Analistas terão relatórios vigiados mais de perto
Gustavo Kahil
Apimec, nova encarregada da fiscalização, promete utilizar mecanismo eletrônico para identificar possíveis erros de análise.
O investidores em ações são bombardeados diariamente por dezenas de relatórios produzidos por analistas de investimentos. Mas quem emite estas análises?
Quais são os incentivos de uma corretora ou banco de investimentos na emissão de uma opinião sobre determinada empresa?
Este é um amplo território hoje fiscalizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas é de conhecimento do mercado e do próprio regulador que a supervisão não é suficiente.
Pensando nisso, a autarquia deverá transferir, já no começo do ano que vem, este trabalho à Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), como mais uma etapada do trabalho de autorregulação do mercado de capitais brasileiro.
"Do jeito que estava não poderia continuar. Foi uma decisão acertada. A profissão de analista estava sendo banalizada", avalia o coordenador e fundador da escola de investidores Trader Brasil, Flávio Lemos.
Para se adequar à nova tarefa, a Apimec inaugurou um novo escritório em São Paulo, liderado por Maria Cecília Rossi, nomeada diretora de supervisão da Apimec.
Depois da assinatura do contrato com a autarquia, a diretora disse que irá contratar mais 3 pessoas para auxiliar no trabalho de análise.
"Será um gerente de supervisão e dois analistas, primeiramente", explica.
Recurso eletrônico
Maria Cecília adiantou que está em negociação avançada com uma consultoria especializada na fiscalização de analistas.
A tecnologia, já implementada por reguladores na Europa e pela ameriana Securities and Exchange Commission (SEC), ajudará a identificar analistas que publiquem análises com recomendações muito fora da média.
"Não é irregular estar fora do mercado, mas é preciso que a análise esteja embasada", afirma a presidente da Apimec Nacional, Lucy Sousa.
A ideia é criar um espaço no portal da Apimec para que os analistas preencham um cadastro com as principais alterações. "Isso potencializa muito o que a nossa equipe pode analisar. É como se fosse uma peneira", explica Maria Cecília.
Responsabilidade ampliada
Outro ponto de grande importância aos analistas, e que também deve estar considerado na nova instrução, é a vinculação da empresa do qual o analista trabalha na responsabilidade pela emissão da análise.
O motivo é apertar o cerco em possíveis influências de áreas alheias à de análise na decisão de cada profissional. Segundo Lucy Sousa, será disponibilizado um canal de ouvidoria para os analistas.
"É um meio de avisar que as coisas não estão indo bem", explica. A Apimec também disse que poderá diminuir o custo anual de manutenção do registro de analista certificado, hoje em R$ 660,00.
"Vamos avaliar se é possível abaixar um pouco este valor, algo em torno de 10%", afirma a presidente da Apimec.
O montante arrecadado deverá ser usado para cobrir os gastos gerados pela equipe de supervisão.
A associação afirmou que irá publicar um novo código de conduta com o objetivo de assumir um caráter mais mandatório ao atual código de ética.
"Ficará mais preto no branco", afirma Maria Cecília.
Uma prova de atualização será aplicada aos analistas cuja data de certificação atinja cinco anos em 2010.
Veja:
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