De São Paulo, Brasília e do Rio 20/08/2010
O cálculo considera todas as ações emitidas, incluindo aquelas mantidas em tesouraria
O cálculo considera todas as ações emitidas, incluindo aquelas mantidas em tesouraria
As incertezas sobre a capitalização provocaram nova baixa das ações da Petrobras na bolsa ontem, o que levou a estatal a perder o posto de empresa de maior valor de mercado do país para a Vale. Antes disso, apenas durante três dias, entre setembro e outubro de 2007, a mineradora tinha registrado valor superior ao da empresa de petróleo. O cálculo considera todas as ações emitidas, incluindo aquelas mantidas em tesouraria.
Desde que o aumento de capital bilionário foi anunciado, no fim de agosto de 2009, as ações da Petrobras patinam e a companhia já perdeu R$ 66,7 bilhões em valor de mercado, fechando ontem a R$ 253,1 bilhões. Em igual período, a Vale teve valorização de R$ 60,7 bilhões, atingindo capitalização de R$ 254,9 bilhões.
Os investidores reagiram mal às notícias de que a oferta de ações da Petrobras pode ser adiada para 2011 e também às indicações de que o laudo contratado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) teria apontado faixa de preço de US$ 10 a US$ 12 por barril a ser vendido à estatal.
Por enquanto, pessoas que participam da estruturação da operação seguem trabalhando com o cronograma para realizar a oferta até 30 de setembro. Se o prazo for perdido, a estatal considera que não será possível fazer a oferta neste ano.
Os dirigentes da estatal e os envolvidos na oferta sabem que o aumento substancial do barril afeta a viabilidade da operação, pois agiganta ainda mais a transação - cuja absorção pelo mercado nas proporções programadas já é desafiadora.
Como em qualquer negócio de compra e venda, o interesse da Petrobras é pagar menos e o do governo, receber mais. Até então, os investidores trabalhavam com a hipótese de que os 5 bilhões de barris sairiam entre US$ 5 e US$ 6 cada, embora admitissem que pudesse chegar à casa dos US$ 8.
A questão é que a conta do tamanho da capitalização é feita de trás para frente. O valor dos barris será equivalente ao que a União terá de aportar para manter sua fatia na empresa, que é de 32% do capital. Isso significa que a oferta total deve ter o tamanho de três vezes o valor a ser colocado pelo governo. E cada US$ 1 a mais no preço do barril representa um aumento de US$ 5 bilhões no volume da oferta.
Ao preço de US$ 12, por exemplo, a operação atingiria US$ 187,5 bilhões, sendo US$ 60 bilhões em barris e US$ 127 bilhões em dinheiro. Em moeda local, isso representa R$ 328 bilhões. É mais do que foi captado desde 2004 no Brasil em ofertas de ações e supera o limite do aumento de capital autorizado pela assembleia da Petrobras, de R$ 150 bilhões. O barril acima de US$ 8 já faz esse limite ser ultrapassado.
Uma alternativa para a companhia seria comprar menos de 5 bilhões de barris. Se a opção for convocar nova assembleia, o prazo de 30 de setembro certamente será ultrapassado.
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