Estamos apenas no primeiro trimestre do ano e temos a impressão de que o ritmo parece tão acelerado e que as pessoas irão perder o bonde da civilização se não fizerem tudo a tempo e a contento.
Não é de se estranhar que as pessoas tenham dificuldade em parabenizar um amigo exatamente no dia de seu aniversário e preferem postergar para um momento mais aliviado, menos atribulado em detrimento de um horário prorrogado no trabalho ou ainda no cumprimento dos famosos bancos de horas por ter ficado um feriado inteiro descansando.
Não podemos e nem devemos suprimir o trabalho, afinal precisamos dele para a sobrevivência e até mesmo para a manutenção da autoestima, mas ele não pode ser a coisa mais importante de nossas vidas e fazer com que todo o restante venha em segundo, terceiro ou milésimo plano. Há um preço para cada escolha certa ou errada.
A dignidade do trabalho se dá a partir do momento que ele também nos respeita, seja em forma de pessoa jurídica ou de um chefe fisicamente instalado em uma sala executiva.
O ponto da transição entre vida profissional e vida pessoal é tão tênue e não se trata de não levar o laptop para a casa de praia ou ainda de não desligar o iPhone no fim de semana. Trata-se de um parâmetro, uma regra que desliza horizontalmente estacionando nos diversos pontos que ela existe, um start, mas também um pause.
Vivemos plugados no 220 e parece que desligar é quase um black-out em nossas vidas, ficamos com peso na consciência em sair de férias trinta dias e deixar a equipe dar conta do recado. Temos receio em não responder um e-mail logo em seguida do recebimento, esquecer o carregador e o celular ficar sem bateria é quase um motivo para autopunição, não poder ficar full time em uma reunião e sair à francesa, nos deixa preocupados com o que os outros vão pensar sobre meu papel e minha importância em um determinado projeto. Enfim, uma auto-cobrança insensata e insana nos deixa alvo fácil para a concorrência que pela justificativa de absorver a geração Y, Z ou até arroba, nos torna vulneráveis como pessoas que somos de fato.
Como hunting, já me deparei diversas vezes com pessoas que ficaram desempregadas e que diante da ausência do que fazer, não sabiam o que pensar diante da vida ou até mesmo se viam deslocadas sobre o que fazer com o seu dia, com as horas livres e sequer sabiam quais eram seus hobbies. A proximidade com o trabalho, com a rotina acelerada muitas vezes distancia as pessoas delas mesmas.
Trata-se de auto-consciência que é elemento fundamental em inteligência emocional, em usar seu tempo de forma equilibrada e harmoniosa, distribuir igualmente em todos os papeis que ocupamos, dar vida e ter vida, sentir em toda a intensidade, cada momento . Ser inteiro em cada cenário e deixar de ser partes ou até mesmo migalhas.
Cristina Piton
Consultora há mais de 14 anos em Call Center e gestão de Qualidade Total. Atuação em treinamentos voltados a atendimento, vendas, retenção e realinhamento comportamental. Expertise em assessoria de Call Center, envolvendo monitoramento, elaboração de scripts, controles e gerenciamento da Operação. Graduada em Educação Física e Jornalismo. Pós-graduada pela USP em Neurofisiologia Cardiovascular. Formou-se na Fundação Getúlio Vargas em Dinâmicas Organizacionais, Negociação Internacional e Gestão em Ambiente de Trabalho. Cursou Gerenciamento de projetos na USP/ MS PROJECT PMI. Ministra módulos de assuntos diversos no IIR. Ex-professora acadêmica da FAAP e palestrante convidada em diversos setores. Co-responsável pela elaboração do case vencedor na categoria ouro do II Prêmio ABT no tema: maior divulgação de Tmkt no Brasil. Responsável por diversos artigos publicados no setor e é sócia diretora da CP ONE INTELIGÊNCIA EM TALENTOS HUMANOS.
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