O xis da questão da administração das finanças
pessoais
De alguns anos para cá, muito tem sido escrito sobre o tema finanças pessoais: uma
série de livros foi publicada, assim como passaram a ser veiculados, nos mais diversos
meios de comunicação, informações, comentários e opiniões sobre esse tema. O
crescimento da economia brasileira e mundial nos últimos anos, associado a momentos
de bons ganhos nos mercados financeiros, também contribuiu para que o tema das
finanças pessoais estivesse cada vez mais na pauta do dia.
Tem-se, porém, a impressão de que muitas iniciativas de divulgação de informações
sobre o tema têm caráter pontual, focando um ou outro assunto mais específico. Nesse
sentido, há várias publicações sobre investimentos, algumas sobre administração de
finanças pessoais de forma ampla; outras seguem linhas de autoajuda, ao passo que
também se pode encontrar informações pontuais sobre previdência, seguros e
planejamento financeiro. Contudo, será que não existe algo anterior que culmine
justamente na necessidade de se conhecer, em um segundo momento, sobre tais
assuntos mais específicos?
Administrar os próprios recursos implica, antes de qualquer coisa, tomar decisões. Isso
advém do (aparentemente simples e óbvio) fato de que os desejos são ilimitados, ao
passo que os recursos são infelizmente finitos. Se queremos tudo, mas não temos
condições financeiras para isso, temos de tomar decisões, o que também remete a
outra (trivial) conclusão: alguns desejos serão satisfeitos, ao passo que outros ou serão
adiados ou simplesmente terão de ser deixados de lado.
A questão começa a complicar quando somos estimulados a consumir e a partir do
momento em que podemos nos remeter a artifícios financeiros para antecipar esse
consumo. Assim, utilizando as diversas formas de financiamento ao consumo (crédito
pessoal, cartão de crédito, cheque especial, parcelamentos), temos a sensação de que
se pode romper essa barreira da finitude do dinheiro e, com isso, satisfazer todos os
nossos desejos.
Às vezes, antecipar o consumo pode ser muito gratificante: como convencer um casal
de noivos a juntar dinheiro por muitos anos ainda para conseguir comprar a tão
sonhada casa própria em vez de acelerar essa compra por meio de um financiamento?
Sim, a antecipação do consumo faz parte da realidade e pode trazer muitos benefícios.
Volta-se, porém, o foco para a tomada de decisão, que precederá a utilização (ou não)
do crédito.
Neste sentido, há muitas informações sobre as linhas de crédito disponíveis para
financiamento habitacional. A partir do site de algumas instituições financeiras, é
possível inclusive fazer simulações do valor da prestação e praticamente contratar o
financiamento, bastando apenas uma visita ao gerente para a entrega de
documentação e assinatura dos contratos. Mas quanto da renda poderá ser destinada ao
pagamento da prestação? E, contratando um financiamento, será que haverá dinheiro
suficiente para satisfação de outros desejos ou será preciso abrir mão de alguns deles
ainda que temporariamente?
Da mesma forma, quando o assunto é investimento, não faltam informações sobre os
produtos financeiros disponíveis. É possível encontrar até mesmo dados sobre
estratégias sofisticadas para operações com instrumentos mais complexos. Brilha aos
olhos a possibilidade de ganhos elevados e aparentemente fáceis. Porém, será que o
risco não está demasiadamente alto para o investidor? Em outras palavras, se algo não
sair como o previsto, será que esse investidor superaria, em termos financeiros,
determinada perda? Sem dúvida, são decisões que devem ser tomadas antes mesmo de
se buscar informações sobre em quais produtos investir.
Lidar com o dinheiro também implica alguma preocupação com o futuro. Será que o
orçamento doméstico contempla a possibilidade de se formar alguma reserva financeira
para ser desfrutada no futuro quando chegar o momento de se aposentar ou mesmo de
desacelerar o ritmo de trabalho? Novamente, é possível encontrar diversas informações
sobre previdência, mas como mensurar o valor a ser aplicado, a quantidade de risco a
ser assumida e o tempo de aplicação são questões que devem ser decididas
previamente à escolha do produto que servirá como meio para atingir os objetivos
desejados.
Com isso, um aspecto muito importante na administração das finanças pessoais é a
tomada de decisão quanto ao destino dos próprios recursos. Como conciliar
necessidades básicas (alimentação, vestuário, moradia) com os desejos de consumo
sem, contudo, romper essa barreira da finitude do dinheiro? Um planejamento
financeiro bem elaborado pode ajudar à medida que contribui para estabelecer
prioridades ao longo do tempo, para adequar o risco à capacidade de cada investidor e
para que se possa encarar esse xis da questão de forma mais clara, tornando, assim, a
busca por produtos e serviços financeiros algo melhor embasado e coerente às
especificidades de cada um.
