
Levantamento mostra fundos de ações que ficaram mais tempo acima do Ibovespa nos últimos 12 meses e revela estratégias vencedoras no período.
Por Angelo Pavini De São Paulo
27/10/2010
Os fundos de ações livres estão conseguindo ganhar com folga do Índice Bovespa em 12 meses. De 489 fundos pesquisados pela Economática, 338 superam o indicador. Sendo mais seletivos e pegando só os 90 com mais de cem cotistas, 55 ganham do índice. E, entre os 20 fundos maiores, com mais de mil cotistas, 17 estão acima do Ibovespa.
Mas é possível selecionar ainda mais os gestores, segundo sua constância de resultados. Olhando mês a mês o desempenho das carteiras, nota-se que apenas três carteiras das 489 conseguiram ficar 11 dos 12 meses analisados acima do Ibovespa. Entre os 90 com mais de cem cotistas, o número cai para só um.
Um dos destaques na pesquisa é a Geração Futuro, com 12 fundos bem colocados entre os 90 analisados. O Itaú também aparece, com quatro carteiras, assim como o Safra, com dois. Mas a maioria dos vencedores são fundos de gestoras independentes, que até pouco tempo se concentravam mais em multimercados. A estratégia mais comum é a de buscar poucas empresas com bom potencial de valorização e que estão esquecidas pelo mercado, o chamado "investimento de valor". E aguardar a empresa mostrar seu potencial ao mercado no médio e longo prazos.
Nas carteiras com mais de cem cotistas, três fundos ultrapassaram o índice em dez meses, quatro fundos em nove meses e 13 superaram o indicador oito vezes. A grande concentração está entre sete meses (18 fundos) e seis meses (19 carteiras). O Valor separou 20 dos mais consistentes com mais de cem cotistas e 17 dos com mais de mil investidores.
Muitos desses gestores buscam empresas menores ("small caps") e voltadas ao mercado interno, reduzindo a exposição às chamadas "blue chips", mais negociadas. Como a economia local impulsionou a bolsa nos últimos 12 meses, esses papéis tiveram ganhos expressivos. Ao mesmo tempo, o mau desempenho de Petrobras e de outras grandes empresas ligadas ao mercado externo, como as siderúrgicas, segurou o Ibovespa, facilitando o trabalho dos gestores.
O forte crescimento do mercado interno ajudou carteiras como a da Guepardo Investimentos, observa Otávio Magalhães, sócio da gestora, cujo fundo Guepardo FIA acumula ganho de 35,1% e ficou 8 dos últimos 12 meses acima do Ibovespa. Ele cita Lojas Marisa, com alta de 155%, OHL, com 71%, Cremer, com 42% e a construtora Direcional, com 22%. "O piorzinho foi BR Foods, com 7%", diz. Ele observa que, enquanto papéis como Petrobras derrubam o índice, o aumento do consumo das classes C, D e E elevaram as vendas da Marisa.
A economia aquecida aumentou também o número de caminhões e carros nas estradas da OHL. E os programas habitacionais beneficiaram construtoras de mais baixa renda, como a Direcional. "Mesmo a Cremer, do setor de saúde, ganhou com o aumento de renda", diz Magalhães, acrescentando que o fundo tem hoje sete empresas, "todas com visão de valor". Para ele, que administra R$ 450 milhões na gestora, há muitas empresas baratas. "O consumo ainda está começando no Brasil."
Na BRZ Investimentos, cujo fundo BRZ Valor ficou oito meses à frente do Ibovespa nos últimos 12 meses, com ganho acumulado de 31,1%, uma equipe gestores e analistas estuda de 75 a 80 empresas listadas na bolsa e busca nos fundamentos de cada uma delas se há oportunidades de compra, explica André Lion, chefe da área de renda variável. "Mas não usamos o Ibovespa como referencial; não montamos a carteira pensando se temos mais de um papel do que a participação dele no índice." Isso dá mais liberdade para o gestor buscar oportunidades que darão retorno em 12 meses. Em geral, o fundo tem 10 a 20 empresas, e conforme acham que um papel é mais atrativo, colocam 7%, 10%, até 12% dele na carteira.
