Ter, 28 Dez, 04h32
SÃO PAULO - Na noite passada, Vivo (VIVO4) e Telesp (TLPP4) anunciaram a proposta de incorporação da operadora móvel pela Telesp. Mesmo sem maiores detalhes sobre a operação, nem mesmo sobre a relação de troca de ações, a notícia é bem recebida pelo mercado, embora vista sem grandes surpresas pelos analistas.
SÃO PAULO - Na noite passada, Vivo (VIVO4) e Telesp (TLPP4) anunciaram a proposta de incorporação da operadora móvel pela Telesp. Mesmo sem maiores detalhes sobre a operação, nem mesmo sobre a relação de troca de ações, a notícia é bem recebida pelo mercado, embora vista sem grandes surpresas pelos analistas.
"A opção pela Telesp como veículo incorporador não era nosso cenário mais provável, porém não chega a ser surpresa, na medida em que a empresa poderá se apropriar do ágio da incorporação da Vivo futuramente", coloca Luciana Leocadio, da Ativa Corretora
A nota oficial publicada pelas empresas anuncia que foram constituídos comitês especiais independentes na Vivo e na Telesp para negociarem a relação de substituição de ações, bem como também manifestarem-se a respeito das demais condições da reestruturação societária que vierem a ser propostas. A intenção é zelar pelos interesses de cada uma das partes na operação.
Relação de troca deve ser justaDe fato, a relação de troca é uma das questões-chave do acordo. E a impressão dos bancos de investimentos BTG Pactual e JP Morgan é de que a relação de troca será justa e preservará os interesses dos minoritários.
"Nós esperamos que a Telefónica proponha uma transação justa para os minoritários da Vivo e da Telesp. Este tem sido o caso nas recentes transações envolvendo a companhia e seria importante para deixar os mercados de capitais no Brasil como uma potencial fonte de novos financiamentos para a Telefónica", dizem em relatório os analistas Carlos Sequeira, Fabio Levy e Bernardo Miranda, do BTG.
Na mesma linha, Andre Baggio e Anna Daher, do JP, lembram que a transação será feita de acordo com as instruções da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e conduzida por dois comitês especiais, com membros independentes em ambos. "Nós também sublinhamos todas as indicações anteriores por parte da Telefónica de que queria tratar os minoritários em uma maneira justa. Além do mais, qualquer briga com minoritários poderia atrasar algumas das sinergias prometidas pela Telefónica", completam.
Os analistas do JP Morgan colocam ainda que a confirmação da integração da Vivo à estrutura da Telesp reduz as preocupações de que uma das partes poderia comprar as ações da outra, o que poderia resultaria em maior alavancagem financeira para a empresa sobrevivente após a fusão. Ao invés disso, colocam Baggio e Anna, a empresa resultante da fusão de Vivo e Telesp deve apresentar uma alavancagem bastante reduzida - a relação entre dívida líquida e Ebitda (geração operacional de caixa) estimada pelo JP é de 0,3 -, o que amplia o espaço para a distribuição de dividendos.
Como deve ser feita a avaliação: valor de mercado ou DFC?"Nós admitimos que o mercado já está considerando um prêmio para a Telesp versus a Vivo por conta da maior participação da Telefónica na Telesp", coloca o JP Morgan, ao destacar que a operadora de telefonia fixa atualmente é negociada com um múltiplo P/L (que relaciona a cotação atual da ação com as projeções de lucro por ação) mais elevado apesar das perspectivas de crescimento mais favoráveis da Vivo.
Esta análise introduz a discussão de outro assunto de bastante relevância na condução das conversas entre Telesp e Vivo: a avaliação das ações. O BTG Pactual acredita que a avaliação deve se dar ou com base nos atuais preços de mercado ou através do valuation feito pelo método de DFC (desconto de fluxo de caixa). A alternativa "mais viável" para o banco de investimentos parece ser a segunda.
Os analistas do BTG colocam que uma análise da relação de troca considerando as cotações atuais seria provavelmente mais simples de ser implementada, menos controversa e deixaria menor espaço para desagrado dos minoritários. Elogios à parte, este método não seria eficiente, na visão do banco, para avaliar o valor das ações com direito a voto (as ordinárias), por possuírem baixa liquidez na bolsa brasileira. Como os analistas não acreditam que as ações ON e PN das empresas serão avaliadas por metodologias diferentes, a preferência pelo DFC se justifica.
