
Com a vinda de várias empresas, o português do Brasil é cada vez mais ouvido na City.
Nick Anstee
19/10/2010
Simon Dawson/Bloomberg
Como embaixador eleito da indústria de serviços financeiros britânica, passo 90 dias por ano viajando pelo mundo para fortalecer as ligações de Londres com mercados importantes e em ascensão, como o Brasil.
Mesmo com a gradativa recuperação de Londres e de outros centros mundiais da crise financeira global, as relações com mercados estrangeiros permanecem muito importantes - especialmente para a City de Londres, cuja reputação é devida, em grande parte, às suas negociações internacionais.
Com 19% de empréstimos internacionais, é o maior centro para operações de empréstimos envolvendo mais de um país e o centro financeiro da Europa, sendo a sede de mais de 300 bancos estrangeiros diferentes.
Nick Anstee
19/10/2010
Simon Dawson/Bloomberg
Como embaixador eleito da indústria de serviços financeiros britânica, passo 90 dias por ano viajando pelo mundo para fortalecer as ligações de Londres com mercados importantes e em ascensão, como o Brasil.
Mesmo com a gradativa recuperação de Londres e de outros centros mundiais da crise financeira global, as relações com mercados estrangeiros permanecem muito importantes - especialmente para a City de Londres, cuja reputação é devida, em grande parte, às suas negociações internacionais.
Com 19% de empréstimos internacionais, é o maior centro para operações de empréstimos envolvendo mais de um país e o centro financeiro da Europa, sendo a sede de mais de 300 bancos estrangeiros diferentes.
As ligações entre o centro financeiro de Londres e o Brasil costumavam ser muito fracas: as empresas da City não se davam ao trabalho de viajar até o Rio ou São Paulo, e os brasileiros à procura de parceiros e investimentos internacionais se voltavam para os EUA e outros países mais próximos.
Tudo isso vêm mudando à medida que se intensificam as parcerias entre nossos países - e já não era sem tempo. Com a abertura dos escritórios do BNDES em Londres, ao lado da Mansion House, onde trabalho, e a 50 metros do Bank of England, o banco central britânico, o Brasil mostra, de fato, sua intenção de ver empresas brasileiras assumirem um papel muito mais ativo no cenário global. A Petrobras e a BM&FBovespa também estão presente em Londres, e o português do Brasil é cada vez mais ouvido nas ruas da City.
Este tem sido um período difícil em Londres, com a redução de aproximadamente 30 mil funcionários ou 10% da força de trabalho financeira na "square mile" comercial desde o início da crise. Apesar da forte intervenção governamental em outras partes do mundo, Londres permaneceu determinada e focada em uma abordagem liberal de abertura de mercado. A solidez dos negócios nas áreas de seguros, fusões e aquisições desempenhou um papel importante, assim como um mercado ativo de aquisições de empresas e um mercado imobiliário estável.
De fato, o relatório de desenvolvimento financeiro do Fórum Econômico Mundial do ano passado mencionava o Reino Unido como o principal polo financeiro internacional justamente graças a essa abertura.
Agora, a maioria dos bancos britânicos está bem à frente da curva de recapitalização, e muitos se encontram confortavelmente dentro dos parâmetros do Acordo de Basileia 3.
No Brasil, há muitos sinais de que as empresas britânicas têm desempenhado um papel mais ativo, como, por exemplo, o amplamente bem-sucedido lançamento da empresa de seguros Lloyd's of London no Rio, a participação de consultores britânicos em importantes projetos de infraestrutura para companhias de petróleo e gás, além de iniciativas nas áreas de capacitação e educação. Ademais, muitas empresas sediadas em Londres que administram grandes fundos de investimento, por exemplo, veem o Brasil como crucial para seus projetos.
O Brasil é um importante parceiro, não apenas devido ao forte crescimento econômico dos últimos anos e estabilidade financeira, mas também graças à estabilidade política e às medidas adotadas para promover a justiça social.
