Ex-executivos, responsabilizados pelas perdas bilionárias com derivativos cambiais, terão de pagar multa total de R$ 2,6 milhões
15 de dezembro de 2010 0h 00
Sabrina Valle - O Estado de S.Paulo
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) condenou ontem dez dos 14 acusados no caso dos derivativos cambiais de alto risco que causaram perda financeira de R$ 2,5 bilhões à Sadia em 2008 - um prejuízo que pôs a própria sobrevivência da empresa em risco. A CVM entendeu que os controles de risco da companhia foram falhos e que os ex-administradores foram omissos em seu dever de cumprir a política financeira da empresa.
A multa mais pesada foi aplicada ao ex-diretor financeiro da Sadia, Adriano Ferreira, inabilitado por três anos de atuar como administrador de empresa de companhia aberta. Além de Ferreira, os outros 13 ex-executivos foram acusados na qualidade de membros do conselho de administração, sendo alguns também membros de comitês da empresa. Foram aplicadas multas variando de R$ 200 mil a R$ 400 mil a nove deles, somando R$ 2,6 milhões. Outros quatro acusados foram absolvidos. Os advogados dos condenados vão avaliar a possibilidade de recorrer ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, o chamado Conselhinho, instância administrativa acima da CVM.
No centro do caso está o tipo de operação escolhido pela Sadia, uma empresa exportadora, para se proteger de variações cambiais. A operação acabou levando a Sadia a um grau de exposição acima do permitido pela política financeira da empresa, de 20% do patrimônio líquido, o equivalente a R$ 600 milhões. A fragilidade aflorou com a crise global de 2008 e a valorização do dólar frente ao real, o que levou a empresa a uma perda bilionária.
Quatro dos acusados receberam multas de R$ 400 mil, por integrarem o conselho de administração, além de comitês de auditoria ou de finanças. São eles Everaldo Nigro dos Santos, Francisco Morales Cespede, José Marcos Comparato e Walter Fontana Filho. Outros cinco acusados, que eram membros do conselho de administração, mas não integravam comitês, foram multados em R$ 200 mil cada. São eles os conselheiros Diva Helena Furlan, Eduardo Fontana D"Ávila, Norberto Fatio, Vicente Falconi Campos e Luiza Helena Trajano. Foram absolvidos Alcides Lopes Tápias, Marcelo Fontana, Roberto Faldini e Cassio Casseb. A CVM entendeu que havia dúvida sobre a responsabilidade deles, pois não integravam o conselho em períodos cruciais das operações.
A Sadia, ao lado da Aracruz, foi uma das empresas mais afetadas pelas apostas em derivativos cambiais, operações que também atingiram uma série de outras companhias. A companhia hoje integra a BRF - Brasil Foods, após fusão com a Perdigão.
O julgamento do caso Aracruz, marcado inicialmente para o dia 8 deste mês, foi adiado a pedido do diretor Otávio Yazbek, relator do processo, para a realização de novas diligências. Não foi marcada nova data.
Acusações. Num auditório lotado, os advogados dos acusados, entre eles dois ex-presidentes da CVM, Marcelo Trindade e Luiz Cantidiano, debateram de quem era a responsabilidade pelas operações arriscadas. A maior parte dos acusados responsabilizou o ex-diretor financeiro Adriano Ferreira pelas operações. A posição é a mesma da Sadia, que entrou com uma ação na Justiça contra o ex-diretor, embora sem sucesso no pleito.
Segundo o advogado Nelson Eizirik, cuja equipe defendeu dez dos 14 acusados, todos membros do conselho de administração, as operações jamais foram reportadas aos membros do conselho de administração e dos membros dos comitês financeiro e de auditoria. "Nunca os membros do conselho de administração tomaram conhecimento dessas operações", afirmou.
Já a advogada de Ferreira, Carmen Sylvia Motta Parkinson, alegou que participaram do processo consultorias de renome internacional e que não foi feita acareação para apuração de informações contraditórias nos autos. Tampouco foram realizadas diligências pedidas por Ferreira para corrigir vícios na acusação. Ferreira sempre argumentou que as decisões que tomava tinham o respaldo da direção da companhia.
