Zainab Fattah, Bloomberg 05/01/2010
O xeque de Dubai, Mohammed bin Rashid Al Maktoum, inaugurou ontem o edifício mais alto do mundo, um empreendimento que custou US$ 1,5 bilhão, mas que corre o risco de se tornar um problema gigantesco para muitos investidores.
Para Roy Cherry, analista do banco de investimento Shuaa Capital, o principal desafio para os investidores será alugar escritórios comerciais no edifício. Embora a maior parte de seus 200 andares seja residencial, a torre tem 37 andares para escritórios e lojas.
"Aqueles que compraram com a intenção de alugar terão dificuldades porque poucas empresas hoje podem justificar gastos com luxo", acredita Cherry.
A construção do prédio consumiu US$ 1,5 bilhão, segundo Mohammed Alabbar, presidente da construtora Emaar Properties. O governo de Dubai é dono de 30% da empresa.
Durante os cinco anos que durou a obra, o mercado imobiliário do emirado deixou de ter o melhor desempenho do mundo e passou a ter o pior, obrigando as autoridades a renegociarem empréstimos e a buscarem ajuda do vizinho Abu Dhabi. Ontem, na inauguração da torre, o xeque de Dubai deu outro nome para o prédio: de Burj Dubai para Burj Khalifa, em homenagem ao xeque Khalifa Bin Zayed Al Nahyan, que governa Abu Dhabi.
Os preços dos apartamentos do prédio, cujo metro quadrado chegou a US$ 19 mi, caíram para menos da metade.
"Os preços podem ainda estar acima do resto do mercado, mas eu ficarei surpreso se não houver inadimplência e se as taxas de desocupação não forem aumentando aos poucos", já que grande parte das vendas foi financiada por hipotecas, diz Saud Masud, analista em Dubai do UBS. "Esse é um símbolo do auge econômico que Dubai teve e um irônica lembrança de sua bolha imobiliária."
Os preços dos imóveis do emirado caíram 52% desde o pico de cotação do ano passado. Mesmo com as construtoras cancelando bilhões de dólares em projetos, o número de prédios que serão inaugurados neste ano será suficiente para pressionar os preços ainda mais para baixo.
"O Burj Dubai é o metro quadrado mais caro da região e eu não sei se a atual retração se traduzirá em uma forte demanda residencial e comercial, apesar do fator prestígio", diz Masud.
A parte residencial do edifício tem salas de ginástica, livraria, clube de charuto, manobristas, mercado gourmet, 1.044 apartamentos e 160 quartos de hotel projetados por Giorgio Armani. Tem a mesquita mais alta do mundo e piscinas no 76º e no 158º andares.
As taxas de condomínio estão entre as mais altas de Dubai: chegam a US$ 266 por metro quadrado. A média dos condomínios nas áreas vizinhas é 40% menor. A Emaar estima que 12 mil pessoas morarão e trabalharão na torre.
O edifício de Dubai tem 828 metros. Projetado pelo escritório americano Skidmore, Owings and Merrill, a estrutura supera em muito o até então edifício mais alto do mundo, o Taipei 101, com 508 metros. Os primeiros moradores só começarão a se mudar a partir de setembro.
A construtora informou que vendeu 90% dos apartamentos, escritórios e espaços comerciais antes do fim da obra - e, portanto, antes de a crise financeira ter reduzido a oferta de crédito para financiamento de imóveis, disse ontem Mohammed Alabbar. A construtora diz que obteve um retorno de 10% de seu investimento no projeto.
Muitos compradores da parte residencial do prédio são ricaços do Oriente Médio, da Índia e do Paquistão, que compraram apartamentos como investimentos ou como imóvel para as férias, disse Jesse Downs, diretor de pesquisa e consultoria da Landmark Advisory.
"São pessoas que podem manter isso confortavelmente pelos próximos cinco ou dez anos", avalia Downs. "Portanto, mesmo se os apartamentos continuarem vazios e com as luzes apagadas à noite, isso não significa que as unidades estarão à venda."
Fonte: Valor Econômico
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