
Fundos voltados para empresas de menor porte se destacam, apesar da falta de definição da bolsa.
Por Luciana Monteiro, de São Paulo 09/08/2010
O gestor que soube fazer uma boa garimpagem na bolsa neste ano conseguiu encontrar verdadeiras preciosidades. E foram as empresas de menor porte que se destacaram. Mesmo com a falta de definição da bolsa em 2010, os fundos especializados em ações de menor liquidez , as chamadas "small caps", apresentam retorno médio de 7,29% até julho, bem acima da queda de 1,56% do Ibovespa no mesmo período. Isso depois de terem subido 117% em média em 2009.
Alguns papéis, como os preferenciais (PN, sem direito a voto) da Rede Energia, por exemplo, acumulam valorização de 122,50% no ano até sexta-feira, enquanto as ações ordinárias (ON, com voto) da Lojas Marisa sobem 107,50%. As ONs da Hering, por sua vez, apresentavam alta de 98,30%, as da Iochpe, 55,49%, e as PNs da Marcopolo, 43,08%. As boas expectativas com relação à economia brasileira fazem com que ações voltadas para o mercado interno, como construção civil, varejo, alimentos e carnes, sejam favorecidas.
O movimento neste ano ainda é, de certa forma, um rescaldo do bom desempenho registrado no ano passado e calcado na expansão da economia doméstica. Em 2009, com a recuperação do mercado de capitais, as "small caps" voltaram a ganhar terreno depois de terem sido bastante castigadas pela crise em 2008. Naquele momento, além de sofrerem com a queda do mercado, esses papéis foram afetados por sua baixa liquidez, o que aumentava o impacto das vendas de lotes maciços por estrangeiros.
E quando o mercado se recuperou, o investidor voltou a aplicar inicialmente em papéis de maior liquidez, lembra André Vainer, gestor de renda variável e sócio da XP Gestão. "E, à medida que a situação foi se estabilizando e os resultados das empresas aparecendo, as 'small caps' voltaram a ser olhadas", lembra ele.
Foi justamente a aposta em empresas voltadas ao mercado interno que trouxe retornos acima de 20% para os fundos "small caps" da Quest Investimentos. Nas carteiras estão, por exemplo, Hering, Banco ABC, Gafisa, Sul América, OHL, Random e Marcopolo. Montar uma carteira somente com ações "small caps" é algo que exige muito trabalho do gestor. É preciso investir na equipe, diz Fabio Spinola, gestor de renda variável da Quest. "Como são papéis que têm menos analistas cobrindo, não há uma base de comparação e a atenção tem de ser ainda maior."
Entre as ações mais líquidas, é mais difícil se captar distorções. O mesmo não ocorre com as companhias menores, já que há menos analistas acompanhando. Mas isso faz também com que o gestor precise ter um contato mais próximo com a empresa para uma melhor avaliação, diz Vainer, da XP. "Se não houver uma proximidade com a companhia, não dá para se fazer uma boa análise desses papéis." Ele ressalta que não é porque a empresa está barata que o investimento é bom. É necessário observar também o setor em que a empresa atua, os sócios e os resultados passados. Na carteira do fundo da XP estão papéis como Helbor, Banco Pine, Magnesita, Múltiplos e Cremer.
Definir o que pode ser considerado uma empresa "small cap", no entanto, varia de instituição para instituição. Algumas gestoras compram apenas empresas com um determinado valor de mercado. É o caso da XP e da Quest, que têm em carteira somente ações de empresas com valor de mercado inferior a R$ 5 bilhões. Outras casas utilizam como referência o Índice Small Cap, lançado em setembro de 2008. Nesse caso, a capitalização da empresa chega até a R$ 9 bilhões. É o que faz a BB DTVM.
Esse tipo de fundo é mais voltado para quem quer ter seus investimentos mais vinculados ao crescimento interno, diz Jorge Ricca, gestor de renda variável da BB DTVM. "O Ibovespa é muito concentrado em commodities, que são mais dependentes do cenário externo que outros setores", afirma. É o caso das empresas de construção civil, infraestrutura, consumo e varejo, mais voltadas a expansão da economia brasileira. "A performance foi bastante positiva em 2009 e, diante das projeções de crescimento, o cenário ainda é bom."
