
Crédito habitacional ainda é principal porta de entrada de clientes e responde por 60% do total
Fernando Travaglini, de Brasília 13/08/2010
Quando se pensa na Caixa Econômica Federal, o conceito é de um banco focado em crédito imobiliário e caderneta de poupança para a população de baixa renda. O banco estatal vem batalhando para tentar deixar para trás a imagem de uma instituição de atuação restrita e que perdia oportunidades de fazer outros negócios com seus próprios clientes por não oferecer um portfólio abrangente de produtos e serviços bancários.
Até o momento, a grande porta de entrada de novos clientes continua sendo a habitação, que ainda representa quase 60% da carteira de crédito do banco. Impulsionada pela política de moradia do governo, essa carteira continua a crescer mais rápido que as demais operações de crédito da instituição - 58% em doze meses, ante 50% da carteira total.
"Todo o nosso trabalho nos últimos anos tem sido no sentido de ampliar a oferta de produtos e serviços. O cliente não precisa ser atendido pela Caixa e necessariamente por outra instituição para que tenha acesso a tudo que um banco pode oferecer", diz a presidente da instituição, Maria Fernanda Ramos Coelho. De acordo com Márcio Percival, vice-presidente da instituição, a Caixa segue a mesma solução encontrada pelo sistema financeiro para ampliar o número de clientes, que é capturar negócios no comércio para que o relacionamento se estenda para outros produtos financeiros.
As recentes parcerias vão todas nessa direção: entrada na empresas de cartões de crédito elo, a compra de participação no PanAmericano e a parceria da Caixa Seguros com a Tempo na área de saúde, anunciada na semana passada. Os novos acordos em andamento também devem sair dessas frentes. "Estamos prospectando negócios na área imobiliária que vão dar esse conforto para crescermos", diz Percival. Conforme o Valor noticiou em junho, a instituição também mantém conversas com a Cetelem, financeira do grupo francês BNP Paribas. Outro movimento agressivo da instituição, a compra de folhas de pagamentos de Estados e municípios, trouxe um milhão de novos clientes apenas nos últimos doze meses.
A cada novo balanço, fica claro que a expansão da Caixa não ficou restrita à política anticíclica do governo após a crise de 2008. No primeiro semestre do ano, a carteira de crédito da instituição atingiu o patamar de R$ 149 bilhões, com expansão de 50% em doze meses, bastante superior à média de mercado, em torno de 20%. O avanço motivou revisão das metas de crescimento, agora em 45% para o ano, podendo chegar a 50%.
"Temos um plano estratégico de dez anos, elaborado em 2004, que inclui manter o crescimento acima do mercado até 2015", diz a executiva, em entrevista ao Valor para comentar o balanço semestral.
O saldo dessa política mais agressiva é visto nos números, com cinco milhões de novos clientes desde a crise, e nos resultados financeiros. O lucro manteve a trajetória de crescimento, com expansão de 26% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 890 milhões. Hoje a principal receita é a de operações de crédito, que avançou 33% no primeiro semestre, sobre o mesmo período do ano passado, enquanto os ganhos com prestação de serviço aumentaram 17,6%, fruto direto do aumento da base de correntistas.
A Caixa também começa a despontar como opção para as empresas. A carteira de crédito de pessoas jurídicas cresceu 47,7% em doze meses, chegando a R$ 40 bilhões. "Grande parte das empresas teve seu primeiro relacionamento com a Caixa depois da crise. Agora, de fato, começamos a ser cotados quando da necessidade de se fazer uma operação, seja de captação, seja de aplicação", diz Maria Fernanda. Nessa área estão as operações fechadas com a Petrobras, sempre muito criticas. A presidente defende as operações, dizendo que são rentáveis, têm funding diferente dos outros produtos e que a cadeia de energia oferece muitas oportunidades de negócios no futuro. "A Petrobras é a menina dos olhos. Todo mundo quer fazer. A pergunta deveria ser: por que a Caixa não fez antes?", afirma.
