discricionários na fase de contração e reduzem na recuperação, enquanto gerenciam os resultados para baixo pelas decisões operacionais nas fases de recessão e contração.
Autores:
PAULO, Edilson e
MOTA, Renato Henrique Gurgel.
Veja:
http://www.scielo.br/pdf/rcf/v30n80/pt_1808-057X-rcf-1808-057x201806870.pdf
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