Serviços: Atraso de cinco meses para a criação da Boa Vista se deve, em parte, à resistência de lojistas
Aline Lima e Carolina Mandl De São Paulo
25/10/2010
Aline Lima e Carolina Mandl De São Paulo
25/10/2010
Com cinco meses de atraso, a nova empresa do mercado de análise de crédito a ser formada a partir da transformação do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) em sociedade anônima deve ser lançada em novembro. Batizada de Boa Vista Serviços (BVS), a companhia está sendo avaliada em cerca de R$ 1bilhão, segundo apurou o Valor. A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) ficaria com 65% das ações e o fundo de private equity da gestora TMG, com 25%. O capital restante de 10% seria dividido entre o Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro, a Associação Comercial do Paraná e a Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre.
A ideia de transformar o SCPC em empresa a partir da reunião dos bancos de dados dessas associações tem por objetivo fazer frente ao avanço da concorrência, especialmente da Serasa, que em junho de 2007 vendeu 65% de seu capital para a irlandesa Experian, por R$ 2,3 bilhões. Hoje, a Serasa Experian detém 60% de participação de mercado, enquanto o SCPC tem uma fatia de 22%.
Mas o plano de criação da Boa Vista tem enfrentado a resistência dos próprios parceiros envolvidos no projeto. O imbróglio já compromete o cronograma do empreendimento, que estava previsto para ser lançado no início de junho, quando seria finalizado o processo de "due dilligence".
A ideia de transformar o SCPC em empresa a partir da reunião dos bancos de dados dessas associações tem por objetivo fazer frente ao avanço da concorrência, especialmente da Serasa, que em junho de 2007 vendeu 65% de seu capital para a irlandesa Experian, por R$ 2,3 bilhões. Hoje, a Serasa Experian detém 60% de participação de mercado, enquanto o SCPC tem uma fatia de 22%.
Mas o plano de criação da Boa Vista tem enfrentado a resistência dos próprios parceiros envolvidos no projeto. O imbróglio já compromete o cronograma do empreendimento, que estava previsto para ser lançado no início de junho, quando seria finalizado o processo de "due dilligence".
As divergências internas despontam em diferentes frentes, e vão desde o receio dos funcionários das entidades de perder seus postos até ações formalizadas de rejeição ao projeto. A participação da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre na sociedade, por exemplo, está sendo contestada pela Federação do Rio Grande do Sul (FCDL), que reúne as entidades do Estado, num movimento que pode se espalhar por todo o país.
Procuradas, as associações de Paraná, Porto Alegre e Rio de Janeiro informaram que o porta-voz é a Associação Comercial de São Paulo - que, por sua vez, não comenta o assunto. A gestora TMG disse que não iria comentar o assunto.
Por ceder suas bases de dados, que migrariam para a nova SCPC, caberia à associação do Rio de Janeiro R$ 32 milhões, à do Paraná, R$ 25 milhões, e à de Porto Alegre, R$ 16 milhões. Cada valor foi calculado de acordo com o volume de informações comportado por cada uma delas. As quantias deverão ser pagas tanto em dinheiro como em ações.
O Valor apurou também que o volume de recursos a ser aportada pela TMG, calculado em R$ 277 milhões, ficou superior ao montante que o fundo pretendia desembolsar inicialmente. Por isso, o TMG estaria conversando com alguns investidores para que entrassem com mais dinheiro. O fundo levantado recentemente pela TMG é de US$ 275 milhões.
Mas são justamente esses bancos regionais de informações, que contêm o histórico de crédito de milhões de pessoas, o motivo em torno do qual se criou um racha interno entre os parceiros do projeto. "Qual vai ser o preço dessa informação depois que o serviço passar das mãos das entidades para uma empresa privada? Ninguém sabe", reclama Vítor Augusto Kock, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul. "Será que vamos ter de pagar mais por um banco de dados que nós mesmos alimentamos", questiona ele.
Se antes de fazer sua estreia no mercado a Boa Vista já enfrenta a desconfiança das próprias entidades lojistas, a situação não deverá ficar mais confortável quando a empresa começar a atuar. Para disputar mercado em pé de igualdade com a Serasa Experian, especialistas alertam para a necessidade de atualização dos equipamentos e sistemas utilizados atualmente pelo SCPC. Em conversa recente com o economista da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, ocorrida em julho deste ano, ele afirmou que os investimentos na nova empresa só seriam avaliados depois que a Boa Vista começasse, de fato, a operar.
Na mesma ocasião, Solimeo defendeu a necessidade de recrutar profissionais para a nova empresa. "Nosso quadro é competente, mas foi formado dentro de uma entidade", ponderou. "Não se trata de falta de conhecimento de mercado, mas de mentalidade empresarial."
Procuradas, as associações de Paraná, Porto Alegre e Rio de Janeiro informaram que o porta-voz é a Associação Comercial de São Paulo - que, por sua vez, não comenta o assunto. A gestora TMG disse que não iria comentar o assunto.
Por ceder suas bases de dados, que migrariam para a nova SCPC, caberia à associação do Rio de Janeiro R$ 32 milhões, à do Paraná, R$ 25 milhões, e à de Porto Alegre, R$ 16 milhões. Cada valor foi calculado de acordo com o volume de informações comportado por cada uma delas. As quantias deverão ser pagas tanto em dinheiro como em ações.
O Valor apurou também que o volume de recursos a ser aportada pela TMG, calculado em R$ 277 milhões, ficou superior ao montante que o fundo pretendia desembolsar inicialmente. Por isso, o TMG estaria conversando com alguns investidores para que entrassem com mais dinheiro. O fundo levantado recentemente pela TMG é de US$ 275 milhões.
Mas são justamente esses bancos regionais de informações, que contêm o histórico de crédito de milhões de pessoas, o motivo em torno do qual se criou um racha interno entre os parceiros do projeto. "Qual vai ser o preço dessa informação depois que o serviço passar das mãos das entidades para uma empresa privada? Ninguém sabe", reclama Vítor Augusto Kock, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul. "Será que vamos ter de pagar mais por um banco de dados que nós mesmos alimentamos", questiona ele.
Se antes de fazer sua estreia no mercado a Boa Vista já enfrenta a desconfiança das próprias entidades lojistas, a situação não deverá ficar mais confortável quando a empresa começar a atuar. Para disputar mercado em pé de igualdade com a Serasa Experian, especialistas alertam para a necessidade de atualização dos equipamentos e sistemas utilizados atualmente pelo SCPC. Em conversa recente com o economista da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, ocorrida em julho deste ano, ele afirmou que os investimentos na nova empresa só seriam avaliados depois que a Boa Vista começasse, de fato, a operar.
Na mesma ocasião, Solimeo defendeu a necessidade de recrutar profissionais para a nova empresa. "Nosso quadro é competente, mas foi formado dentro de uma entidade", ponderou. "Não se trata de falta de conhecimento de mercado, mas de mentalidade empresarial."
Valor Econômico
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