Stella Fontes, de São Paulo
09/07/2010
A elevada taxa de ocupação das fábricas de cimento em operação no país e a perspectiva de demanda crescente justificam uma nova e significativa rodada de investimentos do setor. Além da manutenção do aquecimento da indústria imobiliária, a construção de pelo menos três grandes usinas hidrelétricas e a realização de obras com vistas à Copa do Mundo e à Olimpíada deverão gerar consumo adicional de cimento nos próximos anos.
Depois de anúncios de aportes bilionários da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e do grupo Votorantim, a Camargo Corrêa, que concretizou no início deste ano a compra de um terço do capital da portuguesa Cimpor por mais de R$ 3 bilhões, informou que vai investir R$ 14 bilhões até 2014, já somados os recursos utilizados no negócio, na expansão das unidades atuais, novas fábricas e novas aquisições, inclusive em outras regiões do globo.
De acordo com estimativas de fontes do setor, a capacidade instalada da indústria brasileira giraria em torno de 63 milhões de toneladas anuais de cimento. Para este ano, a previsão é a de consumo interno de 57 milhões de toneladas, com crescimento contínuo nos próximos anos. "O parque nacional tem pelo menos 15 anos e está bem utilizado. É necessário que sejam feitos novos investimentos se os grupos quiserem acompanhar o crescimento previsto", afirma a economista Amaryllis Romano, da Tendências Consultoria.
Para o analista Pedro Galdi, da SLW Corretora, a construção da usina de Belo Monte, mais os empreendimentos no Rio Madeira, vão gerar forte demanda adicional por cimento e, caso não haja oferta doméstica, a solução seria importar o insumo, operação que eleva demasiadamente custos em razão do frete. "Até mesmo para se manterem nas posições em que estão hoje (no ranking da indústria), os grupos têm de investir", afirma.
Segundo os dados mais recentes do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic), as vendas internas acumuladas em 12 meses até maio totalizaram 54,5 milhões de toneladas, uma alta de 6,5% sobre o período anterior (junho/2008 a maio/2009). Somente em maio, a expansão foi de 18,7% ante o mesmo mês do ano passado, para 4,9 milhões de toneladas.
O consumo per capita no país reflete o momento positivo para a indústria. Em 2006, o consumo de cimento por habitante estava em 219 quilos, bem distante dos 331 quilos consumidos por habitante no México. Em 2009, subiu para 273 quilos no Brasil, um recorde. "Embora crescente, o consumo per capita ainda é bastante inferior ao verificado em mercados maduros. Por isso todos estão de olho no país", diz Amaryllis.
Valor Econômico
http://www.valoronline.com.br/?impresso/empresas/95/6368871/uso-da-capacidade-justifica-novo-ciclo-de-investimentos&utm_source=newsletter&utm_medium=manha_09072010&utm_campaign=informativo
Nenhum comentário:
Postar um comentário