
Há pouco tempo estourou um grande escândalo envolvendo a gigante alemã Volkswagen. Mais de 11 milhões de veículos da montadora, e de outras marcas pertencentes ao grupo como Audi, foram violados com um software que altera os resultados dos testes de emissão de poluentes. A fraude foi descoberta nos Estados Unidos e depois a montadora admitiu que o dispositivo foi instalado em veículos de outros mercados, como o Europeu. O fato derrubou o presidente executivo Martin Winterkorn que renunciou ao cargo e pediu demissão da Volkswagen.
Um pouco mais recente, engenheiros da montadora reconheceram sua responsabilidade no caso. Eles relataram ter instalado o software que engana o teste de contaminação e que era tecnicamente impossível produzir o motor EA 189, modelo utilizado nos 11 milhões de veículos fraudados, respeitando as leis de emissão de gases poluentes e as exigências de custo.
Esse caso me fez lembrar uma frase que ouvi em um bate-papo com Mario Kaphan, fundador da Vagas.com: "Aqui não trabalhamos com metas, definimos o que podemos fazer melhor ainda do que já é feito; a pressão por metas cria a oportunidade para o ser humano escolher o caminho mais fácil e passar por cima de regras, leis, valores, moral e ética".
O trabalho por metas surgiu por diversos motivos, entre eles aumentar a motivação dos profissionais, produzir mais e consequentemente lucrar mais também. Mas vejam a consequência disso para a Volkswagen: 6.5 bilhões de Euros foram destinados para aplacar os efeitos do escândalo. Esse valor é metade do lucro global previsto para o ano! Fora o dano praticamente irreversível e que quantia nenhuma paga ou consegue consertar: a imagem e a credibilidade. Fato é que o ganho momentâneo foi por água abaixo. O presidente executivo já perdeu, a marca já perdeu (talvez até a indústria alemã sofra consequências também), funcionários foram suspensos (provavelmente alguns serão demitidos), a natureza perdeu, o ser humano perdeu...
O caso Volkswagen e suas consequências me faz pensar sobre como estão sendo conduzidas as políticas e as equipes dentro das empresas. Falamos tanto de liderança sustentável, líder coach, aprimorar competências, decisões ecológicas/sistêmicas, clima organizacional, relações interpessoais, comunicação assertiva e inclusive espiritualidade, entre tantos outros temas. Mas algo ou um conjunto de fatores, às vezes, falam mais alto que a ética e os valores.
John Maxwell cita em "O Livro de Ouro da Liderança" que nos momentos decisivos nós nos mostramos quem realmente somos. Nosso caráter é revelado para os outros e, às vezes, até para nós mesmos. E os momentos decisivos também determinam que tipo de pessoa/líder seremos daqui em diante. O ano de 2015 está acabando, talvez 2016 seja mais difícil ainda (para a Volkswagen é praticamente certo), e muitos momentos decisivos estão por vir. Será que surgirão mais casos como esse?
Espero que essa seja uma minoria, apesar do grande impacto que más ações feitas de forma correta geram, e que nosso trabalho - em busca de desenvolver pessoas para que sejam produtivas e realizadas - consiga se sobrepor a poucos indivíduos que foram levados para o lado negro da força...
Alexandre Nakandakari - Sócio e Coach da Questão de Coaching é formado em Educação Física com especialização em Treinamento Desportivo. Atualmente cursa Psicologia, possui formação internacional em Coaching pela SLAC (Sociedade Latino Americana de Coaching), é Practitioner PNL e Analista de Assessment DISC. Foi empresário, sócio de academia durante 12 anos, atuando na área técnica, de seleção, capacitação/treinamento de equipe e administrativa. Atua como Consultor em Recrutamento e Seleção, prestando serviços para empresas dos segmentos financeiro e de comunicação. Vem desenvolvendo projetos como Coach executivo, de carreira e para empreendedores. Além disso, presta serviços como Personal Trainer e Coach Esportivo.
Fonte: RH
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