Para projetos inovadores, o governo oferece até recursos “de graça”, mas você está preparado para consegui-lo?
Nasci nos anos 60, mais especificamente em 1963. Na fase escolar iniciada em 1969, com 06 incompletos anos, exigi que meus pais me matriculassem na escola ( não sei porque!!). Por motivos financeiros, me puseram em escola pública, que por sinal na época era bem melhor que a privada. Corria inclusive um jargão na época para essas escolas dos ricos: “pai pagô, filho passô”!!
E assim, nascido em pleno regime militar, passei toda a vida escolar alienado da situação política do país. Desfilava todo 7 de setembro orgulhosamente, empunhando bandeiras com dizeres como “Ame-o ou deixe-o” sem ter a mínima idéia do que se tratava. A “propaganda” política conduzia-nos a amar o país e ter medo dos comunistas que ‘comiam criancinhas’. Fiquei sabendo muito depois que falar mal do governo acarretava em alguns desaparecimentos!
Fazendo um paralelo da época e hoje, com todo o avanço da democracia brasileira, agora empreendedor e não mais alienado, vejo uma situação oposta. Com a abertura política, começamos a reclamar, e reclamar muito. Com razão? Sim, com certeza, temos os impostos mais altos do mundo, barreiras burocráticas, leis trabalhistas ultrapassadas, chineses “roubando” nosso mercado e dezenas de outros problemas. Ficamos críticos, e a culpa de todas as mazelas e fracassos agora tem culpado. E não é mais proibido reclamar.
Em 2004/2005 a Lei da Inovação e Lei do Bem abriu portas que mudaram significantemente a relação “Governo, Universidade e Empresas”. A partir dessa lei foram criados mecanismos que possibilitaram que as empresas, que detém o poder da inovação ao criar produtos para o mercado, pudessem fazer parcerias de pesquisa e desenvolvimento com as universidades, que detém o poder do conhecimento.
Entre vários mecanismos para fomentar essa interface foi lançado em 2006 pela FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) o primeiro edital de Subvenção (Recursos Não-Reembolsáveis) para projetos inovadores das empresas privadas. E, ao longo desses anos, a própria FINEP foi se aperfeiçoando através do processo “learning by doing”, que culminou no último edital, no qual foram disponibilizado R$ 500 milhões.
Menos da metade dos recursos foram aprovados, pois faltaram projetos inovadores para consumi-los. Ainda em fase de análises, porém, o principal motivo levantado dessa sobra foi a inclusão, como exigência do edital, de um simples plano de negócios. E, assim, caímos na velha tentação de buscar recursos a ‘fundo perdido”, para desenvolver uma ‘idéia’ sem ao menos, através de um bom plano de negócios, confirmar sua viabilidade.
Concluo com uma reflexão, aberto evidentemente a opiniões contrárias: “Ficamos anos calados por conta de uma ditadura, com a ‘abertura’ iniciamos um processo de colocar grande parte da culpa no governo de nossos fracassos empresariais e, quando surgem oportunidades, como os programas governamentais de apoio ao empresário (Veja FINEP / BNDES / CNPq) não estamos preparados para usufruí-los em sua plenitude. Podemos assumir “mea-culpa”?
No próximo artigo, abordarei o abc da obtenção das linhas de créditos governamentais. Aguardem.
Roberto Alcântara é presidente e fundador da Angelus - Indústria de Produtos Odontológicos S/A, Empreendedor Endeavor desde 2008, e também escreveu sobre metas para inovação.
Fonte: Endeavor
http://www.endeavor.org.br/endeavor_mag/financas/acesso-a-capital-linhas-de-fomento/hay-gobierno-soy-contra
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