Fala-se muito na questão de distribuição dos lucros. Qual seria a melhor forma de apurar este resultado?
Todo gestor tem a obrigação de gerar recursos e obter lucro visando à sobrevivência e ao crescimento de sua empresa. Para tanto, tem que saber qual foi o resultado final do seu trabalho, apurar o lucro ou o prejuízo. Sendo assim, qual seria a melhor metodologia visando apresentar este resultado?
Com exceção do lucro real ou presumido, não se encontra muita informação técnica sobre este assunto. Também vivenciei na prática a dificuldade na obtenção deste número, pois os modelos conhecidos não "batiam" com a realidade financeira das empresas. A questão maior é que, toda vez em que se fala em como calcular o lucro, é dito o óbvio que não é tão lógico assim: deduzir o custo das mercadorias ou dos serviços vendidos, e estes podem legalmente ser calculados e expressos de várias formas, influindo significativamente no resultado, como, por exemplo: estoque inicial + compras - estoque final, custo padrão, custo real, custo por absorção, custo médio, UEPS, PEPS etc.
Fala-se em contabilidade criativa do governo e de algumas empresas; pode-se distorcer o resultado fazendo uso de algumas regras estabelecidas, como as despesas do exercício seguinte, o diferido, a provisão para devedores duvidosos, a reavaliação de ativos, as depreciações aceleradas, as reservas para contingências futuras, a correção monetária, as antecipações, os diversos, etc.
O lucro contábil, que segue regras e regulamentações legais de escrituração, tornou-se um parâmetro de mercado utilizado para efeito de acompanhamento e comparativo entre empresas. Na verdade, trata-se de um número único, não sendo possível confrontar com um outro resultado. Escolher entre o lucro real ou presumido, basicamente, é uma questão de quem pagará menos imposto de renda.
Ao se efetuar aleatoriamente a análise de balanços das empresas de capital aberto e observar o critério de apuração do lucro financeiro, pode-se afirmar que, na maioria das empresas, a variação dos ativos de tesouraria no exercício era maior do que o lucro liquido apresentado. Alguns segmentos que não são tributados pelo lucro demonstram um resultado contrário ao anterior: lucro líquido maior do que a variação dos ativos de tesouraria..
Se for comprovado que as empresas executam o "planejamento tributário" procurando brechas na lei para diminuir o lucro nos balanços contábeis, como fica a questão ética na distribuição dos lucros?
O saldo final do fluxo de caixa pode até ser um bom indicador de resultados, mas não apresenta as contas vencidas não pagas. Fundamentando-se nas entradas de recursos, não considera também o efeito do faturamento na evolução do contas a receber.
Já o lucro financeiro/gerencial sempre apresenta o seu resultado mantendo uma equivalência constante com a variação dos ativos de tesouraria, que é nada menos do que a variação da soma das disponibilidades mais o contas a receber em um determinado período. Neste caso, somente ocorrerá esta correspondência se a demonstração de resultados mostrar total consistência das informações apresentadas. Então, tirar a prova é fundamental para ter a certeza da credibilidade e autenticidade dos dados e informações apresentados, o que irá proporcionar relatórios confiáveis e gerar maior segurança nas tomadas de decisões estratégicas.
Na verdade, somando-se com a prática de apuração do resultado financeiro, talvez seria o melhor indicador de lucro a variação do ativo circulante comparado com seu antecessor em um determinado período. Apesar de este número também poder apresentar algumas distorções, como o estoque sobrevalorizado, os produtos de baixa liquidez e a omissão de passivos, este número também é único, não sendo possível a obtenção de um outro dado equivalente
De qualquer forma, acredito que o lucro apresentado só vale até a data de emissão do relatório, pois, a seguir, podem acontecer imprevistos, como greves, erros técnicos (recall), desvalorização cambial, mudança brusca de mercado e outros, que comprometerão todo o trabalho e esforço na geração do lucro. Penso que mesmo as empresas que tenham outros propósitos têm que obter lucro.
Sempre que se fala em lucro, muitos defendem que o ideal seria aquele em que o resultado fosse obtido através de um trabalho ético e que contemplasse ganhos relacionados à área social e ambiental, no entanto esses resultados são de difícil mensuração em razão do seu caráter intangível.
Como a contabilidade gerencial é uma realidade presente em muitas empresas, pergunto-me: como estarão realizando e apresentando esse tipo de indicador e relatório? O resultado final, apresentado como lucro ou prejuízo, é passível de comprovação com outro número? De qualquer forma, quando for apresentado um valor final isolado, o melhor resultado será sempre daquele último que o elaborou.
João Raimundo de Carvalho Lopes
Administrador, Contador, MBA em gestão estratégica e especialização em finanças.
Consultor de empresas com ênfase no planejamento estratégico e na apuração do lucro financeiro, fator crucial para a sobrevida e crescimento de qualquer organização.
Implantação de sistemas integrados, desenvolvimento de processos de trabalho, auditoria e elaboração de relatórios gerencias dentro do conceito de gestão digital.
Experiências significativas na área financeira em empresas como a Alcan, Fiat, Remil e Adm Consultoria. Projetos de consultoria realizados em diversas empresas dos seguimentos de confecções, decorações, cosméticos, meio ambiente e transportes.
Fonte: Administradores
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