terça-feira, 26 de maio de 2009

Finanças Comportamentais (Behavioural Finance)

Finanças Comportamentais (Behavioural Finance)
As finanças tradicionais assentam na ideia de eficiência dos mercados. Segundo essa ideia, os investidores são racionais, lógicos e avessos ao risco. Nessa medida, se os investidores agirem de acordo com estas características, o preço de uma acção equivale ao seu valor, pelo que não há nenhuma estratégia de investimento capaz de bater o desempenho dos mercados.
Porém, a verdade é que somos irracionais. Dos estudos da psicologia desenvolvido nas últimas décadas quanto ao processo de decisão humano resultou que somos sistematicamente irracionais. A aplicação desta descoberta ao investimento resultou nas chamadas finanças comportamentais (behavioral finance).
Embora seja uma área estudada há já algum tempo, só nos últimos anos tem vindo a ganhar visibilidade, principalmente desde a bolha das tecnlógicas no início do século. Em 2002, o Prémio Nobel da Economia foi atribuído ao Professor de Princeton Daniel Kahneman, pelos seus trabalhos nesta área, que levaram a um entendimento diferente quanto ao desempenho das acções.
As finanças comportamentais têm demonstrado que os investidores são, na realidade, emocionais, tendenciosos, excessivamente confiantes e com uma visão distorcida das suas necessidades e objectivos. Este tipo de comportamento, praticado em massa, pode por vezes levar a bolhas nos mercados (por exemplo, a moda das Tulipas no século XVII) e alterações sazonais (por exemplo, o chamado efeito Janeiro ou Pai Natal).
Dois aspectos em concreto têm vindo a ser alvo de estudo. O primeiro está relacionado com o modo como o comportamento do investidor pode estar em desacordo com a lógica do mercado eficiente. O segundo com o modo como esses comportamentos levam os preços de mercado a afastar-se do seu valor fundamental ou íntrinseco.
Este ramo não é apenas uma discussão académica. Antes, as suas descobertas devem auxiliar os investidores a identificar e corrigir comportamentos que lhes podem sair bem caros. Como afirma Meir Statman, “we might lament the fact that people are attracted to lotteries, or we might accept it, and help people strike a balance between hope for riches and protection from poverty” (em Behavioral Portfolios: Hope for Riches an Protection fromPoverty).
Neste primeiro post sobre esta matéria, deixamos aqui alguns dos exemplos dos comportamentos dos investidores que normalmente conduzem à tomada de decisões erradas:
o investidor tende a focar-se demasiado nos investimentos que conhece melhor, construindo portfolios pouco equilibrados e mais arriscados;
o investidor não sabe tanto quanto aquilo que acha que sabe e confia demasiado nas suas capacidades;
o investidor tira conclusões para o futuro com base no passado recente com demasiada facilidade; o investidor reage rápido ou tarde demais a informação nova.

Conforme referiu o lendário investidor Warren Buffet em entrevista à Business Week em 1999, não é necessário ter uma inteligência fora do normal para se ser um bom investidor, antes “what is need is the temperament to control the urges that get other people into trouble in investing”.
Article printed from Analista Financeiro: http://www.analistafinanceiro.com
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