
Em agosto, Robert Shiller esteve no país e falou sobre mercado imobiliário.
Principal indicador é o aumento de preços no Rio e em SP nos últimos anos
Em agosto deste ano, Robert Shiller, professor da
Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e um dos ganhadores do prêmio Nobel de
Economia de 2013 - anunciado
nesta segunda-feira (14) -, falou sobre a possibilidade de haver uma bolha
imobiliária em algumas cidades do Brasil.
"Não é possível saber com certeza, mas suspeito que exista uma bolha
imobiliária nas maiores cidades do Brasil", disse o economista, durante breve
passagem pelo país. Shiller, cocriador do índice de preço de imóveis
S&P/Case-Shiller, ficou conhecido por ter previsto a bolha imobiliária dos
Estados Unidos.
O principal indicador da existência da bolha,
segundo ele, é o fato de os preços no Rio e em São Paulo terem dobrado nos
últimos cinco anos.
"O fato de os preços terem dobrado nos últimos cinco anos não soa bem. Se os
preços caírem, isso pode criar problemas", disse Shiller, com a ressalva de que
não tinha grande conhecimento sobre o mercado imobiliário brasileiro.
De acordo com o economista, este comportamento de preços nunca ocorreu nos
EUA, mesmo depois da Segunda Guerra Mundial, quando os soldados voltaram ao pais
e geraram uma grande demanda por moradias.
"O caso do Brasil me lembra o Japão nos anos 80, quando os preços dos imóveis
subiram até atingir um pico em 1990, e vem caindo desde então", disse Shiller,
que é autor de livros sobre finanças comportamentais.
Shiller questionou como as pessoas poderão pagar pelos imóveis no Brasil se
os preços continuarem em alta, e sugeriu que o governo precisa não apenas ajudar
a financiar a compra de imóveis, mas também garantir que exista oferta, de modo
que o mercado seja sustentável.
"É importante que o financiamento seja responsável para impedir que pessoas
comprem suas casas antes de estarem prontas e poderem pagar", afirmou.
Outros países vivem um cenário semelhante em relação
aos preços de imóveis, como China, Índia, Rússia, Colômbia e Canadá, citou. Em sua avaliação,
isso reflete um entusiasmo generalizado sobre os países emergentes.
"A percepção é de que os emergentes estão ficando ricos e os mercados
imobiliários estarão fabulosos em 100 anos. Mas isso não pode estar certo,
porque outros países tiveram forte trajetória de crescimento e os preços das
casas não subiram desta forma", disse.
Nobel de 2013
Robert Shiller dividiu o prêmio com outros dois economistas norte-americanos, ambos da Universidade de Chicado, Eugene F. Fama e Lars Peter Hansen.
O prêmio foi concedido pelo trabalho pioneiro do trio em identificar as
têndencias nos mercados financeiros.
"Não há maneira de prever o preço de ações e títulos ao longo dos próximos
dias ou semanas. Mas é bastante possível prever o amplo curso desses preços por
períodos mais longos, como os próximos três a cinco anos. Estes achados, que
podem parecer surpreendentes e contraditórios, foram feitos e analisados pelos
laureados deste ano Eugene Fama, Lars Peter Hansen e Robert Shiller", diz
comunicado da organização do prêmio.
Os três foram premiados por "suas análises empíricas dos preços de ativos",
segundo indicou a Real Academia de Ciências da Suécia.
Fonte: G1
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