Há também uma regra de liquidez mínima, observa Allan Hadid, diretor da BRZ. A ação precisa ter pelo menos R$ 5 milhões por dia de negócios para entrar na carteira, mas a meta são papéis com pelo menos R$ 10 milhões por dia. "Temos de fazer isso, pois o fundo não tem carência, permite resgates em três dias úteis", explica Hadid. O fundo é aberto para o público em geral, com aplicação de R$ 20 mil. "E só aplicamos em ações, não temos índice futuro ou opções", acrescenta Lion. Ele tem hoje na carteira Copel, Itaú, Braskem, Vivo, Telemar e Vale. "A mineradora tem bom potencial com o minério de ferro a US$ 150 a tonelada", diz.
Na Quest Investimentos, o sócio-diretor Walter Maciel Neto destaca que o Quest Ações, criado em 2005, acumula desde o início ganho de 503,35%, para 167,57% do Ibovespa. Na pesquisa da Economática, a carteira apresenta retornos acima do índice em 9 dos últimos 12 meses. O fundo tem taxa de administração de 2% ao ano, mais 20% de performance sobre o que superar IGP-M mais 6% ao ano e liquidez em três dias úteis.
O objetivo do Quest Ações é procurar papéis bastante líquidos para reduzir riscos, afirma Maciel. O foco são empresas com média e alta capitalização. "Temos ações menores, mas em parcela reduzida, mas poderíamos vender 94% da carteira em dois pregões", diz. A meta é ter entre 20 e 25 papéis, sendo que nenhum tem mais de 20% da carteira. Hoje o portfólio tem uma posição boa em Vale, de 13,5% em ações e 3% em opções. Petrobras também faz parte da carteira, com 11%, abaixo porém da fatia de 22% do Ibovespa. "A estatal caiu demais e se tornou um bom negócio", diz Maciel. Ao mesmo tempo, o fundo tem 6% em OGX.
O processo de escolha dos papéis é feito com base em fatores macroeconômicos, ponto forte da Quest, afirma Maciel. "Vemos o preço da ação, o fluxo de caixa, conhecer a sede da empresa, mas também, como tudo, isso se insere na nossa visão macro da economia, juros, câmbio e risco", diz. Hoje a grande aposta do fundo é Cosan, dona dos postos Texaco, Braskem, Vale e CSN.
Por Angelo Pavini De São Paulo
27/10/2010
Os fundos de ações livres estão conseguindo ganhar com folga do Índice Bovespa em 12 meses. De 489 fundos pesquisados pela Economática, 338 superam o indicador. Sendo mais seletivos e pegando só os 90 com mais de cem cotistas, 55 ganham do índice. E, entre os 20 fundos maiores, com mais de mil cotistas, 17 estão acima do Ibovespa.
Mas é possível selecionar ainda mais os gestores, segundo sua constância de resultados. Olhando mês a mês o desempenho das carteiras, nota-se que apenas três carteiras das 489 conseguiram ficar 11 dos 12 meses analisados acima do Ibovespa. Entre os 90 com mais de cem cotistas, o número cai para só um.
Um dos destaques na pesquisa é a Geração Futuro, com 12 fundos bem colocados entre os 90 analisados. O Itaú também aparece, com quatro carteiras, assim como o Safra, com dois. Mas a maioria dos vencedores são fundos de gestoras independentes, que até pouco tempo se concentravam mais em multimercados. A estratégia mais comum é a de buscar poucas empresas com bom potencial de valorização e que estão esquecidas pelo mercado, o chamado "investimento de valor". E aguardar a empresa mostrar seu potencial ao mercado no médio e longo prazos.
Nas carteiras com mais de cem cotistas, três fundos ultrapassaram o índice em dez meses, quatro fundos em nove meses e 13 superaram o indicador oito vezes. A grande concentração está entre sete meses (18 fundos) e seis meses (19 carteiras). O Valor separou 20 dos mais consistentes com mais de cem cotistas e 17 dos com mais de mil investidores.
Muitos desses gestores buscam empresas menores ("small caps") e voltadas ao mercado interno, reduzindo a exposição às chamadas "blue chips", mais negociadas. Como a economia local impulsionou a bolsa nos últimos 12 meses, esses papéis tiveram ganhos expressivos. Ao mesmo tempo, o mau desempenho de Petrobras e de outras grandes empresas ligadas ao mercado externo, como as siderúrgicas, segurou o Ibovespa, facilitando o trabalho dos gestores.
