A fusão do Grupo Pão de Açúcar com o Carrefour Brasil, que resultará na maior rede varejista do País, irá prejudicar os comerciantes de médio e, sobretudo, de pequeno porte do setor.
Defensor de que a união que desembocará na Nova Pão de Açúcar irá prejudicar as pequenas empresas, o proprietário do andreense supermercado Primavera, Gilberto Wachtler, ressaltou ainda que o fato vai estimular o Walmart para que compre outras redes. Tudo para concorrer de forma mais agressiva com o novo grupo. A fusão, diz ele, sobrecarregará ainda mais varejistas de menor porte.
"O Grande ABC é uma vitrine dos hipermercados, que não encontram limites para se expandir. Não tenha dúvida de que irá nos prejudicar", diz. Wachtler frisou ainda que a comercialização dos pequenos e médios supermercados corresponde a 60% das vendas nacionais do setor, e que a fusão contribuirá ainda mais para que as grandes companhias briguem por fatias dos menores supermercados.
Para o presidente do Programa de Administração do Varejo, Claudio Felisoni de Ângelo, o impacto para os supermercados de bairro será acentuado. Isso porque o índice de informalidade está caindo, devido à Nota Fiscal Eletrônica e à substituição tributária, que obrigam empresários a recolherem impostos.
Ainda assim, Felisoni minimizou o impacto da fusão ao afirmar que ela irá concentrar 33% no mercado supermercadista brasileiro. Percentual esse inferior ao de outros mercados no mundo, como França (70%), Portugal (63%) e Estados Unidos (37%). "A concentração das cinco maiores redes no País atinge 47% do setor", disse.
Para um dos proprietários de quatro supermercados de Mauá (Nevada, Zaíra, Zaíra II e Esperança) José Domingos da Silva, redes menores podem não ser tão prejudicadas porque o público é bairrista. "Conhecemos todo mundo e procuramos ser firmes nesse lado (comércio local). Só piora se começarem a colocar mais unidades do Extra Perto", disse, acrescentando que compete com mercados como o Dia e o Todo Dia, do Carrefour e Walmart, respectivamente.
No que se refere à indústria de alimentos, por conta de o setor ser mais concentrado, haverá concorrência acirrada entre fabricantes, que terão de se tornar parceiros de pequenos distribuidores para que eles não desapareçam. A tendência é que com a fusão haja disputa mais acirrada do grupo para compras com preços mais baixos das indústrias.
As direções da Força Sindical e da Fecomerciários, que representa 65 sindicatos de trabalhadores do setor no Estado, afirmaram que estão preocupados com a manutenção do emprego, após a fusão. O argumento é que, em locais com lojas próximas entre si, uma delas seja fechada.
"Queremos transparência, visto que parte dos investimentos da fusão virá do BNDES, ou seja, por intermédio de verbas públicas", afirmam. O sindicato alerta sobre o novo grupo concentrar o setor, já que, se efetivada, representará um terço do varejo supermercadista brasileiro. Caberá ao Cade definir se haverá concentração de mercado.
Elevação de preços ao consumidor preocupa
Pequenos varejistas acreditam que o impacto da fusão que resultará na Nova Pão de Açúcar irá prejudicar o consumidor, que pagará mais caro pelos produtos. Tudo porque o grupo terá maior poder de compra na aquisição de volume grande de mercadorias. "Vão dominar o mercado. É monopólio. Mais uma vez saímos prejudicados", disse Gilberto Wachtler, em referência aos pequenos varejistas.
A Força Sindical e a Fecomerciários também mostraram preocupação sobre elevação de preços aos consumidor. O argumento é que o encarecimento será consequência da concentração da atividade das duas redes. Além disso, ressaltaram que irão alertar o Conselho Administrativo de Defesa Econômica a fim de que regras "claras" sejam estabelecidas no processo de fusão.
Claudio Felisoni de Ângelo afirma que o Cade tende a pedir o fechamento de lojas, principalmente no Estado, onde a concentração da Nova Pão de Açúcar será maior. Com muitas lojas em uma microrregião, tanto consumidor quanto comerciantes são prejudicados. "Mas esse processo demora. Não foi dado parecer sobre a fusão do próprio Pão de Açúcar com a Casas Bahia, de 2009." No Grande ABC, grupo de Abilio Diniz tem 27 lojas e o futuro sócio tem 43.
Fonte: Diario do grande ABC
http://www.dgabc.com.br/News/5896378/fusao-de-gigantes-preocupa-pequenos.aspx
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