Luciana, da Ativa, também opina sobre a questão. "Se considerarmos um cenário em que seja utilizada a avaliação por DCF como critério para estabelecimento da relação de troca entre Vivo e Telesp, tendo em vista o maior potencial relativo de Vivo, em nossa avaliação, os acionistas de Vivo seriam mais favorecidos na troca, diante dos atuais valores de mercado", diz a analista em relatório. "Por outro lado, tendo em vista o maior interesse econômico da Telefónica em Telesp (cerca de 88% de participação) do que em Vivo (59,4%), o controlador teria maior incentivo em valorizar a primeira em detrimento da segunda. Contudo, dado que a operação está sendo conduzida, até o momento, atendendo a orientações da CVM, não esperamos que este seja o cenário mais provável", completa.
Quer se beneficiar? Aposte na VivoO JP Morgan espera uma relação de troca entre as ações próxima dos atuais valores em bolsa, e sugere: qualquer ampliação do spread em favor da Telesp deve ser interpretado como um ponto de entrada interessante nas ações da Vivo.
O BTG Pactual tem visão semelhante sobre como os investidores podem se beneficiar destas negociações. "Se a relação de troca for baseada nos preços de mercado, investidores desejosos em estar expostos à nova companhia estariam indiferentes entre possuir ações da Vivo ou da Telesp. Contudo, se o DFC for usado, os acionistas da Vivo tendem a ganhar (potencialmente 24%), de acordo com nossas estimativas. Com downside limitado e algum potencial de alta, nós preferiríamos possuir Vivo".
As recomendações"Até que se conheça a relação de troca a ser definida nos próximos meses", a Ativa mantém sua visão positiva para Vivo e também sua recomendação de compra, com preço-alvo para dezembro de 2011 em R$ 68,00. Já a recomendação para a Telesp é neutra, com target em R$ 41,50.
O BTG Pactual também recomenda compra de Vivo, com preço-alvo de 12 meses em R$ 64,00.
O JP Morgan tem visão overweight (nos próximos seis a doze meses, a ação deve performar acima do universo de cobertura do banco) para os ADRs da Vivo (listados na NYSE pelo código VIV), com preço-alvo em US$ 35,00 (upside de 10%). A Telesp também tem recomendação overweight, com o target para seus ADRs estipulado em US$ 28,50 (upside de 18,6%). Contudo, o banco declara em relatório sua preferência por TIM (TCSL3, TCSL4) dentre as opções de investimento no Brasil, "dada sua perspectiva de crescimento superior por ser uma operadora móvel pura".
Fonte: YahooA nota oficial publicada pelas empresas anuncia que foram constituídos comitês especiais independentes na Vivo e na Telesp para negociarem a relação de substituição de ações, bem como também manifestarem-se a respeito das demais condições da reestruturação societária que vierem a ser propostas. A intenção é zelar pelos interesses de cada uma das partes na operação.
Relação de troca deve ser justaDe fato, a relação de troca é uma das questões-chave do acordo. E a impressão dos bancos de investimentos BTG Pactual e JP Morgan é de que a relação de troca será justa e preservará os interesses dos minoritários.
"Nós esperamos que a Telefónica proponha uma transação justa para os minoritários da Vivo e da Telesp. Este tem sido o caso nas recentes transações envolvendo a companhia e seria importante para deixar os mercados de capitais no Brasil como uma potencial fonte de novos financiamentos para a Telefónica", dizem em relatório os analistas Carlos Sequeira, Fabio Levy e Bernardo Miranda, do BTG.
Na mesma linha, Andre Baggio e Anna Daher, do JP, lembram que a transação será feita de acordo com as instruções da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e conduzida por dois comitês especiais, com membros independentes em ambos. "Nós também sublinhamos todas as indicações anteriores por parte da Telefónica de que queria tratar os minoritários em uma maneira justa. Além do mais, qualquer briga com minoritários poderia atrasar algumas das sinergias prometidas pela Telefónica", completam.
