Valor Econômico
Segundo sócio, há mais atores envolvidos no processo. "A Deloitte vai responder pelo que lhe couber".
Por Fernando Torres
Segundo sócio, há mais atores envolvidos no processo. "A Deloitte vai responder pelo que lhe couber".
Por Fernando Torres
No olho do furacão desde a semana passada, quando foi anunciada a existência de um rombo de R$ 2,5 bilhões no Banco PanAmericano, a firma de auditoria Deloitte, responsável pela checagem dos números do balanço da instituição, afirma que o problema identificado no banco é mais complexo do que parece. Por isso, entende que não pode ser apontada como a única responsável pelo caso. "Estamos numa ponta dessa cadeia. A Deloitte vai responder pelo que lhe couber", diz Maurício Pires Resende, sócio de auditoria e responsável por assuntos regulatórios da Deloitte.
Sem poder comentar os detalhes do caso ou da investigação em curso, por dever de confidencialidade com o cliente, a Deloitte diz que outros atores desse processo, que não apenas a auditoria, também tem suas responsabilidades.
A diretoria da companhia é a responsável pela elaboração do balanço, preparado pela área de contabilidade da empresa, e que tem como base os dados dos sistemas internos de controle. Feito isso, no caso do PanAmericano, além da auditoria externa da Deloitte, ainda havia o crivo da auditoria interna, do conselho fiscal, do comitê de auditoria e do conselho de administração. A regulação cabe ao Banco Central.
A Deloitte diz que se baseou nos sistemas de controle do banco para fazer o seu trabalho e que partiu do pressuposto de que a administração colocou todas as informações à sua disposição. "Os procedimentos de auditoria que tinham que ter sido feitos naquele momento foram feitos", afirma Resende, quando perguntado se a firma havia feito testes para checar com os compradores das carteiras de crédito do banco confirmavam as transações.
De acordo com ele, a auditoria não tinha condições de fazer o mesmo cruzamento de dados que o Banco Central fez. "Nossa condição de varrer tudo isso é menor", afirma o executivo.
A Deloitte foi informada da existência do problema nas contas do PanAmericano numa reunião no dia 9 de novembro, com presença de representantes da própria instituição financeira, do Fundo Garantidor de Crédito e do Banco Central.
"Não tínhamos ciência de que teria uma deficiência de controle nessa magnitude. Fomos pegos de surpresa", disse, acrescentando que o balanço do terceiro trimestre vinha sendo preparado normalmente pela administração do banco até então.
Apesar de admitir que a repercussão do caso é internacional, Resende diz que a firma não perdeu nenhum cliente como consequência do ocorrido e que tem tido total apoio da rede internacional que forma a Deloitte. Aqui no Brasil, um comitê integrado por ele, pelo presidente da empresa e por sócios experientes está tratando do episódio. "Vamos fazer todo o possível para recuperar nossa imagem, que é a coisa mais preciosa que temos e que realmente está arranhada", disse.
O sócio da auditoria afirmou ainda que os honorários continuam sendo pagos normalmente, que não tem nenhuma informação sobre a anunciada contratação da PricewaterhouseCoopers e que até agora não foi oficialmente informada sobre uma ação judicial que estaria sendo movida pelos controladores do banco.
Resende disse ainda que a equipe da Deloitte que trabalha no PanAmericano foi reforçada e que a firma está colaborando tanto com as investigações como com a preparação dos números do balanço do terceiro trimestre, que ainda não tem prazo para sair. (Colaborou Nelson Niero)
Deloitte negocia compra da consultoria Roland Berger
Adam Jones Financial Times, de Londres
A Deloitte Touche Tohmatsu está em negociações avançadas para absorver a Roland Berger Strategy Consultants, como parte de seu esforço para tomar da McKinsey a liderança de mercado na área de consultoria estratégia para administradores.
As discussões para a fusão da firma alemã com a prática de consultoria estratégica da Deloitte dão um maior ímpeto à atividade de consolidação que está ocorrendo este ano no setor de consultoria.
As negociações acontecem depois da aquisição da Hewitt Associates pela Aon por US$ 4,9 bilhões - um negócio que reforçou o braço de consultoria de recursos humanos da Aon - e das negociações de fusão entre a Booz & Co. e a AT Kearney, que terminaram, sem sucesso, no terceiro trimestre.
A nova firma se chamará Roland Berger Deloitte Strategy Consultants. Martin Wittig, executivo-chefe da Roland Berger, será o executivo-chefe da nova empresa, segundo uma pessoa familiarizada com a operação. Jeff Watts, diretor de operações e estratégia global da Deloitte, será vice-executivo-chefe, segundo a mesma fonte.
A Deloitte confirmou na noite de quarta-feira que as discussões estão em estágio avançado. "Temos a empolgante ambição de criar uma consultoria de estratégia líder de mercado dentro da divisão de consultoria da Deloitte. Estamos no momento engajados nos processos de aprovação dos dois lados e esperamos concluir esta transação até o fim do ano", disse a companhia.
A Roland Berger confirmou que está negociando com a Deloitte a abertura de "novas e fascinantes possibilidades de crescimento" para a firma. "O mercado de consultoria de estratégias está se movimentando e todos os participantes realizam discussões regulares com os concorrentes e outras organizações", afirmou a companhia.
No entanto, a empresa emitiu uma nota de cautela antes de uma reunião de seus 200 sócios no mês que vem. "Como uma parceria de fato, vamos explorar todos os assuntos importantes primeiro, e a fundo, entre os sócios. Nossa reunião dos sócios internacionais marcada para dezembro vai proporcionar a plataforma certa para fazermos isso", disse A Roland Berger.
A Deloitte está organizada como uma rede mundial de firmas individuais que cobrem principalmente apenas um país cada. Acredita-se que a fusão envolverá a transformação dos sócios da Roland Berger em sócios da organização nacional relevante da Deloitte, mas os detalhes sobre como isso será feito não foram anunciados na noite de quarta-feira. Fundada em 1967, a Roland Berger está presente em mais de duas dezenas de países e registrou receita de € 616 milhões em 2009.
Enquanto isso, a Deloitte obteve receitas de consultoria de US$ 7,5 bilhões no exercício encerrado em 31 de maio, comparado aos US$ 11,7 bilhões que ela obteve com as atividades de auditoria, que tradicionalmente são o coração da organização. Acrescentando-se os impostos e o trabalho de consultoria financeira, a receita total da Deloitte foi de US$ 26,6 bilhões.
Uma pessoa a par das negociações disse que a presença da Roland Berger na Alemanha, outros mercados europeus e Ásia complementará a distribuição geográfica da Deloitte.
A Deloitte comprou a maior parte do braço de consultoria de serviços públicos da BearingPoint na América do Norte por US$ 350 milhões no ano passado. (Mário Zamarian)
Fenacon
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