21/06/11 08:37
Marcelo Nakagawa - Consultor e professor de empreendedorismo e inovação
Diversas agências governamentais têm disponibilizado mais de R$ 1 bilhão para empreendedores inovadores há alguns anos. E a maior parte destes recursos é oferecida na modalidade não-reembolsável. Ou seja, o empreendedor pega e não paga de volta.
Não é um empréstimo ou financiamento. É dinheiro de graça! Como assim? E quase sempre, falta projeto e sobra dinheiro. Onde fica isto? Suécia? Finlândia? No Brasil. Para compreender este cenário é preciso aprender a falar a língua do P de Prime, Pipe, Pappe e Pite.
Quem acabou de criar sua empresa e tem ou planeja ter um produto ou serviço inovador, precisa prestar atenção ao programa Primeira Empresa (Prime) da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
O Prime apoia o "desenvolvimento dos produtos e processos inovadores originais e à construção de uma estratégia vencedora de inserção no mercado" com R$ 120 mil que devem ser utilizados em 12 meses. Centenas de empresas, de agência de viagem a site de moda, de empresa de software a fabricante de churros já conseguiram este dinheiro.
Futuros empreendedores ou empresas com menos de 100 funcionários que tenham interesse em conduzir "pesquisa em ciência e tecnologia como instrumento para promover a inovação tecnológica e o desenvolvimento empresarial e aumentar a competitividade das pequenas e microempresas" precisam ir além desta definição e buscar mais informações do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) oferecida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O Pipe-Fapesp oferece incríveis R$ 625 mil em duas etapas. Muitas pequenas empresas têm desenvolvido novos cosméticos, softwares, fertilizantes e até alimentos prontos com este recurso. O Pipe só é válido para empresas sediadas no estado de São Paulo, mas a Finep criou o Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (Pappe) nos moldes do Pipe para outros estados.
Sua empresa quer inovar, mas tem mais de 100 funcionários? Então considere o programa Parceria para Inovação Tecnológica (Pite) também da Fapesp. Grandes empresas como Embraer, Dedini, Vale, Braskem, Aché e Natura já descobriram este caminho.
O Pite não tem um teto de valor. Isto pode significar projetos de milhões de reais, mas exige que o processo seja feito em parceria com "pesquisadores ou grupo de pesquisadores de instituição de pesquisa e desenvolvimento do estado de São Paulo". Se tiver interesse nesta linha, lembre-se do seu antigo professor da faculdade. Mas nem tente encontrá-lo no Facebook ou LinkedIn. Ele estará no Lattes.
Mas nenhuma outra linha de recurso não reembolsável chama tanto a atenção quanto os R$ 500 milhões do Programa de Subvenção Econômica gerenciado pela Finep e ofertado para empresas inovadoras de todos os portes e de todas as regiões do Brasil desde 2006.
Não começa com P, mas é uma p.... grana! Muitos softwares, máquinas, componentes eletrônicos e até tijolos inovadores foram desenvolvidos com este apoio. Mas por que sobra dinheiro? Por que as empresas não sabem falar uma outra língua do P: de propósito de inovar por meio de pesquisa tecnológica apresentada em um projeto estruturado atrelado ao plano do negócio?
Marcelo Nakagawa é consultor e professor de empreendedorismo e inovação
Fonte: Brasil Econômico
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