Há uma verdadeira fila de ministros e autoridades de alto escalão de ambos os governos viajando entre os dois países. A Olimpíada de 2012, em Londres, e a de 2016, no Rio, estão gerando parcerias, inclusive em relação à Copa no Brasil em 2014 e nossa campanha pela Copa na Inglaterra em 2018.
Acredito que essa mudança seja devida ao que muitos chamam de nova geografia, que é diferente daquela encontrada em um atlas comum, onde Londres aparece em um cantinho da Europa e o Brasil, no outro extremo do mapa.
No mundo dos serviços financeiros, Londres está bem no centro do mapa, bastando alguns cliques de mouse para comunicação instantânea com São Paulo, Rio, China, os países do Golfo Pérsico, a América do Norte, Índia, Rússia e qualquer outro mercado importante ou em rápido crescimento.
Foi esse o motivo de o BNDES ter se instalado em Londres, pois essa Londres Internacional é a base natural para quem quiser realizar operações financeiras mundo afora ou ajudar suas empresas locais a se tornarem globais.
Uma forma de o BNDES fazer isso é financiando aquisições de empresas europeias ou facilitando empreendimentos conjuntos. Enquanto várias empresas brasileiras, tais como a Petrobras, são atores globais, empresas menos conhecidas têm investido em serviços de TI e na área farmacêutica. O BNDES tem relações muito próximas com várias empresas de capital de risco sediadas em Londres, e há claras oportunidades de colaboração entre empresas britânicas e brasileiras nas áreas de biotecnologia, baixo carbono, tecnologia verde e sustentabilidade.
O aglomerado financeiro da City de Londres é um centro comercial tradicional, onde grande parte do mundo se reúne para realizar negócios financeiros. Em outras palavras, Londres é o palco para protagonistas globais que precisam de uma plataforma que lhes permita realizar seus negócios em todo o mundo. Sua localização em um fuso horário que possibilita contatos com o ocidente e o oriente no mesmo dia é um enorme benefício, além do fato de Londres ser o lar de um grande número de investidores e funcionários qualificados. Há ainda um sistema jurídico confiável e pragmático que fornece respostas rápidas, boa infraestrutura, além das oportunidades culturais e de networking de uma grande metrópole.
Se você é um empresário brasileiro e pretende expandir seus negócios para a Índia com a ajuda de investimentos do Golfo e da Rússia, então, Londres é o local certo para começar. A City tornou-se o lar de empresas de todas as partes do mundo. Atualmente, um quarto das empresas em Londres - 20 mil empresas - é estrangeiro. É sede de quatro das seis principais firmas de advocacia do mundo e é um líder ocidental de investimentos do mundo islâmico, sendo também a sede europeia de mais de um terço da lista das 500 principais empresas da revista "Fortune". A City de Londres atua como um ímã de investimentos globais. Bússolas de negócios de todo o mundo alinham seus ponteiros em direção à cidade.
Tudo isso vêm mudando à medida que se intensificam as parcerias entre nossos países - e já não era sem tempo. Com a abertura dos escritórios do BNDES em Londres, ao lado da Mansion House, onde trabalho, e a 50 metros do Bank of England, o banco central britânico, o Brasil mostra, de fato, sua intenção de ver empresas brasileiras assumirem um papel muito mais ativo no cenário global. A Petrobras e a BM&FBovespa também estão presente em Londres, e o português do Brasil é cada vez mais ouvido nas ruas da City.
Este tem sido um período difícil em Londres, com a redução de aproximadamente 30 mil funcionários ou 10% da força de trabalho financeira na "square mile" comercial desde o início da crise. Apesar da forte intervenção governamental em outras partes do mundo, Londres permaneceu determinada e focada em uma abordagem liberal de abertura de mercado. A solidez dos negócios nas áreas de seguros, fusões e aquisições desempenhou um papel importante, assim como um mercado ativo de aquisições de empresas e um mercado imobiliário estável.