O forte crescimento do mercado interno ajudou carteiras como a da Guepardo Investimentos, observa Otávio Magalhães, sócio da gestora, cujo fundo Guepardo FIA acumula ganho de 35,1% e ficou 8 dos últimos 12 meses acima do Ibovespa. Ele cita Lojas Marisa, com alta de 155%, OHL, com 71%, Cremer, com 42% e a construtora Direcional, com 22%. "O piorzinho foi BR Foods, com 7%", diz. Ele observa que, enquanto papéis como Petrobras derrubam o índice, o aumento do consumo das classes C, D e E elevaram as vendas da Marisa.
A economia aquecida aumentou também o número de caminhões e carros nas estradas da OHL. E os programas habitacionais beneficiaram construtoras de mais baixa renda, como a Direcional. "Mesmo a Cremer, do setor de saúde, ganhou com o aumento de renda", diz Magalhães, acrescentando que o fundo tem hoje sete empresas, "todas com visão de valor". Para ele, que administra R$ 450 milhões na gestora, há muitas empresas baratas. "O consumo ainda está começando no Brasil."
Na BRZ Investimentos, cujo fundo BRZ Valor ficou oito meses à frente do Ibovespa nos últimos 12 meses, com ganho acumulado de 31,1%, uma equipe gestores e analistas estuda de 75 a 80 empresas listadas na bolsa e busca nos fundamentos de cada uma delas se há oportunidades de compra, explica André Lion, chefe da área de renda variável. "Mas não usamos o Ibovespa como referencial; não montamos a carteira pensando se temos mais de um papel do que a participação dele no índice." Isso dá mais liberdade para o gestor buscar oportunidades que darão retorno em 12 meses. Em geral, o fundo tem 10 a 20 empresas, e conforme acham que um papel é mais atrativo, colocam 7%, 10%, até 12% dele na carteira.
Há também uma regra de liquidez mínima, observa Allan Hadid, diretor da BRZ. A ação precisa ter pelo menos R$ 5 milhões por dia de negócios para entrar na carteira, mas a meta são papéis com pelo menos R$ 10 milhões por dia. "Temos de fazer isso, pois o fundo não tem carência, permite resgates em três dias úteis", explica Hadid. O fundo é aberto para o público em geral, com aplicação de R$ 20 mil. "E só aplicamos em ações, não temos índice futuro ou opções", acrescenta Lion. Ele tem hoje na carteira Copel, Itaú, Braskem, Vivo, Telemar e Vale. "A mineradora tem bom potencial com o minério de ferro a US$ 150 a tonelada", diz.
Na Quest Investimentos, o sócio-diretor Walter Maciel Neto destaca que o Quest Ações, criado em 2005, acumula desde o início ganho de 503,35%, para 167,57% do Ibovespa. Na pesquisa da Economática, a carteira apresenta retornos acima do índice em 9 dos últimos 12 meses. O fundo tem taxa de administração de 2% ao ano, mais 20% de performance sobre o que superar IGP-M mais 6% ao ano e liquidez em três dias úteis.
O objetivo do Quest Ações é procurar papéis bastante líquidos para reduzir riscos, afirma Maciel. O foco são empresas com média e alta capitalização. "Temos ações menores, mas em parcela reduzida, mas poderíamos vender 94% da carteira em dois pregões", diz. A meta é ter entre 20 e 25 papéis, sendo que nenhum tem mais de 20% da carteira. Hoje o portfólio tem uma posição boa em Vale, de 13,5% em ações e 3% em opções. Petrobras também faz parte da carteira, com 11%, abaixo porém da fatia de 22% do Ibovespa. "A estatal caiu demais e se tornou um bom negócio", diz Maciel. Ao mesmo tempo, o fundo tem 6% em OGX.
O processo de escolha dos papéis é feito com base em fatores macroeconômicos, ponto forte da Quest, afirma Maciel. "Vemos o preço da ação, o fluxo de caixa, conhecer a sede da empresa, mas também, como tudo, isso se insere na nossa visão macro da economia, juros, câmbio e risco", diz. Hoje a grande aposta do fundo é Cosan, dona dos postos Texaco, Braskem, Vale e CSN.
Valor Econômico
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