A alfabetização financeira auxilia os indivíduos em tomadas de decisões mais assertivas e eficientes no contexto monetário de suas vidas. Este estudo tem como eixo central desenvolver um modelo que explique o nível de alfabetização financeira dos indivíduos a partir de variáveis socioeconômicas e demográficas. A amostra consiste de 1.400 indivíduos residentes no Rio Grande do Sul e a análise dos dados foi realizada por meio de estatísticas descritivas e técnicas de análise multivariada. Como indicador do nível de alfabetização financeira, adotou-se uma medida que contempla três construtos: atitude financeira, comportamento financeiro e conhecimento financeiro. Foram estimados modeloslogit e probit com as seguintes variáveis explicativas: gênero, estado civil, dependentes, ocupação, idade, escolaridade, escolaridade do pai, escolaridade da mãe, renda própria e renda familiar. Os efeitos marginais (propensões incrementais) foram positivos e estatisticamente significantes aos níveis usuais para as variáveis: gênero (9,56%), escolaridade (2,54%), renda própria (6,32%) e renda familiar (3,73%). Os efeitos marginais (propensões incrementais) foram negativos e estatisticamente significante para a dummy dependentes (-7,51%), indicando que os indivíduos do gênero masculino que não possuem dependentes e têm maiores níveis de escolaridade e de rendas própria e familiar são os que apresentam maior propensão a pertencer ao grupo com alto nível de alfabetização financeira. Além disso, constatou-se que a maioria dos pesquisados (67,1%) foi classificada como tendo um baixo nível de alfabetização financeira. Tais conclusões ratificam a urgência e a necessidade de desenvolver ações efetivas para minimizar o problema do analfabetismo financeiro. De modo especial, sugere-se que os maiores esforços sejam empreendidos para atingir os indivíduos do gênero feminino, com dependentes e baixos níveis de escolaridade e renda. Tal estudo justifica-se pela necessidade de desenvolvimento de um modelo que permita identificar o nível de alfabetização financeira dos brasileiros a partir de variáveis socioeconômicas e demográficas. Essa identificação pode ser útil, por exemplo, para auxiliar os diversos agentes econômicos na confecção de estratégias e produtos financeiros adequados ao perfil de seus clientes. Do ponto de vista governamental, pode permitir, por exemplo, identificar os grupos mais vulneráveis e, com isso, focar ações para melhoria do nível de alfabetização financeira desses grupos específicos.
Autores:
POTRICH, Ani Caroline Grigion;
VIEIRA, Kelmara Mendes e
KIRCH, Guilherme.
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