Planalto não chega à conclusão sobre preço e volume de barris que irão para Petrobras.
Por Paulo de Tarso Lyra e Luciana Ottoni, de Brasília 26/08/2010
Após mais um dia de reuniões em Brasília, governo e Petrobras não chegaram a um acordo sobre o preço do barril para ser usado como base na capitalização da companhia. Esse valor servirá como parâmetro para a venda de até cinco bilhões de barris para a estatal.
Depois do almoço com o presidente de Guiné Bissau, Malam Sanhá, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dimensionou o impasse. "Eu estou aqui para tomar a decisão política. Os técnicos, a decisão técnica. Quando os técnicos chegarem a um acordo, eu tomo a decisão política."
Dois impasses dificultam o acordo: o preço em si e as divergências na estimativa dos campos de petróleo que serão envolvidos na negociação.
Fontes ouvidas pelo Valor afirmaram que os preços sugeridos até o momento são melhores para a estatal do que para a União. Uma hipótese que ganha força é de um preço de US$ 8, mas esses valores oscilam de US$ 5 a US$ 15. O governo espera uma proposta que equilibre os interesses da Petrobras e a visão estratégica que o Planalto tem do setor de petróleo.
Mas a Petrobras também tem dúvidas sobre o tema, especialmente quanto ao tamanho do reservatório de Franco, na Bacia de Santos, que deverá ser um dos campos envolvidos na negociação.
Estimativas da Agência Nacional de Petróleo (ANP) apontam que o campo tem capacidade de produção de 4,5 bilhões de barris de petróleo na camada pré-sal. Para a Petrobras, esse valor não chega a 4 bilhões. Em outra área próxima ao campo de Tupi, a diferença entre as duas análises é de 30%.
No Ministério da Fazenda, o ministro Guido Mantega mudou de postura e tem evitado falar em público sobre o assunto. A área considerou o prazo de 30 de setembro apertado e tentou negociar um alongamento para ter mais tempo de discutir as condições da "cessão onerosa" dos 5 bilhões de barris do Tesouro para a Petrobras.
A Fazenda avalia que a situação é delicada e que declarações que possam ser mal interpretadas podem gerar a publicação de fatos relevantes e contribuir ainda mais para a perda de valor de mercado da Petrobras.
Dois meses atrás, o ministro Mantega chegou a cogitar a existência de um plano B para a capitalização. Após tais conjecturas, a Petrobras teve que publicar nota oficial para desmentir a exigência de um plano alternativo à capitalização via contrato da cessão onerosa.
Até ontem, a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, mantinha a data de 30 de setembro para a assinatura do contrato de cessão onerosa entre a União e a Petrobras. Ou seja, tanto o preço do barril quanto o volume da reserva devem ser definidos até segunda-feira para haver tempo hábil para a realização da oferta de ações.
Desde que a operação da Petrobras foi anunciada, há cerca de um ano, é grande a expectativa do mercado. Analistas e investidores estimam que a oferta da companhia será uma das maiores do mercado de capitais global, alcançando pelo menos US$ 50 bilhões.
As ações da estatal estavam em alta no fim da tarde de ontem, depois de um desempenho fraco durante a maior parte do dia. A ação ordinária subia 2,30% e a preferencial, 1,75%. (Colaborou Rafael Bitencourt).
Por Paulo de Tarso Lyra e Luciana Ottoni, de Brasília 26/08/2010
Após mais um dia de reuniões em Brasília, governo e Petrobras não chegaram a um acordo sobre o preço do barril para ser usado como base na capitalização da companhia. Esse valor servirá como parâmetro para a venda de até cinco bilhões de barris para a estatal.
Depois do almoço com o presidente de Guiné Bissau, Malam Sanhá, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dimensionou o impasse. "Eu estou aqui para tomar a decisão política. Os técnicos, a decisão técnica. Quando os técnicos chegarem a um acordo, eu tomo a decisão política."
Dois impasses dificultam o acordo: o preço em si e as divergências na estimativa dos campos de petróleo que serão envolvidos na negociação.
Fontes ouvidas pelo Valor afirmaram que os preços sugeridos até o momento são melhores para a estatal do que para a União. Uma hipótese que ganha força é de um preço de US$ 8, mas esses valores oscilam de US$ 5 a US$ 15. O governo espera uma proposta que equilibre os interesses da Petrobras e a visão estratégica que o Planalto tem do setor de petróleo.
Mas a Petrobras também tem dúvidas sobre o tema, especialmente quanto ao tamanho do reservatório de Franco, na Bacia de Santos, que deverá ser um dos campos envolvidos na negociação.
Estimativas da Agência Nacional de Petróleo (ANP) apontam que o campo tem capacidade de produção de 4,5 bilhões de barris de petróleo na camada pré-sal. Para a Petrobras, esse valor não chega a 4 bilhões. Em outra área próxima ao campo de Tupi, a diferença entre as duas análises é de 30%.
No Ministério da Fazenda, o ministro Guido Mantega mudou de postura e tem evitado falar em público sobre o assunto. A área considerou o prazo de 30 de setembro apertado e tentou negociar um alongamento para ter mais tempo de discutir as condições da "cessão onerosa" dos 5 bilhões de barris do Tesouro para a Petrobras.
A Fazenda avalia que a situação é delicada e que declarações que possam ser mal interpretadas podem gerar a publicação de fatos relevantes e contribuir ainda mais para a perda de valor de mercado da Petrobras.
Dois meses atrás, o ministro Mantega chegou a cogitar a existência de um plano B para a capitalização. Após tais conjecturas, a Petrobras teve que publicar nota oficial para desmentir a exigência de um plano alternativo à capitalização via contrato da cessão onerosa.
Até ontem, a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, mantinha a data de 30 de setembro para a assinatura do contrato de cessão onerosa entre a União e a Petrobras. Ou seja, tanto o preço do barril quanto o volume da reserva devem ser definidos até segunda-feira para haver tempo hábil para a realização da oferta de ações.
Desde que a operação da Petrobras foi anunciada, há cerca de um ano, é grande a expectativa do mercado. Analistas e investidores estimam que a oferta da companhia será uma das maiores do mercado de capitais global, alcançando pelo menos US$ 50 bilhões.
As ações da estatal estavam em alta no fim da tarde de ontem, depois de um desempenho fraco durante a maior parte do dia. A ação ordinária subia 2,30% e a preferencial, 1,75%. (Colaborou Rafael Bitencourt).
Valor Econômico
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