Por Robin Wigglesworth e Demos Telis
Financial Times, de Londres e de Nova York
Centenas de empresas, entre as quais o Facebook, site mundial predominante de redes sociais, o Manchester United e a Sinochem, estatal chinesa fabricante de produtos químicos, planejam lançar ações neste ano, apesar de executivos bancários e investidores alertarem que mercados turbulentos criarão problemas para muitas companhias menos conhecidas.
A Bloomberg Data lista mais de 1,4 mil empresas que manifestaram intenção de realizar uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em 2012, embora muitos desses planos sejam vagas intenções.
A Ipreo, uma firma especializada em análises sobre o mercado de capitais, observa que 181 empresas protocolaram ou atualizaram seus planos nos últimos seis meses, no mundo todo. Isso representa menos do que a fila acumulada no início de 2011, quando 199 estavam na espera.
Executivos de bancos dizem que a demanda "reprimida" é ainda maior, com muito mais empresas prestes a concretizar suas intenções. "[A] fila de IPOs em potencial está em um pico histórico", disse Ivor Dunbar, diretor de mercados de capitais globais do Deutsche Bank. "A lista de empresas à espera de chegar ao mercado é extensa."
As empresas terão de enfrentar condições muito desfavoráveis. O ano passado foi um dos piores da história para ofertas iniciais. Banqueiros de investimento alertam que 2012 também poderá decepcionar.
Mais de 300 ofertas iniciais potencialmente avaliadas em US$ 77 bilhões foram canceladas ou adiadas em 2011, segundo a Dealogic, ultrapassando até mesmo o total em 2008. Banqueiros dizem que inúmeras outras ofertas foram discretamente colocadas em banho-maria. A atividade mundial de emissão em geral quase caiu à metade, para US$ 168,4 bilhões no ano passado, segundo a Dealogic.
A Europa foi a mais afetada pelos cancelamentos. A Espanha foi obrigada a cancelar a operação de US$ 10 bilhões planejada pela Loterias, sua loteria nacional. Grandes empresas industriais alemãs também optaram por esperar.
"Infelizmente, cancelar um IPO na Europa já não cria o mesmo estigma que costumava", diz Craig Coben, diretor europeu de mercados de capitais do Bank of America Merrill Lynch. "Mesmo quando uma empresa está sendo oferecida a um desconto inédito em relação aos concorrentes, os investidores ainda estão sendo muito cuidadosos."
A volatilidade do mercado de ações - o flagelo das ofertas iniciais, pois dificulta a determinação de preços durante o processo que dura várias semanas - diminuiu, em comparação com o outono passado (Hemisfério Norte), mas está elevada e poderá disparar novamente.
Uma sondagem envolvendo cem executivos do setor bancário americano, realizada pela BDO, empresa de auditoria e consultoria, verificou que o percentual daqueles que estão prevendo um aumento das ofertas iniciais em 2012 em relação ao ano passado é de apenas 50%, contra os 72% que esperavam alta em 2011.
"Essa é, disparada, a previsão menos positiva que vimos nos últimos três anos", disse Brian Eccleston, sócio da BDO. "A maior ameaça continua sendo a instabilidade política e financeira mundial."
Alguns banqueiros estão esperançosos que os volumes de ofertas iniciais crescerão no segundo semestre. "Existem fases nas quais o fluxo de notícias negativas afeta o mercado. Mas, salvo algum evento sísmico, este ano será melhor do que 2011, pelo menos no segundo semestre", diz Raghavan Vis, diretor mundial de mercados de capitais do J.P. Morgan.
Fonte: Valor Econômico
http://www.valor.com.br/impresso/eu-investimentos/turbulencia-ameaca-futuras-ofertas-de-acoes-mundo-afora?utm_source=newsletter_manha&utm_medium=09012012&utm_term=turbulencia+ameaca+futuras+ofertas+de+acoes+mundo+afora&utm_campaign=informativo&NewsNid=1173282
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