Este artigo pretende levantar evidências de como as atuais práticas de ação coletiva, no contexto da cooperação empresarial, poderão complementar ou até mesmo questionar as perspectivas dominantes no campo da estratégia organizacional. O estudo, fundamentado em uma visão relacional, revisita três abordagens clássicas nas pesquisas sobre o tema: estrutura da indústria, visão baseada em recursos e custos de transação. O que instiga a presente pesquisa é a possibilidade de explorar uma aparente dissonância entre alguns dos postulados dessas perspectivas frente às práticas de gestão que se utilizam de ações coletivas como base para o alcance de competitividade organizacional. Para lançar luz sobre essas especulações empíricas, objetivou-se aprofundar o estudo de campo junto às redes de cooperação empresarial localizadas no Estado do Rio Grande do Sul. Tal contexto empírico é resultado de uma política pública específica que promoveu a criação de mais de 200 redes de pequenas e médias empresas. Para a coleta de dados, foram realizadas 60 entrevistas em profundidade em 12 redes de cooperação. As evidências encontradas permitiram formular indagações para as perspectivas dominantes no campo da estratégia. A primeira delas questiona a abordagem individualista da perspectiva da estrutura da indústria, demonstrando que é possível atingir uma posição superior de competitividade em uma indústria a partir da colaboração, inclusive com os concorrentes. A segunda evidência, a visão relacional da estratégia, complementa a visão baseada em recursos, demonstrando que os ativos gerados coletivamente, em vez daqueles mantidos exclusivamente pela empresa individual, podem igualmente sustentar uma estratégia para competir no mercado. Por fim, a terceira evidência encontrada também indica que a redução dos custos de transação poderá ocorrer por meio do estreitamento das relações no contexto de uma rede, as quais minimizam as exigências contratuais e aumentam a confiança entre as empresas envolvidas.
Autores:
Alsones Balestrin,
Jorge Renato Verschoore,
Alexandre Perucia
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