
Cada vez mais empreendedores trocam o IPTU pelo IPVA em busca do negócio próprio
A paulistana Karla Alencar pode dizer sem medo de errar que está, literalmente,
na direção da empresa. Entre segunda e sábado, ela senta-se ao volante de uma
van Sprinter equipada, dá a partida no motor e conduz aquele que é seu negócio
próprio para cima e para baixo, sempre em busca dos cerca de 14 clientes que
atende diariamente na grande São Paulo.
Karla é dona de um pet shop móvel especializado em tratamento estético para cães
e gatos. Ela endossa um movimento que ganha força no País, sobretudo nas grandes
cidades, notabilizado por empresas sobre rodas. Sem compromissos com aluguel,
pagamento de luvas e reforma do ponto, esses empreendedores trocam o IPTU pelo
IPVA, a conta de luz pelas despesas com combustível e ganham em mobilidade,
agregando clientela com o atributo da conveniência.
"O procedimento é feito na frente da casa do cliente e eu sinto que otimizo o
tempo dos donos de cães e gatos e minimizo o stress do animal", afirma Karla,
afiada no discurso de vendedora. "Tive essa ideia quando fui viajar para os
Estados Unidos e vi que, lá, existe tecnologia para transformar o carro no que
você quiser. Voltei para casa e montei a empresa", diz a dona da Aracê
Embelezamento Animal, empresária que cobra de R$ 40 a R$ 110 por um banho nos
pets e, assim, coloca no bolso cerca de R$ 12 mil no final do mês.
Karla diz que trabalha muito - "sempre começo às 8h e, de sábado, vou até as
20h" - e tem consciência que, mesmo sem copiar a ideia de nenhuma outra empresa
brasileira, não é a primeira e certamente não é a única a transformar uma van em
um negócio tradicional do comércio. Na verdade, esse mercado está tão em
evidência por aqui que já existem pequenas empresas especializadas em preparar
furgões, vans e minivans no que você quiser.
Gislene Gonçalves Viana, por exemplo, faturou R$ 1,2 milhão em 2012 com o
nicho. Ela é uma das sócias da Fag, lançada há oito anos para transformar
veículos em ambulâncias e carros para transporte de passageiros. Mas a
customização de carros em restaurantes, lanchonetes, petshops e até showroom de
lojas de roupas a fez praticamente abandonar os clientes antigos. Hoje ela
recebe de dez a quinze encomendas por mês. Ambulâncias são raridades. "A cada
dez pedidos, seis são para a área de alimentos. Esse é o principal nicho",
conta.
De fato, o mercado de comida de rua, que começou há 20 anos com a venda de
cachorro-quente e hoje tem até ofertas sofisticadas, é o que mais atrai
empresários motorizados. Em São Paulo, aliás, existe inclusive uma legislação
aprovada em primeira votação na Câmara Municipal para regulamentar o setor.
Sabendo desse mercado em potencial, os sócios Mario Chierighini Filho,
Ricardo Cury e Plinio Bernardi investiram R$ 500 mil para lançar uma rede móvel
de cafeteria gourmet. Batizada de Barisly, o empreendimento nasceu em Itu (SP) e
tem previsão de expandir para outras cidades do interior e inclusive na capital
do estado por meio do sistema de franquias.
"Compramos uma marca de café gourmet e vamos explorar os espaços próximos de
empresas, estacionamento de mercados, portas de faculdade. É um produto para
quem gosta de café", afirma Ricardo Cury, que contratou um artista plástico para
desenvolver o baú de 2,10 metros de comprimento por 1,60 metros de altura. "O
baú se acopla à carroceria de uma pick-up Towner Jr, que tem um preço em conta
para o empreendedor", diz ele, que cobra R$ 90 mil pela franquia. "Já temos uma
franquia em Sorocaba e estamos conversando com interessados em São Paulo."
Fonte: PME Estadão
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