Participação da divisa brasileira em transações globais quase dobrou
Assis Moreira, de Genebra 01/09/2010
O mercado de câmbio no Brasil mais que dobrou de 2007 a 2010, passando de US$ 5,8 bilhões para US$ 14,2 bilhões por dia, na média, revela o Banco Internacional de Compensação (BIS), espécie de banco dos bancos centrais. O volume no país representa 0,3% do mercado mundial de moedas. É várias vezes maior do que o mercado da Argentina, que gira US$ 1,6 bilhão por dia, mas menor que o do México, com US$ 17 bilhões, e da China com US$ 19,8 bilhões.
O BIS mostra também a fatia do giro dos contratos de câmbio envolvendo o real em todo o mundo alcançou US$ 28 bilhões por dia, em abril, quase dobrando de 0,4% para 0,7% das transações globais (como duas moedas são envolvidas em cada transação, a soma das percentagens é de 200% ao invés de 100%). Em comparação, os negócios com o yuan chinês representam 0,1% do total mundial, enquanto o peso mexicano tem fatia de 1,3%.
As transações envolvendo o par real/dólar americano atingem agora US$ 26 bilhões por dia, comparado a apenas US$ 5 bilhões no relatório de 2007 do BIS. Isso se explica também pelo fato de o banco pela primeira vez ter incluído dados dos outros países sobre as transações com a moeda brasileira, e não apenas os números fornecidos pelo Banco do Brasil.
Em junho, o banco dos bancos centrais destacou que o real se tornara a segunda moeda mais utilizada nos derivativos no mundo, só superada pelo dólar americano, mesmo se o volume no mercado à vista representar menos de 1% do total global.
O relatório mostra também que o giro dos derivativos com taxas de juros no Brasil chega a US$ 7,5 bilhões por dia (0,3% do total global) comparado a apenas US$ 100 milhões em 2007. Globalmente, essas transações cresceram 24%, totalizando US$ 2,1 trilhões em abril.
Para o especialista de câmbio Sidney Nehme, da NGO Corretora de Câmbio, em São Paulo, a atração do real se explica por duas razões. Primeiro, "é uma moeda extraordinária para ser especulada, porque o país tem um grau de risco muito baixo e taxas de juros muito elevadas, estimulando essas operações". E, segundo, nota que o mercado de câmbio tem limitação legal e só pode operar à vista, e as outras operações acabam sendo desviadas para o mercado de derivativos. "Não temos um mercado livre, o monopólio é dos bancos, que por sua vez têm posição vendida de uns US$ 12 bilhões hoje."
O mercado global de moedas já movimenta US$ 4 trilhões por dia, 20% a mais do que em 2007 e quase três vezes o tamanho do PIB do Brasil, diz o BIS. Para o BIS, o maior giro do mercado de moedas globalmente está associado a mais transações por parte de "outras instituições financeiras", categoria na qual o BIS junta hedge funds, fundos de pensão, companhias de seguros e bancos centrais.
A instituição destaca que o mercado de câmbio está cada vez mais global. Ainda mais, como notam certos analistas, porque muitas empresas continuam apostando no setor para tentar reduzir suas exposições ao risco, apesar dos desastres dos derivativos cambiais em países como o Brasil.
A parte das transações em dólar dos EUA continuou a declinar desde abril de 2001, quando o BIS começou a pesquisar o mercado de câmbio. Passou de 90% do total mundial em 2007 para 85% agora, enquanto o euro e o iene japonês ganharam 2% cada um. A fatia de moedas de 23 países emergentes cresceu para 14% comparado a 12,3% em 2007. As altas mais significativas envolvem a lira da Turquia, o won da Coreia do Sul, o real brasileiro e o dólar de Cingapura.
Assis Moreira, de Genebra 01/09/2010
O mercado de câmbio no Brasil mais que dobrou de 2007 a 2010, passando de US$ 5,8 bilhões para US$ 14,2 bilhões por dia, na média, revela o Banco Internacional de Compensação (BIS), espécie de banco dos bancos centrais. O volume no país representa 0,3% do mercado mundial de moedas. É várias vezes maior do que o mercado da Argentina, que gira US$ 1,6 bilhão por dia, mas menor que o do México, com US$ 17 bilhões, e da China com US$ 19,8 bilhões.
O BIS mostra também a fatia do giro dos contratos de câmbio envolvendo o real em todo o mundo alcançou US$ 28 bilhões por dia, em abril, quase dobrando de 0,4% para 0,7% das transações globais (como duas moedas são envolvidas em cada transação, a soma das percentagens é de 200% ao invés de 100%). Em comparação, os negócios com o yuan chinês representam 0,1% do total mundial, enquanto o peso mexicano tem fatia de 1,3%.
As transações envolvendo o par real/dólar americano atingem agora US$ 26 bilhões por dia, comparado a apenas US$ 5 bilhões no relatório de 2007 do BIS. Isso se explica também pelo fato de o banco pela primeira vez ter incluído dados dos outros países sobre as transações com a moeda brasileira, e não apenas os números fornecidos pelo Banco do Brasil.
Em junho, o banco dos bancos centrais destacou que o real se tornara a segunda moeda mais utilizada nos derivativos no mundo, só superada pelo dólar americano, mesmo se o volume no mercado à vista representar menos de 1% do total global.
O relatório mostra também que o giro dos derivativos com taxas de juros no Brasil chega a US$ 7,5 bilhões por dia (0,3% do total global) comparado a apenas US$ 100 milhões em 2007. Globalmente, essas transações cresceram 24%, totalizando US$ 2,1 trilhões em abril.
Para o especialista de câmbio Sidney Nehme, da NGO Corretora de Câmbio, em São Paulo, a atração do real se explica por duas razões. Primeiro, "é uma moeda extraordinária para ser especulada, porque o país tem um grau de risco muito baixo e taxas de juros muito elevadas, estimulando essas operações". E, segundo, nota que o mercado de câmbio tem limitação legal e só pode operar à vista, e as outras operações acabam sendo desviadas para o mercado de derivativos. "Não temos um mercado livre, o monopólio é dos bancos, que por sua vez têm posição vendida de uns US$ 12 bilhões hoje."
O mercado global de moedas já movimenta US$ 4 trilhões por dia, 20% a mais do que em 2007 e quase três vezes o tamanho do PIB do Brasil, diz o BIS. Para o BIS, o maior giro do mercado de moedas globalmente está associado a mais transações por parte de "outras instituições financeiras", categoria na qual o BIS junta hedge funds, fundos de pensão, companhias de seguros e bancos centrais.
A instituição destaca que o mercado de câmbio está cada vez mais global. Ainda mais, como notam certos analistas, porque muitas empresas continuam apostando no setor para tentar reduzir suas exposições ao risco, apesar dos desastres dos derivativos cambiais em países como o Brasil.
A parte das transações em dólar dos EUA continuou a declinar desde abril de 2001, quando o BIS começou a pesquisar o mercado de câmbio. Passou de 90% do total mundial em 2007 para 85% agora, enquanto o euro e o iene japonês ganharam 2% cada um. A fatia de moedas de 23 países emergentes cresceu para 14% comparado a 12,3% em 2007. As altas mais significativas envolvem a lira da Turquia, o won da Coreia do Sul, o real brasileiro e o dólar de Cingapura.
Valor Econômico
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