Os analistas do JP Morgan colocam ainda que a confirmação da integração da Vivo à estrutura da Telesp reduz as preocupações de que uma das partes poderia comprar as ações da outra, o que poderia resultaria em maior alavancagem financeira para a empresa sobrevivente após a fusão. Ao invés disso, colocam Baggio e Anna, a empresa resultante da fusão de Vivo e Telesp deve apresentar uma alavancagem bastante reduzida - a relação entre dívida líquida e Ebitda (geração operacional de caixa) estimada pelo JP é de 0,3 -, o que amplia o espaço para a distribuição de dividendos.
Como deve ser feita a avaliação: valor de mercado ou DFC?"Nós admitimos que o mercado já está considerando um prêmio para a Telesp versus a Vivo por conta da maior participação da Telefónica na Telesp", coloca o JP Morgan, ao destacar que a operadora de telefonia fixa atualmente é negociada com um múltiplo P/L (que relaciona a cotação atual da ação com as projeções de lucro por ação) mais elevado apesar das perspectivas de crescimento mais favoráveis da Vivo.
Esta análise introduz a discussão de outro assunto de bastante relevância na condução das conversas entre Telesp e Vivo: a avaliação das ações. O BTG Pactual acredita que a avaliação deve se dar ou com base nos atuais preços de mercado ou através do valuation feito pelo método de DFC (desconto de fluxo de caixa). A alternativa "mais viável" para o banco de investimentos parece ser a segunda.
Os analistas do BTG colocam que uma análise da relação de troca considerando as cotações atuais seria provavelmente mais simples de ser implementada, menos controversa e deixaria menor espaço para desagrado dos minoritários. Elogios à parte, este método não seria eficiente, na visão do banco, para avaliar o valor das ações com direito a voto (as ordinárias), por possuírem baixa liquidez na bolsa brasileira. Como os analistas não acreditam que as ações ON e PN das empresas serão avaliadas por metodologias diferentes, a preferência pelo DFC se justifica.
Luciana, da Ativa, também opina sobre a questão. "Se considerarmos um cenário em que seja utilizada a avaliação por DCF como critério para estabelecimento da relação de troca entre Vivo e Telesp, tendo em vista o maior potencial relativo de Vivo, em nossa avaliação, os acionistas de Vivo seriam mais favorecidos na troca, diante dos atuais valores de mercado", diz a analista em relatório. "Por outro lado, tendo em vista o maior interesse econômico da Telefónica em Telesp (cerca de 88% de participação) do que em Vivo (59,4%), o controlador teria maior incentivo em valorizar a primeira em detrimento da segunda. Contudo, dado que a operação está sendo conduzida, até o momento, atendendo a orientações da CVM, não esperamos que este seja o cenário mais provável", completa.
Quer se beneficiar? Aposte na VivoO JP Morgan espera uma relação de troca entre as ações próxima dos atuais valores em bolsa, e sugere: qualquer ampliação do spread em favor da Telesp deve ser interpretado como um ponto de entrada interessante nas ações da Vivo.
O BTG Pactual tem visão semelhante sobre como os investidores podem se beneficiar destas negociações. "Se a relação de troca for baseada nos preços de mercado, investidores desejosos em estar expostos à nova companhia estariam indiferentes entre possuir ações da Vivo ou da Telesp. Contudo, se o DFC for usado, os acionistas da Vivo tendem a ganhar (potencialmente 24%), de acordo com nossas estimativas. Com downside limitado e algum potencial de alta, nós preferiríamos possuir Vivo".
As recomendações"Até que se conheça a relação de troca a ser definida nos próximos meses", a Ativa mantém sua visão positiva para Vivo e também sua recomendação de compra, com preço-alvo para dezembro de 2011 em R$ 68,00. Já a recomendação para a Telesp é neutra, com target em R$ 41,50.
O BTG Pactual também recomenda compra de Vivo, com preço-alvo de 12 meses em R$ 64,00.
O JP Morgan tem visão overweight (nos próximos seis a doze meses, a ação deve performar acima do universo de cobertura do banco) para os ADRs da Vivo (listados na NYSE pelo código VIV), com preço-alvo em US$ 35,00 (upside de 10%). A Telesp também tem recomendação overweight, com o target para seus ADRs estipulado em US$ 28,50 (upside de 18,6%). Contudo, o banco declara em relatório sua preferência por TIM (TCSL3, TCSL4) dentre as opções de investimento no Brasil, "dada sua perspectiva de crescimento superior por ser uma operadora móvel pura".
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