Caio Fragata Torralvo é consultor financeiro pessoal, professor da FIA e possui a
certificação Certified Financial Planner (CFP)
E-mail: caio.torralvo@financas saudaveis.com.br
pessoais
De alguns anos para cá, muito tem sido escrito sobre o tema finanças pessoais: uma
série de livros foi publicada, assim como passaram a ser veiculados, nos mais diversos
meios de comunicação, informações, comentários e opiniões sobre esse tema. O
crescimento da economia brasileira e mundial nos últimos anos, associado a momentos
de bons ganhos nos mercados financeiros, também contribuiu para que o tema das
finanças pessoais estivesse cada vez mais na pauta do dia.
Tem-se, porém, a impressão de que muitas iniciativas de divulgação de informações
sobre o tema têm caráter pontual, focando um ou outro assunto mais específico. Nesse
sentido, há várias publicações sobre investimentos, algumas sobre administração de
finanças pessoais de forma ampla; outras seguem linhas de autoajuda, ao passo que
também se pode encontrar informações pontuais sobre previdência, seguros e
planejamento financeiro. Contudo, será que não existe algo anterior que culmine
justamente na necessidade de se conhecer, em um segundo momento, sobre tais
assuntos mais específicos?
Administrar os próprios recursos implica, antes de qualquer coisa, tomar decisões. Isso
advém do (aparentemente simples e óbvio) fato de que os desejos são ilimitados, ao
passo que os recursos são infelizmente finitos. Se queremos tudo, mas não temos
condições financeiras para isso, temos de tomar decisões, o que também remete a
outra (trivial) conclusão: alguns desejos serão satisfeitos, ao passo que outros ou serão
adiados ou simplesmente terão de ser deixados de lado.
A questão começa a complicar quando somos estimulados a consumir e a partir do
momento em que podemos nos remeter a artifícios financeiros para antecipar esse
consumo. Assim, utilizando as diversas formas de financiamento ao consumo (crédito
pessoal, cartão de crédito, cheque especial, parcelamentos), temos a sensação de que
se pode romper essa barreira da finitude do dinheiro e, com isso, satisfazer todos os
nossos desejos.
Às vezes, antecipar o consumo pode ser muito gratificante: como convencer um casal
de noivos a juntar dinheiro por muitos anos ainda para conseguir comprar a tão
sonhada casa própria em vez de acelerar essa compra por meio de um financiamento?
Sim, a antecipação do consumo faz parte da realidade e pode trazer muitos benefícios.
Volta-se, porém, o foco para a tomada de decisão, que precederá a utilização (ou não)
do crédito.
Neste sentido, há muitas informações sobre as linhas de crédito disponíveis para
financiamento habitacional. A partir do site de algumas instituições financeiras, é
possível inclusive fazer simulações do valor da prestação e praticamente contratar o
financiamento, bastando apenas uma visita ao gerente para a entrega de
documentação e assinatura dos contratos. Mas quanto da renda poderá ser destinada ao
pagamento da prestação? E, contratando um financiamento, será que haverá dinheiro
suficiente para satisfação de outros desejos ou será preciso abrir mão de alguns deles
ainda que temporariamente?
Da mesma forma, quando o assunto é investimento, não faltam informações sobre os
produtos financeiros disponíveis. É possível encontrar até mesmo dados sobre
estratégias sofisticadas para operações com instrumentos mais complexos. Brilha aos
olhos a possibilidade de ganhos elevados e aparentemente fáceis. Porém, será que o
risco não está demasiadamente alto para o investidor? Em outras palavras, se algo não
sair como o previsto, será que esse investidor superaria, em termos financeiros,
determinada perda? Sem dúvida, são decisões que devem ser tomadas antes mesmo de
se buscar informações sobre em quais produtos investir.
Lidar com o dinheiro também implica alguma preocupação com o futuro. Será que o
orçamento doméstico contempla a possibilidade de se formar alguma reserva financeira
para ser desfrutada no futuro quando chegar o momento de se aposentar ou mesmo de
desacelerar o ritmo de trabalho? Novamente, é possível encontrar diversas informações
sobre previdência, mas como mensurar o valor a ser aplicado, a quantidade de risco a
ser assumida e o tempo de aplicação são questões que devem ser decididas
previamente à escolha do produto que servirá como meio para atingir os objetivos
desejados.
Com isso, um aspecto muito importante na administração das finanças pessoais é a
tomada de decisão quanto ao destino dos próprios recursos. Como conciliar
necessidades básicas (alimentação, vestuário, moradia) com os desejos de consumo
sem, contudo, romper essa barreira da finitude do dinheiro? Um planejamento
financeiro bem elaborado pode ajudar à medida que contribui para estabelecer
prioridades ao longo do tempo, para adequar o risco à capacidade de cada investidor e
para que se possa encarar esse xis da questão de forma mais clara, tornando, assim, a
busca por produtos e serviços financeiros algo melhor embasado e coerente às
especificidades de cada um.
Caio Fragata Torralvo é consultor financeiro pessoal, professor da FIA e possui a
certificação Certified Financial Planner (CFP)
E-mail: caio.torralvo@financas saudaveis.com.br
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