Todo gestor persegue o objetivo de criar uma organização de alta performance. Isso se traduz em processos enxutos, metas realistas, sistemas de incentivo apropriados, dentre diversos outras ações. Criar organizações que realizam suas missões com um máximo de benefícios para todos e um mínimo de custos pode até mesmo ser entendido como a própria essência do trabalho do administrador. Tal tópico é de suma importância tanto para as organizações quanto para a sociedade que consome seus produtos e serviços.
A Cultura da Performance
A organização é um ambiente onde pessoas trabalham e mais do que isso: elas convivem... Uma cultura é aquilo que pessoas fazem num dado ambiente. Projetar organizações que sejam melhores ambientes de trabalho é fundar uma cultura. E que valores terão tal cultura para que seja uma legítima cultura da performance?
Uma breve revisão da história da Administração revela alguns deles. Se a Administração começou mesmo com Taylor procurando aumentar a produtividade de fábricas, podemos deduzir que um dos valores da performance está em entregar mais resultado em menos tempo. Mas isso não engloba tudo.
O trabalhador precisa estar motivado e satisfeito com o que faz, como determinou a Escola de Relações Humanas na Administração. Focando mais o trabalho em si, ele ainda precisa agir conforme metas de produção, como disse a escola da Gestão da Qualidade Total. E ainda a partir de processos de trabalho estrategicamente orientados e racionalizados, como determinou a Reengenharia de Processos.
Produtividade, motivação, orientação a metas, racionalidade do trabalho e foco estratégico. Com isso podemos começar a falar em instaurar uma efetiva cultura da performance.
O caminho para organizações de sucesso
Como gerar a cultura da performance em uma organização? Neste artigo destaco três frentes de ação em prol desse objetivo.
Primeiramente a organização precisa informar seus colaboradores adequadamente sobre tudo que precisam saber para realizar o trabalho. Não é raro que tarefas sejam entregues antes de serem devidamente clarificadas. Informar é um passo antes de treinar, que pode inclusive diminuir a necessidade de treinamentos se bem feito. Uma boa Gestão do Conhecimento gera a organização que aprende, isto é, onde há evolução contínua das práticas, o que é condição indispensável para uma alta performance. Uma imagem disso seria a do lenhador que precisa saber exatamente quais árvores cortas e quais não, bem como a maneira certa de realizar o procedimento de forma segura e eficiente.
Mas fazer a informação circular não é o bastante. Instrumentalizar efetivamente o pessoal, logo em seguida, é indispensável. As pessoas, já devidamente informadas ou treinadas, precisam ter em mãos os instrumentos que precisam para executar suas tarefas. E precisam de um ambiente social e físico bem planejado para fazer bom uso de tais instrumentos. De nada adianta esperar cobrar um bom trabalho de um lenhador se ele não tiver disponível para si um bom machado.
Por fim, uma organização de alta performance depende de um sistema inteligente de incentivos para garantir a motivação de seu pessoal. Pensando em nosso amigo lenhador: ele pode ter todo o conhecimento e instrumentos necessários para trabalhar, mas se não enxergar sentido no que faz talvez não entregue uma boa lenha para o inverno.
É um grande desafio motivar corretamente. A maioria das organizações falha nisso cometendo erros comuns tais como oferecer recompensas arbitrárias e de pouco valor ao invés de trabalhar com incentivos de fato relevantes, como reconhecimento e empoderamento. Outro erro comum no que tange as recompensas, especialmente nos cargos de mais alto escalão, é abusar do poder do dinheiro esquecendo que quanto mais a pessoa trabalha com conhecimento mais ela é motivada por outras questões que não apenas a remuneração. Mas talvez o erro mais comum esteja em procurar aumentar a performance dos trabalhadores gerando ansiedade, preocupação, ao invés de segurança e bem-estar.
Organizações de Alta Performance
Como reconhecer organizações onde existe uma cultura da performance? Partindo dos conceitos expostos aqui, há uma série de indicativos que permitem identificá-las:
1. Há objetivos estratégicos bem delimitados e compartilhados, que são de pronto entendimento de todos.
2. As pessoas se veem como parte de uma comunidade que vive em um ambiente diferenciado, de crenças e valores adequados à sua missão.
3. O trabalho é realizado de forma coerente e eficiente com esses valores, em processos enxutos e metas desafiantes, mas realistas.
4. As pessoas afirmam que entendem o que precisam fazer: o trabalho pode ser duro, mas é racional e bem clarificado passo a passo.
5. As pessoas encontram recursos para realizar suas tarefas: informações e instrumentos apropriados.
6. Há um clima de confiança e feedback, onde a informação flui desimpedida e gerando e distribuindo conhecimento.
7. Os trabalhadores se veem também como um time, engajados em um mesmo propósito final que pode ser traduzido em indicadores quantificáveis, tal qual um placar em uma partida desportiva.
Realizando Objetivos
Sabemos o que é uma organização de alta performance. Podemos descrever e identificar uma. Também sabemos os meios para alcançar tal realização. Contudo, como colocado anteriormente, muitos são os desafios, e de diversas naturezas, para conquistar tal façanha. A organização de alta performance antes de mais nada representa uma mudança cultural. Todo um ambiente social e normativo precisa ser reestruturado. Trata-se de criar uma cultura voltada para a disseminação do conhecimento, para a capacitação constante e à motivação apropriada de seus membros. Se desejamos melhor performance no trabalho, devemos partir de tais alicerces culturais para garantir condições de que esse objetivos se realize.
Alessandro Vieira dos Reis Sócio-fundador e diretor de Pesquisa & Desenvolvimento da Performansys Tecnologia em Performance, empresa de engenharia de performance corporativa. É Analista do Comportamento formado em Psicologia na UFSC (2004) e mestrando em Design na UFSC.
Fonte: RH
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