Por Luciana Monteiro, de São Paulo 09/08/2010
O gestor que soube fazer uma boa garimpagem na bolsa neste ano conseguiu encontrar verdadeiras preciosidades. E foram as empresas de menor porte que se destacaram. Mesmo com a falta de definição da bolsa em 2010, os fundos especializados em ações de menor liquidez , as chamadas "small caps", apresentam retorno médio de 7,29% até julho, bem acima da queda de 1,56% do Ibovespa no mesmo período. Isso depois de terem subido 117% em média em 2009.
Alguns papéis, como os preferenciais (PN, sem direito a voto) da Rede Energia, por exemplo, acumulam valorização de 122,50% no ano até sexta-feira, enquanto as ações ordinárias (ON, com voto) da Lojas Marisa sobem 107,50%. As ONs da Hering, por sua vez, apresentavam alta de 98,30%, as da Iochpe, 55,49%, e as PNs da Marcopolo, 43,08%. As boas expectativas com relação à economia brasileira fazem com que ações voltadas para o mercado interno, como construção civil, varejo, alimentos e carnes, sejam favorecidas.
O movimento neste ano ainda é, de certa forma, um rescaldo do bom desempenho registrado no ano passado e calcado na expansão da economia doméstica. Em 2009, com a recuperação do mercado de capitais, as "small caps" voltaram a ganhar terreno depois de terem sido bastante castigadas pela crise em 2008. Naquele momento, além de sofrerem com a queda do mercado, esses papéis foram afetados por sua baixa liquidez, o que aumentava o impacto das vendas de lotes maciços por estrangeiros.
E quando o mercado se recuperou, o investidor voltou a aplicar inicialmente em papéis de maior liquidez, lembra André Vainer, gestor de renda variável e sócio da XP Gestão. "E, à medida que a situação foi se estabilizando e os resultados das empresas aparecendo, as 'small caps' voltaram a ser olhadas", lembra ele.
Foi justamente a aposta em empresas voltadas ao mercado interno que trouxe retornos acima de 20% para os fundos "small caps" da Quest Investimentos. Nas carteiras estão, por exemplo, Hering, Banco ABC, Gafisa, Sul América, OHL, Random e Marcopolo. Montar uma carteira somente com ações "small caps" é algo que exige muito trabalho do gestor. É preciso investir na equipe, diz Fabio Spinola, gestor de renda variável da Quest. "Como são papéis que têm menos analistas cobrindo, não há uma base de comparação e a atenção tem de ser ainda maior."
Entre as ações mais líquidas, é mais difícil se captar distorções. O mesmo não ocorre com as companhias menores, já que há menos analistas acompanhando. Mas isso faz também com que o gestor precise ter um contato mais próximo com a empresa para uma melhor avaliação, diz Vainer, da XP. "Se não houver uma proximidade com a companhia, não dá para se fazer uma boa análise desses papéis." Ele ressalta que não é porque a empresa está barata que o investimento é bom. É necessário observar também o setor em que a empresa atua, os sócios e os resultados passados. Na carteira do fundo da XP estão papéis como Helbor, Banco Pine, Magnesita, Múltiplos e Cremer.
Definir o que pode ser considerado uma empresa "small cap", no entanto, varia de instituição para instituição. Algumas gestoras compram apenas empresas com um determinado valor de mercado. É o caso da XP e da Quest, que têm em carteira somente ações de empresas com valor de mercado inferior a R$ 5 bilhões. Outras casas utilizam como referência o Índice Small Cap, lançado em setembro de 2008. Nesse caso, a capitalização da empresa chega até a R$ 9 bilhões. É o que faz a BB DTVM.
Esse tipo de fundo é mais voltado para quem quer ter seus investimentos mais vinculados ao crescimento interno, diz Jorge Ricca, gestor de renda variável da BB DTVM. "O Ibovespa é muito concentrado em commodities, que são mais dependentes do cenário externo que outros setores", afirma. É o caso das empresas de construção civil, infraestrutura, consumo e varejo, mais voltadas a expansão da economia brasileira. "A performance foi bastante positiva em 2009 e, diante das projeções de crescimento, o cenário ainda é bom."
Valor Econômico
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