De fato, o relatório de desenvolvimento financeiro do Fórum Econômico Mundial do ano passado mencionava o Reino Unido como o principal polo financeiro internacional justamente graças a essa abertura.
Agora, a maioria dos bancos britânicos está bem à frente da curva de recapitalização, e muitos se encontram confortavelmente dentro dos parâmetros do Acordo de Basileia 3.
No Brasil, há muitos sinais de que as empresas britânicas têm desempenhado um papel mais ativo, como, por exemplo, o amplamente bem-sucedido lançamento da empresa de seguros Lloyd's of London no Rio, a participação de consultores britânicos em importantes projetos de infraestrutura para companhias de petróleo e gás, além de iniciativas nas áreas de capacitação e educação. Ademais, muitas empresas sediadas em Londres que administram grandes fundos de investimento, por exemplo, veem o Brasil como crucial para seus projetos.
O Brasil é um importante parceiro, não apenas devido ao forte crescimento econômico dos últimos anos e estabilidade financeira, mas também graças à estabilidade política e às medidas adotadas para promover a justiça social.
Há uma verdadeira fila de ministros e autoridades de alto escalão de ambos os governos viajando entre os dois países. A Olimpíada de 2012, em Londres, e a de 2016, no Rio, estão gerando parcerias, inclusive em relação à Copa no Brasil em 2014 e nossa campanha pela Copa na Inglaterra em 2018.
Acredito que essa mudança seja devida ao que muitos chamam de nova geografia, que é diferente daquela encontrada em um atlas comum, onde Londres aparece em um cantinho da Europa e o Brasil, no outro extremo do mapa.
No mundo dos serviços financeiros, Londres está bem no centro do mapa, bastando alguns cliques de mouse para comunicação instantânea com São Paulo, Rio, China, os países do Golfo Pérsico, a América do Norte, Índia, Rússia e qualquer outro mercado importante ou em rápido crescimento.
Foi esse o motivo de o BNDES ter se instalado em Londres, pois essa Londres Internacional é a base natural para quem quiser realizar operações financeiras mundo afora ou ajudar suas empresas locais a se tornarem globais.
Uma forma de o BNDES fazer isso é financiando aquisições de empresas europeias ou facilitando empreendimentos conjuntos. Enquanto várias empresas brasileiras, tais como a Petrobras, são atores globais, empresas menos conhecidas têm investido em serviços de TI e na área farmacêutica. O BNDES tem relações muito próximas com várias empresas de capital de risco sediadas em Londres, e há claras oportunidades de colaboração entre empresas britânicas e brasileiras nas áreas de biotecnologia, baixo carbono, tecnologia verde e sustentabilidade.
O aglomerado financeiro da City de Londres é um centro comercial tradicional, onde grande parte do mundo se reúne para realizar negócios financeiros. Em outras palavras, Londres é o palco para protagonistas globais que precisam de uma plataforma que lhes permita realizar seus negócios em todo o mundo. Sua localização em um fuso horário que possibilita contatos com o ocidente e o oriente no mesmo dia é um enorme benefício, além do fato de Londres ser o lar de um grande número de investidores e funcionários qualificados. Há ainda um sistema jurídico confiável e pragmático que fornece respostas rápidas, boa infraestrutura, além das oportunidades culturais e de networking de uma grande metrópole.
Se você é um empresário brasileiro e pretende expandir seus negócios para a Índia com a ajuda de investimentos do Golfo e da Rússia, então, Londres é o local certo para começar. A City tornou-se o lar de empresas de todas as partes do mundo. Atualmente, um quarto das empresas em Londres - 20 mil empresas - é estrangeiro. É sede de quatro das seis principais firmas de advocacia do mundo e é um líder ocidental de investimentos do mundo islâmico, sendo também a sede europeia de mais de um terço da lista das 500 principais empresas da revista "Fortune". A City de Londres atua como um ímã de investimentos globais. Bússolas de negócios de todo o mundo alinham seus ponteiros em direção à cidade.
Nick Anstee é Lord Mayor de Londres
Valor Econômico
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