27/07/2010 - O Enigma da Longevidade - Júlio Sérgio Cardozo
Alguns jovens poupam desde cedo, enquanto outros aprendem com dívidas precoces que não há futuro sem planejamento
Ao contrário das gerações anteriores, que pouco se preocupavam com o amanhã por conta dos níveis de inflação galopantes e instabilidades econômicas, os jovens hoje começam a pensar cedo no futuro. Ainda bem jovens, muitos falam em guardar dinheiro e até em fazer previdência privada. Um exemplo claro acontece no meu lar. Ao contrário da turma da idade dele, meu filho, quando tinha 21 anos, não pensava em gastar dinheiro com baladas, viagens e namoradas aos montes.
Seu foco era mergulhar de cabeça na faculdade e apostar na vida profissional, por isso sempre guardava o que ganhava de mesada. Até que um dia decidiu ir ao banco, sem que ninguém soubesse (nem eu!), para encontrar uma forma de investir melhor seu dinheiro. Não deu outra: foi convencido pela gerente a ter um plano de previdência. Pode parecer precoce, mas ele faz parte de uma geração que sabe o que quer.
Reconheço que também fiquei surpreso quando a engenheira Simone Diniz, de 34 anos, me contou que todo mês destina 30% do seu salário para algum tipo de poupança. Mas, se por um lado esbarramos em jovens que passaram a enxergar a importância de planejar o futuro, por outro assistimos a um novo fenômeno que merece atenção: o alto índice de endividamento.
Uma pesquisa publicada em matéria da revista Época (edição 634) mostra que “no primeiro semestre de 2010, em São Paulo, a parcela de não pagadores com até 20 anos dobrou em relação a 2009: foi de 4% para 8%”. Em 2000, esses jovens eram apenas 2% dos inadimplentes, segundo o Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo.
A expansão da oferta de crédito no mercado levou o jovem brasileiro a gastar mais e de maneira indiscriminada. Especialistas afirmam que esse quadro é reflexo da pouca informação que essa turma possui sobre como usar o dinheiro. De fato é um dado assustador, sobretudo quando olhamos para outra realidade: as carreiras nas empresas estão ficando cada vez mais curtas e a vida biológica cada vez mais longa.
Como equilibrar essa equação? A resposta é fácil. Aqueles que acordaram para o que vem por aí entendem bem que sem planejamento, a vida ficará difícil lá na frente. A previdência social está praticamente falida e é bem provável que os pais dessa nova geração não conseguirão mais mantê-los sem emprego ou uma atividade. Alternativas é que não faltam, principalmente quando se começa cedo.
Se você é jovem e se vê encrencado com a fatura do cartão de crédito, não consegue sair do cheque especial e vive pedindo dinheiro emprestado, sinal vermelho! A boa notícia é que você tem a chance de mudar agora. Se o seu filho tem esse tipo de comportamento, talvez esteja na hora de repensar o exemplo dado. Uma boa educação financeira vai evitar que ele seja um adulto devedor.
Quando desde cedo se cultiva o hábito de poupar e não se deixar cair nas armadilhas do consumo, o futuro certamente estará garantido, seja qual for a direção. Não é à toa que em países mais desenvolvidos os pais guardam dinheiro para pagar a faculdade dos filhos, cultura que é passada para seus sucessores.
No Brasil, as famílias poupam apenas 4,7% do PIB, revelou o último levantamento do IBGE. Já os chineses conseguem guardar 20%. Precisamos reverter esse cenário, melhorar a capacidade de acumular recursos próprios ao longo dos anos e gerar mais riqueza. Sem planejamento, não há futuro. Os benefícios de uma posteridade melhor só virão para aqueles que enxergam o hoje como um salto para o amanhã.
Julio Sergio Cardozo (CEO da Julio Sergio Cardozo & Associados e professor livre docente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Website: http://www.cardozo-group.com/. Twitter:http://Twitter.com/juliocardozo)
Seu foco era mergulhar de cabeça na faculdade e apostar na vida profissional, por isso sempre guardava o que ganhava de mesada. Até que um dia decidiu ir ao banco, sem que ninguém soubesse (nem eu!), para encontrar uma forma de investir melhor seu dinheiro. Não deu outra: foi convencido pela gerente a ter um plano de previdência. Pode parecer precoce, mas ele faz parte de uma geração que sabe o que quer.
Reconheço que também fiquei surpreso quando a engenheira Simone Diniz, de 34 anos, me contou que todo mês destina 30% do seu salário para algum tipo de poupança. Mas, se por um lado esbarramos em jovens que passaram a enxergar a importância de planejar o futuro, por outro assistimos a um novo fenômeno que merece atenção: o alto índice de endividamento.
Uma pesquisa publicada em matéria da revista Época (edição 634) mostra que “no primeiro semestre de 2010, em São Paulo, a parcela de não pagadores com até 20 anos dobrou em relação a 2009: foi de 4% para 8%”. Em 2000, esses jovens eram apenas 2% dos inadimplentes, segundo o Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo.
A expansão da oferta de crédito no mercado levou o jovem brasileiro a gastar mais e de maneira indiscriminada. Especialistas afirmam que esse quadro é reflexo da pouca informação que essa turma possui sobre como usar o dinheiro. De fato é um dado assustador, sobretudo quando olhamos para outra realidade: as carreiras nas empresas estão ficando cada vez mais curtas e a vida biológica cada vez mais longa.
Como equilibrar essa equação? A resposta é fácil. Aqueles que acordaram para o que vem por aí entendem bem que sem planejamento, a vida ficará difícil lá na frente. A previdência social está praticamente falida e é bem provável que os pais dessa nova geração não conseguirão mais mantê-los sem emprego ou uma atividade. Alternativas é que não faltam, principalmente quando se começa cedo.
Se você é jovem e se vê encrencado com a fatura do cartão de crédito, não consegue sair do cheque especial e vive pedindo dinheiro emprestado, sinal vermelho! A boa notícia é que você tem a chance de mudar agora. Se o seu filho tem esse tipo de comportamento, talvez esteja na hora de repensar o exemplo dado. Uma boa educação financeira vai evitar que ele seja um adulto devedor.
Quando desde cedo se cultiva o hábito de poupar e não se deixar cair nas armadilhas do consumo, o futuro certamente estará garantido, seja qual for a direção. Não é à toa que em países mais desenvolvidos os pais guardam dinheiro para pagar a faculdade dos filhos, cultura que é passada para seus sucessores.
No Brasil, as famílias poupam apenas 4,7% do PIB, revelou o último levantamento do IBGE. Já os chineses conseguem guardar 20%. Precisamos reverter esse cenário, melhorar a capacidade de acumular recursos próprios ao longo dos anos e gerar mais riqueza. Sem planejamento, não há futuro. Os benefícios de uma posteridade melhor só virão para aqueles que enxergam o hoje como um salto para o amanhã.
Julio Sergio Cardozo (CEO da Julio Sergio Cardozo & Associados e professor livre docente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Website: http://www.cardozo-group.com/. Twitter:http://Twitter.com/juliocardozo)
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