15 de dezembro de 2010 0h 00
Sabrina Valle - O Estado de S.Paulo
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) condenou ontem dez dos 14 acusados no caso dos derivativos cambiais de alto risco que causaram perda financeira de R$ 2,5 bilhões à Sadia em 2008 - um prejuízo que pôs a própria sobrevivência da empresa em risco. A CVM entendeu que os controles de risco da companhia foram falhos e que os ex-administradores foram omissos em seu dever de cumprir a política financeira da empresa.
A multa mais pesada foi aplicada ao ex-diretor financeiro da Sadia, Adriano Ferreira, inabilitado por três anos de atuar como administrador de empresa de companhia aberta. Além de Ferreira, os outros 13 ex-executivos foram acusados na qualidade de membros do conselho de administração, sendo alguns também membros de comitês da empresa. Foram aplicadas multas variando de R$ 200 mil a R$ 400 mil a nove deles, somando R$ 2,6 milhões. Outros quatro acusados foram absolvidos. Os advogados dos condenados vão avaliar a possibilidade de recorrer ao Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, o chamado Conselhinho, instância administrativa acima da CVM.
No centro do caso está o tipo de operação escolhido pela Sadia, uma empresa exportadora, para se proteger de variações cambiais. A operação acabou levando a Sadia a um grau de exposição acima do permitido pela política financeira da empresa, de 20% do patrimônio líquido, o equivalente a R$ 600 milhões. A fragilidade aflorou com a crise global de 2008 e a valorização do dólar frente ao real, o que levou a empresa a uma perda bilionária.
Quatro dos acusados receberam multas de R$ 400 mil, por integrarem o conselho de administração, além de comitês de auditoria ou de finanças. São eles Everaldo Nigro dos Santos, Francisco Morales Cespede, José Marcos Comparato e Walter Fontana Filho. Outros cinco acusados, que eram membros do conselho de administração, mas não integravam comitês, foram multados em R$ 200 mil cada. São eles os conselheiros Diva Helena Furlan, Eduardo Fontana D"Ávila, Norberto Fatio, Vicente Falconi Campos e Luiza Helena Trajano. Foram absolvidos Alcides Lopes Tápias, Marcelo Fontana, Roberto Faldini e Cassio Casseb. A CVM entendeu que havia dúvida sobre a responsabilidade deles, pois não integravam o conselho em períodos cruciais das operações.
A Sadia, ao lado da Aracruz, foi uma das empresas mais afetadas pelas apostas em derivativos cambiais, operações que também atingiram uma série de outras companhias. A companhia hoje integra a BRF - Brasil Foods, após fusão com a Perdigão.
O julgamento do caso Aracruz, marcado inicialmente para o dia 8 deste mês, foi adiado a pedido do diretor Otávio Yazbek, relator do processo, para a realização de novas diligências. Não foi marcada nova data.
Acusações. Num auditório lotado, os advogados dos acusados, entre eles dois ex-presidentes da CVM, Marcelo Trindade e Luiz Cantidiano, debateram de quem era a responsabilidade pelas operações arriscadas. A maior parte dos acusados responsabilizou o ex-diretor financeiro Adriano Ferreira pelas operações. A posição é a mesma da Sadia, que entrou com uma ação na Justiça contra o ex-diretor, embora sem sucesso no pleito.
Segundo o advogado Nelson Eizirik, cuja equipe defendeu dez dos 14 acusados, todos membros do conselho de administração, as operações jamais foram reportadas aos membros do conselho de administração e dos membros dos comitês financeiro e de auditoria. "Nunca os membros do conselho de administração tomaram conhecimento dessas operações", afirmou.
Já a advogada de Ferreira, Carmen Sylvia Motta Parkinson, alegou que participaram do processo consultorias de renome internacional e que não foi feita acareação para apuração de informações contraditórias nos autos. Tampouco foram realizadas diligências pedidas por Ferreira para corrigir vícios na acusação. Ferreira sempre argumentou que as decisões que tomava tinham o respaldo da direção da companhia.
Estadão
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