Na nova era, as competências tão valorizadas no século 20 deixaram de ser as mais importantes. O “efeito-Ásia” é um dos movimentos da economia mundial que impulsionam mudanças que afetam nosso modo de trabalhar e nossa capacidade de sobreviver.
Entramos na Era Conceitual, tempo em que aqueles que são criativos e têm capacidade de empatia são os personagens centrais. Esse foi O ponto principal da palestra realizada por Daniel Pink no Fórum HSM Inovação & Crescimento, realizado nos dias 28 e 29 de junho. Conhecido por instigar as pessoas a não pensarem de maneira convencional, o consultor começou sua apresentação oferecendo um panorama sobre os movimentos globais que mudam a natureza do trabalho e impactam a sobrevivência de indivíduos e organizações.
Pink recordou como era a visão de futuro na segunda metade do século 20: “Nasci em uma família de classe média norte-americana. Meus pais me deram conselhos que pais em muitos países do mundo também davam aos seus filhos: ‘Estude, tire boas notas e escolha uma carreira que lhe dê estabilidade econômica, como engenharia, direito ou contabilidade’”. Foi assim que ele optou por direito, mas nunca exerceu a profissão.
Para seguir a recomendação dos pais do século passado, era preciso desenvolver um conjunto de competências que ainda são importantes no mundo atual – mas não suficientes, nem tampouco as mais importantes. “No entanto, em muitos países, essas novas competências ainda não são muito valorizadas”, comentou o palestrante.
Uma metáfora para a nova ordem
Pink escolheu a metáfora do cérebro humano para explicar o que acontece no mercado de trabalho do Brasil e de todo o mundo depois da grande crise iniciada em 2008. “Embora usemos os dois hemisférios do cérebro em tudo o que fazemos, ainda trabalhamos com a ideia de que cada lado seja um departamento diferente do outro. Em poucas palavras, enquanto o direito processa tudo de uma única vez, realizando sínteses, o esquerdo funciona em atividades sequenciais, realizando análise”, resumiu o consultor.
Transmitida a imagem, a analogia principal foi apresentada: antigamente, a competência mais importante de qualquer empresa eram características do hemisfério esquerdo, que é lógico, linear, sequencial. Ainda que determinem competências essenciais, as competências características do lado direito são as mais valorizadas hoje, tanto no nível do desempenho individual como organizacional ou até de países. São elas que definem, por exemplo, quem será promovido e quais economias vão prosperar.
Vetores de mudança
Pink identificou três forças muito poderosas que fazem com que o mundo penda para as competências do lado direito do cérebro: Ásia, automação e abundância.
Quando se refere à Ásia, o palestrante trata de um fenômeno que é muito evidente na Índia, onde há, por exemplo, cada vez mais jovens que desenvolvem softwares para empresas norte-americanas. “Em Washington, um jovem seria remunerado em US$ 70 mil por ano. Na Índia, eles recebem menos de um terço desse valor”.
Na visão de Pink, os fornecedores de baixo custo orientais afetarão muito a vida no Ocidente, e esse efeito é ainda desconhecido, mas ele citou alguns fatores de alto impacto, como a grande vantagem da Índia: 1 bilhão de habitantes. “Se apenas 15% dos indianos forem talentosos e ambiciosos e pertencerem à classe média, já serão 150 milhões de pessoas”, calculou.
A comparação foi feita com os Estados Unidos: somando todos os trabalhadores remunerados dos Estados Unidos, temos 140 milhões de pessoas. “Ainda que 85% dos indianos fiquem para trás, haverá mais indianos talentosos e educados do que pessoas trabalhando na maior economia do mundo.” Além disso, na Índia, há mais pessoas que falam inglês, a língua universal dos negócios do que nos Estados Unidos. “Um indiano pode falar com o Brasil, onde também muita gente fala inglês, praticamente de graça, pelo Skype”.
Nas economias mais avançadas, há uma palavra que vem sendo rechaçada: “rotina”. Assim, quando o trabalho é rotineiro (segue um roteiro, contém várias etapas, tem uma resposta certa), ele já não tem valor. Resultado: migra para qualquer parte do mundo onde possa ser feito de maneira mais barata. “Já vimos isso acontecer com a manufatura, agora vemos no desenvolvimento de softwares”.
Continue acompanhando a cobertura da palestra de Daniel Pink e conheça as duas outras forças impulsionadoras da mudança e as competências valorizadas na Era Conceitual.
Portal HSM
29/06/2011
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