Fernando Travaglini, de Brasília 13/08/2010
Quando se pensa na Caixa Econômica Federal, o conceito é de um banco focado em crédito imobiliário e caderneta de poupança para a população de baixa renda. O banco estatal vem batalhando para tentar deixar para trás a imagem de uma instituição de atuação restrita e que perdia oportunidades de fazer outros negócios com seus próprios clientes por não oferecer um portfólio abrangente de produtos e serviços bancários.
Até o momento, a grande porta de entrada de novos clientes continua sendo a habitação, que ainda representa quase 60% da carteira de crédito do banco. Impulsionada pela política de moradia do governo, essa carteira continua a crescer mais rápido que as demais operações de crédito da instituição - 58% em doze meses, ante 50% da carteira total.
"Todo o nosso trabalho nos últimos anos tem sido no sentido de ampliar a oferta de produtos e serviços. O cliente não precisa ser atendido pela Caixa e necessariamente por outra instituição para que tenha acesso a tudo que um banco pode oferecer", diz a presidente da instituição, Maria Fernanda Ramos Coelho. De acordo com Márcio Percival, vice-presidente da instituição, a Caixa segue a mesma solução encontrada pelo sistema financeiro para ampliar o número de clientes, que é capturar negócios no comércio para que o relacionamento se estenda para outros produtos financeiros.
As recentes parcerias vão todas nessa direção: entrada na empresas de cartões de crédito elo, a compra de participação no PanAmericano e a parceria da Caixa Seguros com a Tempo na área de saúde, anunciada na semana passada. Os novos acordos em andamento também devem sair dessas frentes. "Estamos prospectando negócios na área imobiliária que vão dar esse conforto para crescermos", diz Percival. Conforme o Valor noticiou em junho, a instituição também mantém conversas com a Cetelem, financeira do grupo francês BNP Paribas. Outro movimento agressivo da instituição, a compra de folhas de pagamentos de Estados e municípios, trouxe um milhão de novos clientes apenas nos últimos doze meses.
A cada novo balanço, fica claro que a expansão da Caixa não ficou restrita à política anticíclica do governo após a crise de 2008. No primeiro semestre do ano, a carteira de crédito da instituição atingiu o patamar de R$ 149 bilhões, com expansão de 50% em doze meses, bastante superior à média de mercado, em torno de 20%. O avanço motivou revisão das metas de crescimento, agora em 45% para o ano, podendo chegar a 50%.
"Temos um plano estratégico de dez anos, elaborado em 2004, que inclui manter o crescimento acima do mercado até 2015", diz a executiva, em entrevista ao Valor para comentar o balanço semestral.
O saldo dessa política mais agressiva é visto nos números, com cinco milhões de novos clientes desde a crise, e nos resultados financeiros. O lucro manteve a trajetória de crescimento, com expansão de 26% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 890 milhões. Hoje a principal receita é a de operações de crédito, que avançou 33% no primeiro semestre, sobre o mesmo período do ano passado, enquanto os ganhos com prestação de serviço aumentaram 17,6%, fruto direto do aumento da base de correntistas.
A Caixa também começa a despontar como opção para as empresas. A carteira de crédito de pessoas jurídicas cresceu 47,7% em doze meses, chegando a R$ 40 bilhões. "Grande parte das empresas teve seu primeiro relacionamento com a Caixa depois da crise. Agora, de fato, começamos a ser cotados quando da necessidade de se fazer uma operação, seja de captação, seja de aplicação", diz Maria Fernanda. Nessa área estão as operações fechadas com a Petrobras, sempre muito criticas. A presidente defende as operações, dizendo que são rentáveis, têm funding diferente dos outros produtos e que a cadeia de energia oferece muitas oportunidades de negócios no futuro. "A Petrobras é a menina dos olhos. Todo mundo quer fazer. A pergunta deveria ser: por que a Caixa não fez antes?", afirma.
Valor Econômico
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