O resultado das concessões de crédito em outubro, anunciado pelo Banco
Central nesta quinta-feira (29), é uma pegadinha. Isso porque, apesar de ter
mostrado crescimento no volume de operações, o comportamento do mercado disfarça
a verdadeira mensagem do mestre. Duas mensagens.
A primeira delas leva em conta a greve dos bancários em setembro, que deixou
muita gente sem poder encontrar o gerente, muito menos um empréstimo novo. No
mês passado, o movimento das famílias e das empresas mostra, então, que todos se
encontraram nas agências para buscar crédito: os que iriam em setembro e os que
já tinham planos para outubro.
A segunda mensagem, a mais importante, é que os bancos públicos estão saindo
de cena. Pelo segundo mês consecutivo, a participação deles no mercado de
crédito não cresceu. A carteira de empréstimos das instituições controladas pelo
governo – Banco do Brasil, Caixa e BNDES, ultrapassa 50% do mercado. Mas deve
parar por aí.
Os bancos privados começaram a sair de cena há mais de dois anos. Desde
meados de 2011 que a participação deles no mercado de crédito só cai, enquanto a
dos públicos só cresce, ou crescia. Estimulados pelo governo, os bancos públicos
deixaram a avaliação de risco de lado e saíram dando financiamento para tudo e
para todos, com taxas subsidiadas.
A voracidade do governo deixou os investidores de cabelo em pé. Com medo de
dar mais motivo para receber um rebaixamento na classificação de risco do
Brasil, o governo anunciou, há dois meses, que começaria a fechar os guichês dos
bancos públicos também. Se esse recuo se mantiver, finalmente o governo poderá
se gabar de que entregou o que prometeu.
Até porque, não fica tão difícil assim cumprir essa promessa. O BC está
subindo os juros – acabaram de ir para 10% ao ano. Pela mensagem criptografada
dos diretores do Copom, parece que ainda vem mais algum aumento pela frente –
pequeno, mas vem. Lá na mesa do gerente, as famílias e os empresários já
sentiram que o dinheiro ficou mais caro. Os juros para os novos financiamentos
estão no maior patamar dos últimos 18 meses, como mostra a reportagem do
Alexandre Martello aqui no G1.
Fonte: G1 - Os caminhos da Economia com Thais Herédia
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