Fernando Travaglini, de Brasília 25/08/2010
O resultado mais imediato é o aumento do risco global das carteiras dos bancos comerciais
A forte expansão dos empréstimos do BNDES começa a ter impacto negativo nas carteiras de crédito dos bancos comerciais. Atraídas por taxas de juros mais baixas, grandes e médias empresas migraram para o banco de desenvolvimento e, com isso, as linhas remanescentes nas outras instituições financeiras tiveram seu risco médio elevado. As consequências são custo do dinheiro e spread em alta e maior risco de inadimplência.
As operações de crédito do BNDES deram um salto de 45,4% em 12 meses, um crescimento quatro vezes maior do que os 11% de avanço dos empréstimos com recursos próprios dos bancos. Somente em julho, os empréstimos do banco oficial avançaram 4,7%, ante 0,4% das demais instituições financeiras.
O resultado mais imediato é o aumento do risco global das carteiras dos bancos comerciais, diz Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do Banco Central. "As empresas com risco mais baixo liquidaram os empréstimos feitos nos bancos e foram para os recursos direcionados", diz Lopes. Luiza Rodrigues, economista do Santander, aponta que houve de fato uma mudança na composição da carteira dos bancos, com reflexos nos números dos atrasos, que foram piores do que o esperado.
A inadimplência nas linhas de crédito para pessoas jurídicas interrompeu o ciclo de queda dos últimos meses, estabilizando-se ao redor de 3,6% desde março. O nível se mantém acima da média dos últimos cinco anos, que é de 2,5%, e surgem os primeiros sinais de piora. Os atrasos entre 15 e 90 dias, que sinalizam a tendência da interrupção de pagamentos, voltaram a aumentar em julho, de 1,8% para 1,9%. Nos descontos de duplicatas, o atraso no cumprimento dos compromissos subiu um ponto percentual e na conta garantida, 0,3 ponto.
Segundo análise do banco Goldman Sachs, a qualidade das carteiras ainda é estável, mas o estoque de crédito vencido há mais de 90 dias voltou a crescer e avançou 0,8%. O avanço foi maior nas carteiras dos bancos públicos, 3,2%, para R$ 15,35 bilhões, contra 0,9% dos privados (R$ 27,77 bilhões).
O segundo efeito direto da migração para os empréstimos do BNDES é a elevação das taxas médias cobradas pelos bancos por causa do maior risco das empresas remanescentes. Os juros cobrados das pessoas jurídicas subiram pelo terceiro mês consecutivo, de 26,3%, em média, em abril, para 28,7% em julho. Na conta garantida, subiram para 41,8% ao ano em julho, os maiores em dez anos, e no desconto de duplicata foi a 41,1% ao ano.
O resultado mais imediato é o aumento do risco global das carteiras dos bancos comerciais
A forte expansão dos empréstimos do BNDES começa a ter impacto negativo nas carteiras de crédito dos bancos comerciais. Atraídas por taxas de juros mais baixas, grandes e médias empresas migraram para o banco de desenvolvimento e, com isso, as linhas remanescentes nas outras instituições financeiras tiveram seu risco médio elevado. As consequências são custo do dinheiro e spread em alta e maior risco de inadimplência.
As operações de crédito do BNDES deram um salto de 45,4% em 12 meses, um crescimento quatro vezes maior do que os 11% de avanço dos empréstimos com recursos próprios dos bancos. Somente em julho, os empréstimos do banco oficial avançaram 4,7%, ante 0,4% das demais instituições financeiras.
O resultado mais imediato é o aumento do risco global das carteiras dos bancos comerciais, diz Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do Banco Central. "As empresas com risco mais baixo liquidaram os empréstimos feitos nos bancos e foram para os recursos direcionados", diz Lopes. Luiza Rodrigues, economista do Santander, aponta que houve de fato uma mudança na composição da carteira dos bancos, com reflexos nos números dos atrasos, que foram piores do que o esperado.
A inadimplência nas linhas de crédito para pessoas jurídicas interrompeu o ciclo de queda dos últimos meses, estabilizando-se ao redor de 3,6% desde março. O nível se mantém acima da média dos últimos cinco anos, que é de 2,5%, e surgem os primeiros sinais de piora. Os atrasos entre 15 e 90 dias, que sinalizam a tendência da interrupção de pagamentos, voltaram a aumentar em julho, de 1,8% para 1,9%. Nos descontos de duplicatas, o atraso no cumprimento dos compromissos subiu um ponto percentual e na conta garantida, 0,3 ponto.
Segundo análise do banco Goldman Sachs, a qualidade das carteiras ainda é estável, mas o estoque de crédito vencido há mais de 90 dias voltou a crescer e avançou 0,8%. O avanço foi maior nas carteiras dos bancos públicos, 3,2%, para R$ 15,35 bilhões, contra 0,9% dos privados (R$ 27,77 bilhões).
O segundo efeito direto da migração para os empréstimos do BNDES é a elevação das taxas médias cobradas pelos bancos por causa do maior risco das empresas remanescentes. Os juros cobrados das pessoas jurídicas subiram pelo terceiro mês consecutivo, de 26,3%, em média, em abril, para 28,7% em julho. Na conta garantida, subiram para 41,8% ao ano em julho, os maiores em dez anos, e no desconto de duplicata foi a 41,1% ao ano.
Valor Econômico
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