A crise financeira de 2008 gerou uma idéia contagiante que se espalhou rapidamente: a de que a causa fundamental da crise foi o consumo excessivo, e que isso precisaria ser contido de várias formas.
Primeiro, é preciso lembrar, esta crise financeira foi causada pela crença exagerada nos modelos econométricos desenvolvidos pela Escola de Chicado, baseados em simplificações da realidade, como "expectativas racionais", "curvas gaussianas", e assim por diante, como exposto nos livros de Nassim Taleb. Não foi somente ganância, como muitos estão querendo vender, nem alavancagem para comprar casas próprias.
Segundo, o consumo excessivo é o consumo americano.
6 bilhões de habitantes do mundo querem ter pelo menos 25% do que o americano médio consome hoje.
Assim sendo, o consumo do mundo irá crescer exponencialmente, e será nossa função, como administradores, gerar esta produção da forma mais sustentável possível. E não conclamar os pobres a consumirem menos.É muito fácil um Professor de Harvard sair criticando o sistema de "produção" e continuar a viajar de avião até Washington para participar de um debate sobre ecologia, sem reduzir em absolutamente nada o seu consumo. Deveria tentar reduzi-lo em 75%, no mínimo.
É muito fácil um intelectual escrever um artigo sobre "Consumo Consciente" no jornal mais importante do país, totalmente alheio ao custo de derrubar uma árvore, transportar seu artigo km até o Amapá quando usar a internet seria mais correto.
É muito fácil criticar a redução de 15% da floresta tropical depois que europeus e americanos terem destruído 100% das florestas temperadas.
O custo para termos um mundo sem carbono é estimado em 3 trilhões de dólares. Cedo ou tarde, teremos de arcar com esse custo. De onde virão esses 3 trilhões?
Governos ainda não adotam técnicas de administração criadas em 1960, como "Orçamento Base Zero", em que todas as despesas do ano seguinte são analisadas do zero.
Normalmente, projetos de governos anteriores têm certos "direitos adquiridos", e novos projetos de governo são sempre custos adicionais -- e por isso os impostos não param de subir. Criou despesa, ficou.
Eu acredito que temos cientistas capazes de produzir soluções, especialmente em energia solar, as quais nos permitirão captar energia sem dano ecológico algum. Esta energia será, no mínimo, 10 vezes maior do que precisamos atualmente. Poderemos usar esta energia até para limpar o dano já feito.
Ecologistas estão defendendo a segunda lei da termodinâmica. Só que o mundo organizado requer energia -- não há como escapar.
Eu tenho certeza de que seremos capazes de reinventar produtos e serviços de forma mais sustentável. E é o que estamos fazendo, mas ninguém comenta. Exemplos:
1. Substituímos milhões de cartas, carteiros, correios e papel por e-mails. Lutamos anos a fio contra os alguns intelectuais porque estávamos desempregando os carteiros. Não há soluções perfeitas.
2. Substituímos milhões de discos em vinil, em plástico, que duram 100 anos nos depósitos de lixo, por arquivos de mp3.
3. Criamos uma economia de serviços que hoje representa 70% do PIB, a qual, a rigor, não é nada mais que uma troca de favores entre pessoas. Você cuida da contabilidade de minha clínica e eu cuidarei de você quando doente. O setor industrial, o ecologicamente mais problemático representa menos do que 15% do PIB. O resto é agricultura e mineração.
Reduzir o consumo não é a bandeira correta, apesar de milhares de intelectuais estarem pregando isso em sala de aula. No entanto, eles, ao contrário de seus jovens alunos, já têm tudo o que querem: uma casa, um carro, uma aposentadoria etc.
A idéia de que o "big business" e o "corporation" são ruins, e que os "ecologistas" são o lado bom da sociedade, é simpática para quem não está pensando nos 6 bilhões de seres humanos que gostariam de ter 25% da renda e da capacidade de consumo destes próprios ecologistas.
Administradores socialmente responsáveis agem de modo diferente dos empresários e capitalistas que, segundo os ecologistas, teoricamente dominam o mundo. Nossa missão é produzir tudo de forma responsável, mas somos politicamente fracos, não sei porque.
"Master in Business Administration" pela Harvard University.
Professor Titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.
Doutor em Ciências Contábeis pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.
Bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo
Um comentário:
Boa Noite, Vladmir. Estou postando aqui na verdade uma dúvida, para ver se você pode me ajudar. Bom, tenho uma empresa Super Simples, que está inativa, de portas fechadas há 1 ano e meio. Na ocasião o escritório que me atende me disse que não era necessária a baixa da empresa assim de imediato, para deixar um tempo. O tempo passou e eu nem vi...rsrs Bom, resolvi dar baixa na empresa e o escritório além de não estar facilitanto em nada as informações e documentos para mim, me informou que essa baixa leva em média 4 anos para ser feita!!!!!! Fiquei muito pasma com isso!!! Quando abri a empresa, foi tudo muito rápido, e agora, 4 anos para acabar? Me informaram que a parte estadual é a que demora mais, eles não liberam essa baixa por menos tempo que isso. E também me informaram um "passo a passo" do que vai ser feito completamente diferente dos que vi aqui na internet!!!!! Ah, meu estado é RJ.
Se você puder me ajudar, será de grande valia!!! Não tenho nenhum contador para me consultar além desse escritório que contratei.
Desde já agradeço sua atenção,
Carol
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